BELA BADERNA

TEORIA: Lógica de ação

Escola de Ativismo
3 min readDec 25, 2016

Com a contribuição de Andrew Boyd e Joshua Kahn Russell

“Ações falam mais alto que palavras.”— Lema da Ruckus Society

RESUMO
Suas ações devem falar por si mesmas, ser de fácil e imediato entendimento para os espectadores e ter uma lógica óbvia para quem está de fora.

ORIGENS

Movimento pelos direitos civis, Estados Unidos

Alguma vez você já olhou para um protesto e se perguntou por que diabos essas pessoas estão tão bravas? Talvez seja um bando de garotos bloqueando um cruzamento. Quem são eles? O que eles querem?

Com uma boa lógica de ação, ninguém precisa fazer essas perguntas; uma pessoa de fora pode ver o que você está fazendo e entender imediatamente por que você está fazendo aquilo. Por exemplo, pessoas que resolvem subir em árvores e ocupa-las para impedir que a floresta seja derrubada — a lógica é clara e óbvia. A ação fala por si.

A lógica da ação cria histórias poderosas, que tocam corações e mudam mentes. Não só é verdade que ações falam mais alto que palavras mas, principalmente em um ambiente de mídia hostil, quando a mensagem dos ativistas é facilmente deturpada, é importante que nossas ações falem por si. Pode parecer paradoxal, mas demanda muito trabalho e cuidado planejar ações que façam sentido intuitivamente.

Ações de desobediência civil — por exemplo, os sit-ins de negros nos restaurantes e cafés durante o movimento americano pelos direitos civis — tendem a ter uma lógica de ação inerente porque seu propósito é violar uma lei injusta para destacar exatamente aquela injustiça. No entanto, outras formas de ação direta, que violam leis que não têm relação com o seu objetivo, geralmente precisam de um trabalho extra para encontrar uma lógica clara de ação.

Ações comunicativas ver TEORIA: Ações expressivas e instrumentais também precisam promover a lógica da ação. Acampamento Casey (Camp Casey) — quando Cindy Sheehan acampou do lado de fora do rancho onde Bush passava as férias, até que ele fosse lá explicar por qual “causa nobre” seu filho Casey, veterano do Iraque, tinha morrido — teve uma lógica de ação poderosa. Assim como as mães solteiras em Rhode Island que, para pressionar um funcionário da agência pública de habitação por uma creche, não apenas ocuparam seu escritório, como trouxeram seus filhos com elas e, por algumas horas, transformaram seu escritório na creche de que tanto precisavam.

Em uma perfeita demonstração de “lógica da ação”, estudantes de diferentes raças ocupam a área reservada para negros em uma lanchonete em Jackson, Mississipi, em 1960. Foto de Fred Blackwell. Cortesia da Biblioteca do Congresso Americano.

A maioria das ações bem-sucedidas têm esse tipo de lógica inerente, transparente. Elas falam por si. Quando sua ação tem esse tipo de clareza em sua essência, não importa como o alvo responda ou como as coisas aconteçam, ela vai continuar cumprindo seu objetivo e fazendo sentido para os espectadores.

APLICAÇÃO MAIS FAMOSA: Os sit-ins nos cafés e restaurantes durante o movimento pelos direitos civis tiveram uma lógica de ação memorável. Quando a segregação legal entrou em vigor, estudantes brancos e negros violaram a lei sentando nos balcões durante o almoço, esperando serem servidos. Qualquer pessoa de fora que olhasse a ação imediatamente saberia por que eles estavam ali. Eles não precisavam carregar cartazes. Na verdade, sua ação prenunciava a vitória e refletia o mundo no qual queriam viver: eles estavam vivendo a integração que queriam.

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Escola de Ativismo

A Escola de Ativismo tem a missão de fortalecer o ativismo no Brasil por meio de processos de aprendizagem. Site: http://ativismo.org.br