Roger Machado, um dos técnicos mais promissores da nova geração

Caio Gondo
4 min readSep 15, 2016

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Um dos técnicos mais promissores da nova geração, Roger Machado, após a partida diante da Ponte Preta, pediu demissão do Grêmio. Aparentemente, os resultados (sempre eles) não positivos não estavam agradando internamente e a opção foi a saída. Mas por que Roger pode ser considerado um dos técnicos mais promissores da nova geração? O que ele fazia antes dos treinos, nos treinamentos e o que refletia em campo?

Roger Machado, um dos técnicos mais promissores da nova geração.

Em suas entrevistas, Roger mostrava-se conhecedor da situação técnica e metodológica da maioria dos técnicos brasileiros, como você pode ver nesta entrevista para Leonardo Miranda, o blogueiro do globoesporte.com:

Além de ter consciência do cenário brasileiro, o ex-técnico do Grêmio era coerente no que dizia nas entrevistas e no que demonstrava em sua equipe em campo. Um exemplo de coerência sobre o que falava para o público e o que realizava em campo, têm a seguinte resposta para a entrevista anteriormente citada. No caso, a coerência está na marcação zonal realizada pela equipe.

Falou sobre marcação zonal, a equipe demonstrará em campo. Roger tinha coerência no que dizia e fazia.

Para haver essa coerência, Roger Machado havia estudado a maneira como os treinamentos atuais são realizados. Aspectos táticos de difícil compreensão rápida, como, por exemplo, a movimentação após o passe para o espaço vazio com intuito de manter a posse da bola, eram rapidamente realizada em campo porque Roger utilizava da periodização tática portuguesa.

A periodização tática portuguesa, basicamente, baseia-se em treinos com objetivos determinados, mas não os isolando do contexto do jogo e sempre procurando aspectos que formem o modelo de jogo do técnico. Nela, esses objetivos de cada atividade são treinados diante de oposição, companheiros e espaço determinado. Como há diversas variáveis em somente uma sessão de treino, os jogadores assimilam o quando, o porquê e o como realizar diversas movimentações em curto período de tempo. Um exemplo de treino do próprio Roger está adiante:

A partir do minuto seis do vídeo, todo o porquê do toca e movimenta anteriormente mostrado é justificado na atividade com oposição, companheiros e espaço determinado. Além disso, notem como a intensidade é trabalhada, pois a reposição de bola é imediatamente após ela sair pelos lados ou pelo fundo. Não há descanso!

Com tantos aspectos táticos trabalhados em uma só sessão de treino, os jogadores assimilavam rapidamente e mostravam em campo o que era treinado. Continuando com a mesma situação tática acima, a movimentação após o passe para o espaço vazio, um dos gols mais memoráveis do Grêmio sob o comando de Roger Machado é um grande exemplo do que o seu time era capaz.

Você lembra pelo vídeo acima que Roger havia treinado o passe e movimenta no espaço vazio com adversários, companheiros, espaço determinado e intensidade adversária? Pois é, com tanta similaridade com o jogo, os jogadores entendiam o quando, o porquê e o como se movimentar para manter a posse da bola e progredir com ela.

Como o modelo de jogo de Roger Machado era bem claro e treinado constantemente, ao mudar o esquema tático, a equipe apresentava as mesmas intenções. Do dia 24 de agosto até o dia 7 de setembro deste ano, o Grêmio iniciou as partidas no 4–3–1–2 em vez do tradicional 4–2–3–1 de Roger no Tricolor Gaúcho. E o que alterou no modelo de jogo? Quase nada! Pois tudo havia sido treinado e estava claro para os jogadores o quando, o como e o porquê fazer determinadas ações táticas.

Em quatro partidas, Roger Machado atuou com um losango no meio, mas o que isso afetou no todo do futebol do Grêmio? Quase nada! O time jogava da mesma maneira que foi treinado desde o início do trabalho de Roger.

O vídeo abaixo feito pelo Renato Rodrigues do DataESPN mostra abaixo dois exemplos de ações coletivas que independentemente do esquema tático que o Grêmio de Roger Machado realizava: a pressão logo após a perda da bola e a subida da marcação em conjunto. E no caso do vídeo, trata-se justamente da primeira partida que Roger havia usado o 4–3–1–2, ou 4–4–2 losango.

As ações coletivas eram realizadas independentemente do esquema, pois elas convergiam para o modelo de jogo que já havia sido treinado e estava claro para os jogadores gremistas.

Mas nem tudo eram flores. Claro. Neste ano, o Grêmio de Roger Machado sofreu diversos gols os quais colaboraram para os seus resultados não positivos e para o seu pedido de demissão. Muitos desses gols (veja a palavra muitos e não todos) foram através de escanteios. Jéssica Cescon, a blogueira do Blog do Torcedor do Grêmio no globoesporte.com , mostrou em um dos seus vídeos o como e o porquê dos tantos gols sofridos em escanteios.

Os gols sofridos em escanteios não era culpa somente de um ou de outro jogador, mas, sim, pelo modo e o posicionamento de como o Grêmio marcava.

Enfim, Roger Machado tem conceito, ideias e metodologias muito atuais de como praticar um futebol. Ele falava, treinava a sua equipe e ela demonstrava em campo o que foi dito a ela e para o público. Houve coerência do início ao fim do trabalho de Roger no Tricolor Gaúcho. Apesar de nem tudo ter sido só flores, o Grêmio demonstrava em campo muito do que está sendo praticado em campos de alto nível e quem corrobora comigo é Renato Rodrigues neste trecho deste post dele:

Infelizmente, Roger não teve tempo de Grêmio para poder brigar na parte de cima da tabela.

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Caio Gondo

Analista de desempenho do Goiás E.C., criador da página “Traduzindo o Tatiquês” e estou no Twitter como @CaioGondo