Eduardo Cunha, o ninja

Cedê Silva
3 min readJan 3, 2016

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Cedê Silva

13.outubro.2015

TODOS SABEM que Eduardo Cunha é o homem mais poderoso do Brasil, mas poucos sabem que ele é ninja. E também um grande jogador de Splinter Cell.

“Splinter Cell” é uma série de stealth games, ou seja, jogos de furtividade. O jogador entra em bancos, instalações militares, presídios, mansões e alguns dos lugares mais bem-protegidos do mundo sem ninguém perceber. Evita câmeras, hackeia os sistemas de segurança, distrai os guardas, apaga as luzes, realiza sua missão e sai de lá sem deixar rastros. No modo mais difícil, o jogador não pode encostar a mão em um inimigo sequer. Basta ser detectado para receber o “Game Over”. Este é o modo favorito de Eduardo Cunha.

Ao se acreditar na pauta ventilada pela nossa imprensa, Eduardo Cunha é não apenas imensamente poderoso, mas também incrivelmente furtivo. Em março, a famosa “lista do Janot” contava 47 nomes. Pelo que vimos nas últimas semanas, só um desses nomes importa: o de Cunha.

Isso não acontece, como podem acreditar os mais ingênuos, por alguma orientação política contra o homem que constitucionalmente tem a prerrogativa de encaminhar pedidos de impeachment contra a presidente Dilma. Nada disso. Na verdade, decorre da grande habilidade de Cunha no Splinter Cell.

Sozinho, sem qualquer ajuda ou orientação, Cunha se infiltrava à noite nas instalações da Petrobrás e de lá retirava tudo o que precisava, posteriormente mandando o produto para a Suíça. Cunha, pessoalmente, vestia-se de preto e evitava as câmeras, hackeava os sistemas de segurança, distraía os guardas, apagava as luzes, dava de comer aos cachorros. Se alguns poucos operadores sabiam do esquema, Cunha mandava totalmente neles. Ninguém no poder Executivo jamais soube de nada.

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A ideia de que Eduardo Cunha “nunca apoiou” Dilma é mais uma das teses orwellianas que certo partido cometeu e certa imprensa repercute. Para citar apenas um exemplo, Cunha apoiou fortemente Dilma contra Serra em 2010. Cito alguns tweets do deputado:

“Datafolha, igualmente a todos os outros institutos de pesquisa, confirma liderança folgada de Dilma.”

“Voto em Dilma está consolidado. Indecisos vão optar pela continuidade, o que, convenhamos, é o mais sensato.”

“O discurso da Pres Dilma foi excelente,tocou nos pontos certos e nao deixou de falar na liberdade de culto e de citar Deus.Parabens”

“@Raphael_Lacerda faco parte do gov Dilma,pedi voto , sou apoiador dela,mas isso nao quer dizer que nao posso criticar atos ou pessoas do gov”

Como uma verdade não fica mais verdadeira pela soma de exemplos, paro por aqui.

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Hoje (13 de outubro de 2015) os petistas comemoraram uma decisão do STF que deu MAIS poder a Eduardo Cunha. Com a tripla liminar concedida a um mesmo assunto (!), o plenário da Câmara não pode recorrer se seu presidente rejeitar um pedido de impeachment.

[nota: agora entendemos por que o governo Dilma não recorreu ao STF contra a avaliação do TCU. Estava guardando munição…. adiante].

Agora cabe a Cunha decidir, completamente sozinho, se acata ou não os pedidos. Sua decisão é monocrática e inapelável.

O petismo não deixa de ter suas profecias corretas, ainda que corretas porque auto-realizáveis. A partir de hoje, agora sim, Eduardo Cunha é o homem mais poderoso do Brasil.

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