BELA BADERNA

INTRODUÇÃO

Escola de Ativismo
3 min readDec 21, 2016

Por Andrew Boyd & Dave Oswald Mitchell

“A salvação humana”, argumentou Dr. Martin Luther King Jr., “está nas mãos dos desajustados criativos”; e eventos históricos recentes provam que ele foi mais visionário do que nunca. De Montreal a Madri, da 350.org aos 99%, a percepção mais latente é a de que nossas ações, trotes, acrobacias, flash mobs e ocupações, se realizadas estrategicamente, podem resultar em uma verdadeira mudança no equilíbrio de poder. Um grande número de pessoas percebeu a efetividade das ações criativas — e começou a agir de acordo com essas ideias.

Em um formato resumido do livro original de 450 páginas (publicado em 2012), esta versão de bolso de Bela Baderna: Ferramentas para a Revolução (Beautiful Trouble: A Toolbox for Revolution) apresenta as principais táticas, princípios e conceitos teóricos que orientam o ativismo criativo, fornecendo ferramentas analíticas para que os ativistas aprendam com seus próprios erros e acertos. O livro é uma mistura de manifesto do ativista pregador de peças, manual de ação direta no estilo Greenpeace, e guia de treinamento para pedagogias e práticas emancipatórias e de organização das massas.

O ativismo criativo não tem fórmula mágica. Nós também não. O Bela Baderna é menos um livro de receitas prontas do que uma “linguagem de padrões”[1]. Ao invés de ditarmos rigorosos cursos de ação, nós oferecemos uma matriz de conceitos interligados e flexíveis, que os ativistas podem escolher e adaptar de forma única, de acordo com a situação que estiverem enfrentando.

O material do livro está organizado em três categorias diferentes de conteúdo:

Táticas

Formas específicas de ação criativa, como flash mobs ou ocupações.

Princípios

Percepções arduamente adquiridas capazes de orientar ou informar o planejamento de ações criativas.

Teorias

Conceitos e ideias gerais que nos ajudam a entender como o mundo funciona e o que poderíamos fazer para mudá-lo.

Cada módulo está ligado a módulos relacionados, tanto na versão impressa quanto na online, criando uma série de conceitos que podem se expandir infinitamente.

Nós convidamos os leitores a explorar nosso site, www.beautifultrouble.org, que é mais do que um apêndice do livro e, talvez represente a expressão mais completa deste projeto. De fácil navegação, o site apresenta todo o conteúdo do livro, além de material não incluído nas edições impressas, devido a restrições de espaço e tempo. Esperamos que o site cresça e se transforme em uma plataforma em que artistas e ativistas possam convergir para compartilhar ideias, arquivar estudos de caso e debater melhores práticas.

Com a participação dos leitores, o conjunto de práticas que constitui o Bela Baderna pode continuar a evoluir e se expandir, acompanhando os movimentos sociais emergentes e suas inovações táticas. Inclusive incluímos modelos de formulários no site para cada tipo de conteúdo, onde é possível submeter ou sugerir novos módulos.

Bela Baderna não é apenas um livro ou um site, mas também uma comunidade cada vez maior de ativistas experientes e artistas que estão usando o conteúdo do livro para treinar a próxima geração de baderneiros. No espírito do “faça você mesmo”, o site também oferece uma variedade de apresentações e currículos acessíveis para desenvolver seu próprio treinamento.

Milhões de pessoas ao redor do planeta despertaram não apenas para a necessidade de agirmos para reverter o agravamento da desigualdade e da devastação ecológica, mas também para nosso próprio poder criativo de fazê-lo. Você tem em suas mãos um extrato de ideias recolhidas daqueles que estão na linha de frente do ativismo criativo. Mas elas são apenas ideias e não passarão disso enquanto você não colocá-las em prática. Estamos ansiosos para ver o que você vai fazer com elas.

— Andrew Boyd & Dave Oswald Mitchell, Fevereiro de 2013

[1] O criador do conceito linguagem de padrões, o arquiteto Christopher Alexander, apresentou sua ideia pela primeira vez no livro Uma linguagem de padrões: Cidades, Prédios, Construção, de 1977, no qual ele procura desenvolver “uma rede de padrões interdependentes”, cada qual apresentando “uma solução perene para um problema recorrente no contexto de construção”. Desde então, linguagens de padrão têm sido desenvolvidas por campos tão variados quanto informática, mídia e comunicação, e trabalhos de processos em grupo. Embora não sigamos uma forma explícita de linguagem de padrões aqui, fomos inspirados por seu formato de ligação modular, sua estrutura orgânica expansível e pela natureza democrática de sua forma, que fornece ferramentas que podem ser adaptadas conforme as circunstâncias.

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Escola de Ativismo

A Escola de Ativismo tem a missão de fortalecer o ativismo no Brasil por meio de processos de aprendizagem. Site: http://ativismo.org.br