Percepções voluntariado RJ

Débora Ramos
3 min readSep 24, 2021

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Nesse mês de setembro resolvi viajar pela primeira vez realizando voluntariado pela plataforma da Worldpackers. Desde o fim da minha graduação em 2019 tinha o desejo de realizar uma viagem pela América do Sul porém com o coronavírus, que colocou o mundo de cabeça para baixo em 2020, resolvi adiar os planos e usei esse tempo para planejar a viagem pesquisando os lugares que gostaria de viajar, lendo sobre viagens de longa duração em site, blogs e assistindo vídeos no YouTube.

A proposta de viajem da Worldpackers me atraiu por proporcionar a troca de uma habilidade pela acomodação em um determinado lugar. Primeiro vi o benefício econômico, porém lendo e pesquisando mais sobre as viagens realizadas pela plataforma vi que tinham muitos outros benefícios como o aprendizado de línguas, novas habilidades como produção de conteúdo, fotografia ou culinária, além da troca entre o viajante e os anfitriões e locais que transformam a viajem tornando-a mais profunda, que possibilita um mergulho na realidade do lugar diferente de quando viajamos a turismo.

Com a diminuição das mortes e transmissões do vírus resolvi fazer um “teste” aplicando pela primeira vez para ver como seria a experiência e se realmente conseguiria me adaptar bem. Escolhi o Rio de Janeiro por ser próximo, já que moro em SP e a viagem até o RJ leva 6 horas, e por ser um destino com vários pontos turísticos conhecidos no mundo inteiro.

Apliquei para uma vaga em um hostel localizado na zona norte do RJ, no bairro do Grajaú que é bem residencial e tranquilo porém um pouco distante dos principais pontos turísticos. Ao chegar já gostei do clima do bairro, bem arborizado, com tudo bem próximo -mercado, farmácia, sacolão, shopping- e me senti acolhida pelos voluntários do hostel.

Me adaptei rápido a rotina do voluntariado, como tinham mais dois voluntários para dividir as tarefas não ficou algo pesado e quando vi já estava ambientada as tarefas e a rotina no hostel, me sentindo em casa. Nos primeiros dias procurei conhecer mais o bairro, andei bastante para ver onde ficava cada coisa e para me localizar.

A partir do terceiro dia passei de fazer passeios no centro e zona sul da cidade, algo bem fácil já que há várias linhas de ônibus que vão para essas regiões, a partir desse momento comecei a conhecer o Rio de Janeiro turístico, a cidade maravilhosa que encanta a pessoas no mundo inteiro e no começo, acredito que por conta da rivalidade RJxSP, fiquei com o pé atrás, comparando tudo, porém os dias foram passando e a cidade e seus moradores foram me conquistando e quando vi já estava apaixonada e não queria mais sair de lá.

Essa mistura de metrópole com natureza, duas características muito fortes que convivendo juntas conseguem harmonizar o caos e criar algo tão lindo é o que faz do Rio uma cidade diferente que encanta as pessoas que passam por ali. Observando os moradores locais dá para perceber que apesar de passarem por uma rotina pesada de trabalho, transporte público e tarefas domésticas, ainda vivem de forma leve, descontraída, no tratamento com pessoas próximas e desconhecidas, no apreciar do pôr-do-sol no final da tarde, ao ocuparem o espaço público seja para uma festa de aniversário ou para realizar atividades físicas.

Toda essa abertura e leveza me contagiaram e quando vi já estava me comportando diferente, fazendo e sendo uma pessoa que não era em São Paulo. E tudo isso só foi vivido dessa forma por conta do voluntariado, pelo contato com os voluntários que me contaram suas histórias e dividiram planos comigo, com os hóspedes e com a conexão maior com o bairro que fez com que pudesse conhecer um pouco mais de perto uma face distinta da cidade, aquela que não aparece nas novelas, a que vive a sua rotina longe dos pontos turísticos, porém inserida na realidade destes.

No final do voluntariado o que tirei como aprendizado foi como a troca é algo que pode nos enriquecer mais do que qualquer coisa, seja a troca de uma tarefa por uma acomodação, ou de uma história, massagem, comida, tudo isso agrega e fica marcado para sempre em nós. A minha outra percepção foi de que o Rio realmente é uma cidade maravilhosa, e que logo quero voltar para explorar mais das suas faces escondidas.

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Débora Ramos

Paulista periférica, Internacionalista formada pela Unifesp Osasco e recém mochileira.