Sócrates e o movimento das “Diretas Já!”
Nos últimos anos do governo militar, o Brasil apresenta vários problemas. A inflação e a recessão apresentam números altos. Enquanto isso, a oposição ganha terreno com o surgimento de novos partidos e o fortalecimento dos movimentos sociais.
Em 1984, políticos de oposição, artistas, jogadores de futebol e milhões de brasileiros participam do movimento das Diretas Já, que clamava pela aprovaçao da Emenda Dante de Oliveira.
Proposta pelo deputado federal Dante de Oliveira em 1983, a emenda tinha o objetivo de reinstaurar as eleições diretas para presidente da República no Brasil, suspensas desde o golpe militar de 1964. Entre os anos de 1983 e 84, houve uma enorme pressão popular para que a emenda fosse aprovada. Conforme esse movimento civil em favor das eleições diretas foi se intensificando, foi batizada como “Diretas Já”.
Junto de diversas personalidades, como Fafá de Belém, Chico Buarque e Martinho da Vila, Sócrates se fazia presente e engajado no movimento que clamava pelo fim do regime militar.
Durante a mobilização da população para a aprovação da emenda Dante de Oliveira, o Doutor discursou em diversos comícios para milhares de manifestantes. A mais marcante presença de Sócrates se deu na maior das manifestações. No dia 16 de abril de 1984, mais de um milhão de pessoas se reuniram no Vale do Anhangabaú, no centro de São Paulo, exigindo eleições diretas para presidente.
Próximo de deixar o Corinthians para jogar no futebol italiano, o então camisa 8 alvinegro bradou que desistiria de rumar ao futebol europeu caso a emenda fosse aprovada.
“Caso a emenda Dante de Oliveira passe na Câmara dos Deputados e no Senado, eu não vou embora do meu país!”
A multidão, empolgada, aplaudiu o jogador, que estava no palanque ao lado de Casagrande, o locutor Osmar Santos e importantes lideranças políticas como Lula, Fernando Henrique Cardoso, e Tancredo Neves.
“Um, dois, três, quatro, cinco mil, queremos eleger o presidente do Brasil” — gritavam os manifestantes.
O resultado das Diretas Já
Apesar da pressão popular, a Emenda foi rejeitada na Câmara dos Deputados no dia 25 de abril de 1984. Com isso, a eleição para presidente da República no ano de 1985 foi novamente indireta.
Ainda que não tenham alcançado objetivo primordial das revindicações, os adeptos do movimento Diretas Já conquistaram uma vitória importante no ano seguinte.
No dia 15 de janeiro de 1985, o Colégio Eleitoral escolheria o deputado Tancredo Neves, que concorreu com Paulo Maluf, como novo presidente da República. Um dos líderes do movimento das Diretas Já, Tancredo fazia parte da Aliança Democrática — o grupo de oposição formado pelo PMDB e pela Frente Liberal. Maluf era candidato pelo PDS, antigo ARENA e partido do regime militar.
Era o fim do regime. Porém Tancredo Neves fica doente antes de assumir e acaba falecendo. José Sarney, então vice-presidente, assume o cargo. Em 1988, uma nova constituição é aprovada, apagando os rastros da ditadura militar e estabelecendo princípios democráticos no país.
