Gabriel Galli se diz "chocado" com a popularidade de Jair Bolsonaro
Em coletiva de imprensa concedida na PUCRS, jornalista firmou seu posicionamento sobre as causas LGBT.

Coordenador do SOMOS, organização não governamental em prol dos direitos humanos, com ênfase em comunicação, saúde e sexualidade, e co-fundador do FREEDA, aplicativo que garante selo a estabelecimentos que promovam a igualdade entre os gêneros, o jornalista Gabriel Galli conversou com os alunos de Produção em Jornalismo Online da PUCRS na manhã desta quarta feira. "A Freeda é uma iniciativa que valoriza quem quer fazer algo positivo"” disse Galli, explicando o processo que as empresas passam para a adesão ao projeto, que inclui um curso de capacitação para lidar com o público, estudo de estratégias de marketing para que os estabelecimentos não pequem com campanhas que apresentem aspectos discriminatórios.

O jornalista, formado na Famecos (Faculdade dos Meios de Comunicação Social da PUC-RS), disse se sentir representado pelo Deputado Federal Jean Wyllys (PSOL-RJ), e entender o episódio do cuspe no Deputado Federal Jair Bolsonaro (PSC-RJ), durante a sessão do impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff. "Eu entendo muito bem a posição dele. Nem sempre a gente pode reagir de uma forma agressiva, mas não é fácil você ficar nessa postura. O que é um cuspe perto da agressao que pessoas LGBT`s sofrem todos os dias?", questiona Galli.
O coordenador da Somos, aliás, criticou Bolsonaro quando perguntado sobre a recente pesquisa, divulgada pelo Datafolha no início da semana, e que coloca o atual parlamentar como o segundo mais lembro na intenção de voto para a eleição presidencial de 2018. Galli admitiu estar preocupado com o crescimento de Bolsonaro nas pesquisas. "Isso mostra um crescimento da base eleitoral de uma pessoa que tem um discurso completamente problemático, que faz discursos discursos racistas, homofóbicos e discriminatórios. Me deixa chocado", revelou.

As diferentes abordagens que religiões dão aos assuntos ligados à diversidade também foram destacadas por Galli. O jornalista contou que participou do processo de catequização da Igreja Católica, mas destacou a fé africana como exemplo a ser seguido. "Eu sei que a Igreja Católica não lida muito bem com essa questão (da diversidade de gêneros). É curioso como a Umbanda e outras religioes de origem africana aceitam LGBT`s. Tenho vários amigos que se aproximaram destas correntes que não se importam com aquilo que você é para participar dos cultos e coisas do gênero", falou o entrevistado.
Galli também citou a importância de haver representatividade de LGBT's em novelas e em séries. Em comparação, diz que as produções brasileiras geralmente ficam com papéis ou de vilões ou de comédia, de forma escrachada, o que faz com que esse público seja melhor representado em séries internacionais de grande visibilidade, como Orange is the New Black e 13 Reasons Why.