O Eu do ano passado

Cerebelo
1 min readAug 24, 2016

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Toda vez que o Facebook me mostra alguma dessas lembranças que diz “Veja o que você estava fazendo há 2 anos atrás!”, eu penso “Eu, há dois anos, era uma anta”. Não importa o que acontece, todo ano que passa, ao lembrar de mim mesmo, minhas decisões, escolhas e valores do ano anterior eu percebo que era burro feito uma porta.

Apesar de ódio próprio ser pouco saudável, isso tudo é um bom sinal, quer dizer que evoluo meus valores e minha percepção de mundo a cada doze meses, então enquanto minhas memórias do Facebook me derem vergonha e vontade de esconder meu passado, estarei me tornando uma pessoa melhor.

Mas tem um problema ai. Isso quer dizer que hoje, eu sou o retardado do ano que vem. Daqui exatamente um ano estarei lendo isso e me sentindo extremamente envergonhado.

Portanto, já deixo aqui minhas sinceras desculpas a mim mesmo que estará vivo daqui um ano, mas não deixe você também de pedir desculpas, já que por acaso você é o imbecil para nós mesmos em agosto de 2018.

Ficou confuso né? Tudo bem, em algum desses anos, talvez eu não precise mais me envergonhar do ‘eu anterior’, não por ter finalmente atingido um modelo de existência final e irretocável, mas por ter morrido. Assim, esse ciclo de conviver com as consequências de minha burrice passada terá fim, só para mim, só para quem morre.

Quem continua vivo, continua burro.

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Cerebelo

A galinha atravessou a rua e foi atropelada, já na calçada, por uma bicicleta.