BELA BADERNA

PRINCÍPIO: Escolha táticas que apoiem sua estratégia

Escola de Ativismo
3 min readDec 23, 2016

Com a contribuição de Janice Fine

“Se você não tem uma estratégia, você é parte da estratégia de alguém.”

— Alvin Toffler

RESUMO
Não deixe que uma tática individual o desvie da estratégia maior. Estratégia é seu plano geral, e as táticas são as coisas que você faz para realizar o plano — uma distinção crítica na hora de montar campanhas eficazes.

Estratégia envolve identificar o poder do seu grupo e, em seguida, encontrar maneiras específicas de concentrá-lo a fim de atingir seus objetivos[1]. Organizar um comício, por exemplo, não deve nunca ser pensado como uma estratégia. É uma tática. Antes de identificar táticas apropriadas, você precisa identificar seu oponente e descobrir qual seu poder contra ele.

Para desenvolver uma estratégia, é preciso:

· analisar o problema;

· identificar seu objetivo (formular suas demandas);

· entender o seu oponente[2] — quem tem o poder de atender suas demandas;

· identificar formas específicas de poder que você tem sobre seu oponente e como concentrá-lo para obter seu maior efeito.

Se o seu oponente é um parlamentar de quem você precisa do voto para aprovar um decreto sobre salário mínimo, táticas que concentrem seu poder devem envolver ou influenciar eleitores da base dele, de alguma maneira.

Se o seu oponente é um banco que está executando hipotecas, táticas que concentrem seu poder devem envolver ou influenciar clientes ou reguladores do banco.

Dentro dessa estrutura, as táticas são atividades específicas que:

· mobilizam um tipo específico e uma dada quantidade de poder;

· são direcionadas a um oponente específico;

· têm a finalidade de alcançar um objetivo específico.

Ao escolher uma tática, você sempre deve ser capaz de responder à pergunta: “Qual é o poder por trás dessa tática?”. Em outras palavras, como essa tática lhe dá influência sobre seu oponente?

Nós usamos as táticas para demonstrar (ou inferir) um certo tipo de poder. Por exemplo, quando fazemos uma ação contra uma empresa específica, nosso poder básico é econômico — tem que lhes custar tempo ou clientes. É por isso que a intervenção importa. Se nosso oponente é um representante eleito, nosso poder básico é político — nossa tática deve lhes custar contribuições ou votos. (O poder de “envergonhar” só é eficaz se a exposição custar dinheiro ou votos ao seu oponente, fazendo com que seus eleitores e doadores questionem sua legitimidade moral. O constrangimento por si só não é uma forma de poder).

Na mobilização da comunidade, o poder pode ser dividido em duas categorias maiores:

Poder estratégico

Poder que é forte o suficiente para ganhar a questão.

Poder tático

Poder que pode te mover em direção ao seu objetivo e te ajudar a progredir, mas que não é decisivo por si próprio.

Uma vez entendido com que formas de poder podemos contar, estamos prontos para desenvolver nosso plano de campanha.

Uma campanha é uma série de táticas colocadas em prática ao longo de um determinado período de tempo, cada qual compondo a força da organização e colocando pressão crescente sobre o oponente até que ele ceda às suas demandas específicas. Uma campanha não é uma série de eventos sobre um tema comum; é uma série de táticas, cada uma escolhida cuidadosamente por seu poder de aumentar a pressão sobre o oponente ao longo do tempo. Todas as táticas estão conectadas, e cada uma é escolhida com base em quanto trabalho é preciso para realizá-la e quanta pressão ela será capaz de exercer.

Uma campanha não é interminável; ela tem começo, meio e fim. Ela termina, idealmente, com uma vitória específica: as pessoas conseguem algo que elas queriam ou precisavam, e/ou o oponente concorda em fazer alguma coisa que ele se recusava a fazer.

[1] O autor deseja agradecer à Midwest Academy e à Northeast Action, que ajudaram a desenvolver o currículo usado como base para este módulo.

[2] Muitas vezes, é importante identificar “oponentes secundários”. São indivíduos que têm poder significativo sobre seu oponente e sobre quem você tem mais poder do que sobre seu oponente principal.

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Escola de Ativismo

A Escola de Ativismo tem a missão de fortalecer o ativismo no Brasil por meio de processos de aprendizagem. Site: http://ativismo.org.br