Estratégia de jogo: o que é e alguns exemplos na prática
Depois de proposta de jogo e modelo de jogo, desde um tempo, na imprensa sobre futebol, há um termo que tem aparecido com uma certa frequência que é estratégia de jogo. Seria ela diferente das demais? Como poder diferenciá-las dentro de uma partida de futebol?
Como este texto é sobre estratégia de jogo, as definições sobre proposta de jogo e modelo de jogo serão rapidamente expostas. Proposta de jogo é aquilo o que o time procura propor na partida. Normalmente, a proposta de jogo se resume em propor o jogo, que é quando o time prefere ter a bola para ditar o ritmo da partida, ou em ser reativo, que é quando a equipe procura não ter a bola e buscar o contra-ataque.
Já o modelo de jogo é a ideia que norteia a equipe em relação às quatro fases do jogo com a bola rolando. É como se houvesse uma ideia central que, então, todas as ações táticas em todos os momentos do jogo convergissem para que o time alcance o modelo de jogo.
Para você saber mais sobre as diferenças entre proposta de jogo e modelo de jogo, é só clicar no link do texto abaixo que é justamente sobre a diferença entre esses dois termos:
Após ter visto rapidamente o que são proposta e modelo de jogo, o que seria, afinal, estratégia de jogo? Estratégia de jogo é aquilo que é modificado taticamente para que as principais ações da equipe adversária sejam melhor neutralizadas ou usufruir de algo não tão bom no adversário. Vejam que na definição que estratégia de jogo está relacionado com a tática e o adversário. Vale notar de que nem sempre colocando uma estratégia de jogo o time adversário será mesmo neutralizado. Agora veremos em exemplos alguns tipos de estratégia de jogo com as suas contextualizações.
Alteração do esquema
Desde uns 20 anos atrás, mais precisamente na época em que Vanderlei Luxemburgo era um dos técnicos mais badalados do Brasil, na imprensa sobre futebol era muito comum aparecer um comentário: “ah, o que tal time precisa fazer para virar ou empatar esse jogo é alterar o esquema tático”. Alterar o esquema tático é sim uma forma de neutralizar e/ou usufruir de algo não tão bom do time adversário.
No entanto vale aqui um alento: alterar o esquema tático não é a única forma de alterar uma estratégia contra determinada equipe! O esquema, assim como já está sendo bem batido, é somente a maneira como os jogadores de um time se distribuem em campo e não indica mais nada além disso. Modelo de jogo, proposta de jogo, movimentações em cada fase de jogo, comportamento, intensidade… enfim, há muito mais no futebol do que somente o esquema tático!
Alteração de um jogador
Neste exemplo de estratégia de jogo está aquela situação de alterar um jogador para um outro posicionamento no esquema e/ou colocar um jogador em um posicionamento dentro do esquema tático da equipe. Esse tipo de estratégia de jogo acontece muito quando a equipe adversária tem um jogador que ataca muito, que é muito veloz e/ou que determinada movimentação adversária gera um espaço muito grande para usufruir.
Além dessas alterações nítidas de estratégia de jogo (troca de esquema tático, de posicionamento e de alteração de jogador), há algumas que são menos visíveis, pois são alterações de estratégia de forma mais abstrata do que palpável. Esses tipos de estratégia muitas vezes acontecem de forma coletiva e nas 4 fases de jogo com a bola rolando.
E agora, você se lembra lá no começo deste texto de que as finais da Taça Libertadores da América de 2017, pelo lado do Grêmio, há bons exemplos de estratégias de jogo? Vai ser neste tópico que as estratégias de jogo alteradas de uma partida para outra serão melhor detalhadas e mostradas como uma mudança de estratégia pode influenciar em um jogo.
Ação defensiva
A fase de jogo chamada ação defensiva é considerada quando um time está posicionado e organizado defensivamente para defender. Facilitando: é quando as linhas da equipe estão claramente montadas.
E agora quanto ao Grêmio nas finais da Libertadores: como o Lanús se movimentava constantemente em ação ofensiva e, principalmente, quando os extremos argentinos centralizavam se aproximando do centroavante, a linha defensiva do Tricolor Gaúcho se desfazia e pior: no primeiro jogo, os dois zagueiros gremistas saíam para acompanhar o adversário que se mexia.
Já na segunda partida, vendo essa situação ofensiva do Lanús, o técnico do Grêmio deixou as suas linhas mais atrás e, assim, de acordo com a baixa compactação da equipe, os volantes do Tricolor Gaúcho eram quem marcavam esses jogadores que centralizavam. Com isso, os zagueiros do Grêmio se mantinham posicionados e protegendo a zona mais perigosa.
Uma vez posicionado defensivamente, uma equipe passa a ter mais organização para todas as movimentações táticas defensivas. E no caso do Grêmio, uma movimentação alterada para a segunda partida contra o Lanús foi a subida da pressão.
A subida da pressão não uma ação tática unitária, mas, sim, em conjunto! Além disso, ela é realizada para pressionar o adversário com a bola e, também, para fechar as linhas de passes mais fáceis que o portador da bola tem. Para fechar essas linhas de passes, o time que sobe para pressionar acaba “abandonando” setores do campo com menos possibilidades de receber um passe (geralmente atrás da linha defensiva e no lado oposto da bola) para tirar essas linhas de passes fáceis e aumentar a chance de recuperar a bola.
Transição ofensiva
A transição ofensiva se caracteriza em cerca de uns 7 segundos após a roubada da bola e enquanto o adversário ainda não se posicionou defensivamente. Muitas vezes, a transição ofensiva coincide com um contra-ataque.
Uma vez que o Lanús pouco apertava após a sua perda da bola, ao ver esse padrão se repetindo também na primeira final, o Grêmio, para o segundo jogo da final, passou a ter opções mais curtas e se projetando em um próximo espaço vazio após a recuperação da bola.
Ação ofensiva
Esta fase de jogo é caracterizada quando o time está organizadamente posicionado para atacar.
Em relação às finais da Libertadores neste ano, como o Lanús se posicionava em um 4–1–4–1 compacto e que realizava uma forte flutuação defensiva para o lado da bola, Renato Portaluppi manteve as formações de triângulo, a opção longa com Barrios de costas e adicionou a amplitude em todos os seus ataques. Já que, assim, sempre haveria alguma opção no outro lado e que estaria livre para poder receber a bola.
Para resumir: estratégia de jogo é uma mudança tática individual ou coletiva de acordo com os pontos fortes e fracos que o time adversário apresenta. Como é uma mudança pontual, ao mudar uma estratégia de jogo, a equipe não altera o seu modelo de jogo! No caso das finais do Grêmio, em momento algum, o Tricolor Gaúcho deixou de querer ter a bola para abrir o sistema defensivo adversário e se defendendo de forma intensa, mas alterou algumas situações (estratégia de jogo) para aumentar as suas chances de vencer o torneio continental. Mudaram algumas estratégias, mas não mudou o modelo!
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