BELA BADERNA

PRINCÍPIO: A raiva funciona melhor quando se tem o moral elevado

Escola de Ativismo
2 min readDec 21, 2016

Com a contribuição de Joshua Kahn Russell

“A verdade vai te libertar, mas antes vai te deixar puto.” — Gloria Steinem

RESUMO
A raiva é potente. Use-a com sabedoria. Se você tem o moral elevado, isso é convincente e as pessoas vão se envolver. Se você não o tiver, você vai parecer um radical raivoso.

A raiva é uma faca de dois gumes. Ou talvez seja mais como uma mangueira de água: é cheia de força, difícil de controlar e é importante saber para onde está apontando.

Há uma distinção fundamental a ser feita entre indignação moral e moralismo. A indignação moral transforma a raiva em determinação, coragem e em poderosas afirmações de dignidade. Pense no movimento pelos direitos civis. O moralismo, por outro lado, é previsível e fácil de derrubar. Pense em jovens de 16 anos, mascarados, segurando uma faixa com a mensagem: “ACABE COM O CAPITALISMO E DEVORE OS RICOS”.

Você já viu a cena do filme “Malcolm X” onde um exército de pessoas indignadas se reúne e para em perfeita formação, com a postura perfeita, do lado de fora da prisão, para exigir a libertação do amigo delas? Foi muito foda! Todos de terno, parados como se fossem um só, e aquela disciplina comunicava claramente: “Estamos putos da vida, nós estamos certos, vocês estão errados, e vocês vão nos dar o que queremos”.

A integridade dá um significado profundo e força moral para a raiva. Nós nunca deveríamos parecer bravos só por estarmos bravos, mas sim por nos sentirmos genuinamente, relutantemente insultados, diante de circunstâncias ultrajantes. Em vez de reagir, nós respondemos. Em vez de atacar, nós nos mantemos firmes.

A raiva de Malcolm X foi resultado de uma vida de opressão e ele a manejava com disciplina e dignidade.

Claro que suprimir uma raiva legítima pode ser tão debilitante quanto desengatilhar reações por impulso. Setores da esquerda ficaram para trás porque temos medo de expressar ou canalizar a indignação popular. Incapazes de superar o desafeto generalizado, permanecemos marginais. Por outro lado, muitos movimentos de juventude se auto-marginalizam exatamente porque sua raiva não tem eco em outros espaços. Encontre o ponto de equilíbrio entre os dois.

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Escola de Ativismo

A Escola de Ativismo tem a missão de fortalecer o ativismo no Brasil por meio de processos de aprendizagem. Site: http://ativismo.org.br