BELA BADERNA

PRINCÍPIO: Pense narrativamente

Escola de Ativismo
2 min readDec 23, 2016

Com a contribuição de Doyle Canning e Patrick Reinsborough

RESUMO
Às vezes a melhor resposta a um inimigo poderoso é uma história poderosa.

Por mais que queiramos acreditar que os seres humanos são atores racionais tomando decisões baseadas em uma consideração sóbria dos fatos, a ciência cognitiva nos lembra que somos animais narrativos que captam o mundo por meio de histórias. Nós tomamos decisões mais com nosso instinto do que nossa cabeça, e os fatos, sozinhos, raramente são suficientes para mover a opinião pública. Por isso os atores sociais estão constantemente travando uma “batalha de histórias” para moldar a percepção do público.

A natureza desigual de nossa mídia e de nossos sistemas de comunicação veja TEORIA: O modelo da propaganda significa que os interesses financeiros sempre terão mais acesso aos canais — mas isso não significa que a história deles será mais criativa ou comovente. Podemos compensar um pouco dessa desigualdade não apenas nos tornando mestres em contar histórias, mas também pensando narrativamente. Ao olhar com atenção como História e poder estão sempre entrelaçados, podemos entender melhor como o poder político opera, e também como podemos confrontá-lo.

Pensar narrativamente significa que também estamos criando estratégias de maneira narrativa, e ouvindo de maneira narrativa. Ao planejar nossas ações e campanhas, precisamos sair um pouco da nossa própria perspectiva para analisar como o assunto é percebido pelos outros que não compartilham de nossas hipóteses. (Lembre-se: as pessoas respondem a uma história não pelo fato de ser verdadeira, mas porque é significativa para elas). Precisamos levar em consideração nosso público-alvo e construir nossa narrativa de campanha a partir dos elementos centrais que compõem uma boa história. Listamos aqui cinco para você ter sempre em mente:

Conflito

Qual é o problema ou conflito a ser solucionado? Como ele é representado e o que é deixado de fora nessa representação?

Personagens

Essa pode ser uma questão profunda de organização: Quem somos “nós”? Quem são os outros personagens nessa história? Os personagens falam por si ou alguém está falando por eles?

Imagens

Quais imagens têm o poder de ajudá-lo a contar essa história? Existe alguma metáfora ou analogia que poderia descrever o assunto? Uma boa história usa imagens e linguagem evocativa para mostrar o que está em jogo, ao invés de dizer ao público o que pensar veja PRINCÍPIO: Mostre, não conte.

Prognóstico

Qual é nossa visão de resolução para o conflito? Qual é nossa solução para o problema? Como evocamos essa resolução desejada sem entregar o final de mão beijada? veja TÁTICA: Intervenções visionárias

Suposições

Toda história é construída em cima de suposições omitidas. Às vezes a melhor maneira de desafiar uma história concorrente é expor e se opor a suas suposições não declaradas veja PRINCÍPIO: Torne visível o que é invisível.

Estes cinco elementos de uma história podem ser usados conjuntamente para conduzir uma análise do poder narrativo de uma narrativa dominante ou como apoio para a construção de uma narrativa de mudança. Expandir esses elementos conforme planejamos nossas campanhas também pode nos dar boas ideias sobre oportunidades estratégicas para ações ou intervenções.

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Escola de Ativismo

A Escola de Ativismo tem a missão de fortalecer o ativismo no Brasil por meio de processos de aprendizagem. Site: http://ativismo.org.br