há alguns dias fiz na redessocial a seguinte consulta: 1. você lê prosa contemporânea de ficção? e 2. se sim, pode me indicar UM livro de que tenha gostado muito — de preferência de uma autorA viva?
para minha alegria (mas não surpresa), logo muitas e muitos amantes de livros da minha rede responderam. a lista a seguir é uma compilação de suas ricas e diversas indicações, ordenadas por sobrenome da autora/autor.
agradeço muito a todas e todos que contribuíram com essa pesquisa breve e informal. espero que esta lista possa ser útil a outras pessoas que, como eu, desejem…
a primeira pessoa de quem me lembrei, ao saber da morte de aldir blanc, foi joão cândido :: joão cândido, o marinheiro que, no início do século XX, liderou a revolta da chibata — como ficou conhecida a incrível ação em que os marujos — em sua maioria negros — tomaram controle dos mais novos e poderosos navios da marinha brasileira :: o motivo? protestar contra suas más condições de trabalho, e exigir o fim dos castigos físicos aos marinheiros — a escravidão havia sido abolida; o chicote, não.
lembrei de joão cândido ao saber de aldir, porque foi por…
VIVEMOS NO FUTURO
fui criança no século XX. fui uma criança no brasil, no rio de janeiro, na zona sul do rio de janeiro, no século XX.
todas (“nem todas…”) as pessoas negras com quem convivia estavam em posições subalternas.
as crianças negras que havia nas escolas que frequentei eram tão poucas, que eram singularizadas por sua cor:
todas as (poucas) crianças e adolescentes negros com quem estudei tinham apelidos referentes à sua cor.
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quase todas as pessoas com quem convivia — e que não estavam ali a trabalho — moravam também na zona sul do rio.
só a…
há algumas semanas, pedi no facebook que me fossem indicados livros e filmes com narrativas de ritos de passagem (“coming of age”, com temas como adolescência, descoberta da sexualidade, socialização) com protagonista/sob o ponto de vista feminino, preferencialmente escritos/dirigidos por mulheres.
o tema me interessa há tempos, mas a vontade de fazer essa consulta veio quando, recentemente, li o (maravilhoso) “como ser as duas coisas”, da ali smith, e logo depois assisti ao (também excelente) longa “califórnia”, da marina person. …
me emocionei agora com a postagem de uma amiga, contando que parou de fumar há dez anos (!). a gente convivia muito há uns 20, quando eu morava em são paulo — e ela de fato fumava muito.
na época, eu namorava uma amiga dela, que também era fumante, e insisti muito pra que ela parece de fumar; em retrospecto, muitas vezes me censurei por isso — por achar que esse tipo de pressão é indevida, por ficar em dúvida se é querer interferir numa decisão do outro.
sempre gostei de fumantes. por isso mesmo, me aflige um pouco vê-los…
ferreira gullar morreu hoje, e eu aqui revirando a trajetória do charlie brown jr.
1. coisa de moleques
chorão (vocalista) e champignon (baixista) eram amigos de adolescência — ou quase: consta que, na primeira banda dos dois, chorão tinha 21 e champignon, 12 anos.
[quando montamos nossa primeira banda, eu tinha 17 e minha irmã Silvia tinha 13.]
2. sobre a imparcialidade
“chorão se desentendeu com marcelo camelo”, diz o artigo da wikipedia sobre o charlie brown jr.; “o vocalista marcelo camelo foi agredido pelo vocalista chorão”, diz o artigo da wikipedia sobre o los hermanos.
[os artigos também divergem…
sobre a mudança parcial das datas de prova do ENEM, feita pelo MEC como forma de pressão contra as ocupações — gerando tensão e transtorno para milhares de estudantes que prestarão o exame — , reproduzo aqui este breve diálogo entre uma aluna e um pm, anteontem, na ocupação no Colégio Pedro II, do Rio, unidade Realengo:
aluna— oi, cara, tudo bem? então, você não pode ficar dentro da escola, que é federal; o acordo era vocês ficarem só enquanto durassem os trâmites das eleições, e o TRE foi embora hoje ao meio-dia.
[na véspera, o CPII havia sido usado…
nas ocupações estudantis, aprende-se com a própria prática; é um saber construído, ativo — e, por isso, mais sólido. e são os alunos e alunas que organizam tudo, coletivamente. os professores que compreendem isso estão lá apenas para 1. servir de rede de apoio “adulta”/institucional (em grande parte, justamente, por a sociedade oficial insistir em não respeitar a voz dos/das estudantes) e 2. para aprender com seus alunos e alunas.
não seria ótimo se a escola pudesse ser sempre assim?
“espero que um dia a escola seja construída coletivamente, como estamos fazendo aqui; assim, quem sabe, a escola poderia ser…
música é sempre ao vivo. toda vez que a gente quer ouvir uma música, ela tem que soar, e decorrer no tempo (ou toda vez que a gente quer que mais alguém ouça, ou ouvir junto — já que a música pode também tocar só na nossa cabeça; mas aí já é outro caso).
no último mês (pouco mais, pouco menos) tive o prazer de fazer várias vezes uma das coisas que mais me fazem bem e me alimentam nesta vida: tocar ao vivo. mais que isso: de tocar em espaços, situações, para e com pessoas diferentes a cada vez.
…
deixa eu explicar: tem esse livro que escrevi, que vai ser lançado dia 13 de junho* pela Editora 7Letras; ele se chama OCUPA. (com ênfase no CU.)
*[UPDATE: o livro já foi lançado e pode ser encontrado AQUI e AQUI]
— mas, Dimitri, é uma crônica dos dias atuais?
não e sim. não, porque é um livro de poemas, e porque foi escrito entre dezembro e janeiro, reunindo escritos do ano passado e deste a outros anteriores.
e sim, porque foi escrito entre dezembro e janeiro, e trata do corpo político no espaço público; trata de autoconhecimento, auto-questionamento, empatia, identidades…
come vento, cospe som | textos sobre música, literatura & afins, geralmente em conversa com obras de outras pessoas. canções&videocanções: http://diahum.com