Hackearam o Seu Cérebro.

Filipe Deschamps
14 min readAug 27, 2020

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Ou você aprende a controlar isso pra criar coisas, ou vão te controlar pra consumir coisas e a explicação é bem simples:

Tem uma parte dentro do meu e do seu cérebro chamada “Núcleo Accumbens”, que fica na porção frontal da base dele. Essa parte do nosso cérebro, quando estimulada com um neurotransmissor chamado “Dopamina”, gera — em nós dois — a sensação de prazer e de se sentir bem com a vida.

Isso mesmo, esse negócio é um mecanismo! Não dá para dizer que é “mecânico” porque é tudo biológico, mas sim, é praticamente um efeito mecânico. É um circuito, e esse circuito é considerado o “Centro do Prazer” do nosso cérebro.

Só que tem um grande problema, um problema extremamente perigoso… que, inclusive, eu tenho certeza que você está sofrendo com ele assim como eu também estou.

E o problema é que esse circuito está diretamente conectado com outro, o chamado “Reward Circuit” ou “Circuito da Recompensa”, que também está super relacionado a você achar que tem preguiça de fazer as coisas, mas que não é preguiça não! Existe uma explicação científica para o que está acontecendo e a gente já vai chegar lá. Inclusive, nós vamos ver como consertar isso.

Clique no play acima para ver sobre o tema deste artigo em formato de vídeo, caso seja da sua preferência.

Antes de mais nada, é importantíssimo notar que, quem joga muito vídeo game ou acessa muito as redes sociais passa por 3 fases muito nítidas:

Fase 1 — A primeira fase acontece quando você começou a jogar um jogo pela primeira vez ou acabou de entrar em uma rede social onde é tudo muito novo, muita coisa interessante acontecendo. Você fica vidrado e tudo isso faz você conseguir acessar “picos de prazer”… (guarde essa última informação).

E como é que essas coisas conseguem ser divertidas no final das contas? Como que um jogo consegue gerar essa sensação dentro do seu cérebro de fato? Bom, a resposta está no jeito que ele foi arquitetado para você interagir com ele.

Isso não é segredo pra ninguém na indústria de jogos ou apps… eles são arquitetados de uma forma brilhante para o seu corpo liberar dopamina. Inclusive, mais pra frente neste artigo, eu vou mostrar quais circuitos do cérebro, os jogos e apps hackeiam, é sensacional.

Mas antes, é tudo muito simples: se um jogo ou app consegue estimular a liberação da dopamina no seu cérebro, você simplesmente vai achar ele divertido e ponto final, não tem nada de mágico. Na verdade, se você se aprofundar um pouco mais em neurociência você vai aprender que a dopamina é liberada pra dizer pro cérebro:

“Se prepara quem tem coisa boa vindo aí…”

E inclusive, isso está conectado com a nossa memória, mas vamos primeiro ver a situação em uma camada de abstração anterior pois fica mais fácil, até porque a sua relação com a dopamina não termina por aqui, olha que perigoso que fica:

Fase 2 — Depois de alguns meses, você entra na segunda fase em que você continua jogando normalmente ou vendo o número de likes subir na foto que você postou… e o seu cérebro se adapta a essa quantidade de dopamina que está sendo constantemente liberada.

Isso é feito através de inúmeros processos fisiológicos de auto-regulação e balanceamento do cérebro até você atingir o estágio de Homeostase, que é um estágio de equilíbrio, e que é genial porque isso está totalmente relacionado a nossa capacidade de tolerância.

Um exemplo clássico disso é quando uma pessoa, que nunca bebeu álcool na vida, toma um único copo de cerveja pela primeira vez e se sente bêbada… quase que instantaneamente! O interessante é que tanto o álcool como outras drogas tem esse poder direto de estimular a liberação de dopamina no cérebro, e é por isso que as pessoas utilizam disso pra se sentir bem, ou pelo menos no começo… Olha que interessante: Se essa mesma pessoa continuar ingerindo álcool, os processos fisiológico de auto-regulação vão ser ativados para o corpo voltar ao estágio de homeostase e, com isso, fazer o corpo conseguir voltar a realizar as suas funções normalmente.

É por isso que você vai adquirindo tolerância e eventualmente, você precisa de cada vez mais de álcool para se sentir alegre, independente desse álcool vir da cerveja, da cachaça… tanto faz!

O seu corpo se torna menos sensível, mais resistente a essa substância.

No caso da dopamina acontece a mesma coisa! É até como se ela fosse uma “caixa de som” que está volume no talo, e o núcleo accumbens começasse a tapar os ouvidos. E daí se você está se perguntando se ele também para de escutar tudo ao seu redor, a gente já vai falar sobre esse fenômeno e vai ser divisor de águas na sua vida.

Então, vídeo games ou apps desencadeiam um comportamento muito similar no nosso cérebro. Quando você usa eles pela primeira vez, na Fase 1, o seu corpo não está acostumado com aquela quantidade de estímulos, a sensibilidade do núcleo accumbens está muito alta para aquela quantidade de dopamina.

Mas na Fase 2, o cérebro começa a criar tolerância. Então, mesmo que o jogo esteja estimulando a liberação da dopamina a todo momento, o seu cérebro escolhe ficar menos sensível ao estímulo.

E como consequência, os jogos ou apps começam a ficar menos divertidos… ou, pelo menos, eles não geram tantas emoções boas quanto antes.

Então, nessa segunda fase, apesar de não ser mais possível atingir um “pico de prazer”, você pelo menos consegue remover ou compensar um “vale de tristeza”.

E eu sei que é muito comum pra mim e pra você, quando a gente está meio estressado, chateado ou frustrado com alguma situação, se a gente começar a jogar vídeo game ou dar aquela passada no feed de alguma rede social, existe uma chance dessa sensação negativa ir embora… pelo menos um pouco.

Então enquanto a Fase 1 consegue gerar sensações positivas em nós, e a Fase 2 consegue remover sensações negativas, se nós continuarmos jogando ou navegando em redes sociais como dois malucos, existe uma alta probabilidade de a gente entrar na:

Fase 3 — Onde nem mais remover as sensações negativas ela consegue.

Se encontrar nessa posição é horrível. Meio que você se sente preso. Já não é mais divertido abrir o Instagram e ficar lá vendo fotos ou entrar no Twitter, Facebook, tanto faz… Inclusive, muitas vezes isso acaba só te irritando ou te deixando mal, mas mesmo assim… você não consegue não fazer aquilo. Você não consegue parar.

E é nesse momento que você pode ter atingido um vício biológico, que pode ter um impacto negativo não somente nesse tipo de tarefa, mas em todas as outras que você precisa fazer, algumas delas urgentíssimas inclusive.

É importante notar que eu não estou em nenhum momento crucificando jogos ou demonizando as redes sociais… eu adoro jogar e eu sou viciado em Zelda e Mario Kart.

Todo esse conteúdo foi apenas uma pesquisa minha pra descobrir, cientificamente, porquê certos comportamentos estão tão fortes na nossa geração e por sorte perceber uma coisa que tava na minha cara esse tempo todo, que foi descobrir que os vídeo games me ensinaram a concluir qualquer projeto na vida. E eu falo isso porque muitas vezes, pra você ter sucesso em certas coisas, é preciso antes domar as coisas que te levam para o fracasso, e uma delas se chama “Dopamine Exhaustion” ou “Exaustão de Dopamina”.

Você já parou pra pensar como que diabos você tem coisas pra fazer, coisas importantes, mas você não consegue fazer elas? Você está consciente, mas quase que sem poder sobre o próprio corpo? Já sentiu isso?

Você sabe que precisa se comportar de forma diferente, mas não consegue. Você precisa terminar tal negócio, mas o corpo vai lá, igual a um robozinho, a procura de um "shot" de dopamina fácil no jogo ou no Instagram, Facebook, Twitter…

E daí muitas vezes você chega à conclusão de que…

“Ah, deve ser porque eu sou preguiçoso… só deve ser isso”

Não mesmo! Você está errado. Esse fenômeno é o “resultado”, e você nunca parou pra analisar qual a sua “origem”.

E sabe onde o negócio afunda legal e você se sente completamente perdido? Quando você decide dar um basta nesse treco todo e decide substituir o jogo ou app por outra coisa… mas daí você nota que essa outra coisa não tem mais tanta graça.

Não sei se você já percebeu, mas quando você atinge esse estágio, outras coisas que normalmente você achava legal fazer, não são mais tão legais quanto antes… e isso é um problema muito grande!

E não deixa de ser o esperado. Lembra que o seu sistema principal que regula o prazer está de ouvidos tampados? E, infelizmente, também é nesse momento que você acaba concluindo de forma errada que possivelmente você não gosta mais de certas coisas… não gosta de sair de casa, de fazer tal atividade, não é algo mais tão divertido como antes.

Qualquer coisa não vai ser mais tão divertida, tão prazerosa, quando você está sofrendo de exaustão de dopamina.

Mas a boa notícia é que se recuperar disso é relativamente simples. Só que nesse ponto deste artigo eu vou colocar um asterisco gigantesco que vai se conectar com uma mensagem importante no final do artigo. É importante ler até lá, fechado?

Então, antes de mostrar como que eu uso esses conhecimentos pra conseguir concluir qualquer projeto na minha vida, é importante se recuperar da exaustão da dopamina e o primeiro passo é justamente aceitar que, durante esse processo, várias coisas que naturalmente geram prazer, não vão estar gerando tanto assim.

Na verdade, elas vão estar gerando, é só você que não vai estar conseguindo sentir. E para voltar a sentir, é necessário se afastar o suficiente das coisas que geram a exaustão da dopamina em você.

E isso é difícil de fazer, mas se afastar é uma das formas de "resetar" a resistência à dopamina e fazer o seu cérebro trabalhar ao seu favor pra atingir de novo a homeostase. Isso pode durar de 3 semanas a dois meses, onde em 3 semanas os efeitos já são notáveis.

Então, se você se pegar “sacando” o celular do nada e nem sabe porquê, e você não está mais fazendo isso de forma 100% consciente e presente, aceite o desafio de revisitar o que está acontecendo nesse ponto da sua vida e tente reprimir pelo menos um pouco esse impulso. E esse desafio serve pra mim também, viu? A gente está literalmente junto nessa. Eu me vejo a toda hora pegando o celular por nenhum motivo… na verdade eu invento um motivo depois, e muitas vezes o que eu faço é caçar alguma mensagem não lida, ver as estatísticas do canal… eu fico pulando de um galho para o outro sempre na busca daquela dopamina "facinha". E só pelo fato de, quando vem o impulso, eu me segurar e pensar duas vezes no que eu estou fazendo — e é uma batalha boa tá — , aos poucos eu comecei a ter mais prazer em completar as tarefas “chatas” do dia a dia.

Uma coisa que me marcou foi que eu estou jogando hoje um jogo chamado Graveyard Keeper, que é tipo um Stardew Valley só que macabro, e lá tem uma parte em que você pode preparar um bolo que recupera a sua energia. E aí o que me deixou pensando é que, em pouquinhos minutos ali, clicando em, no máximo, dois botões diferentes, eu estava com um bolo pronto! E o problema é que eu tava com a sensação de triunfo preenchida.

Olha que perigo! Eu não fiz bolo nenhum. É um pixel art de um bolo na tela! E sabe porque isso é tão massa e tão perigoso? Porque o jogo hackeou o meu “Triumph Circuit” ou o “Circuito do Triunfo”.

A função principal desse circuito é fazer o corpo se sentir bem quando a gente supera um desafio. E é estranho né, você já parou pra pensar porque diabos o corpo se sente bem depois de, por exemplo, matar um chefão, passar daquela fase difícil ou marcar todos os emails como lidos? Qual a explicação desse comportamento estar dentro de nós? Qual a explicação do ser humano buscar, quase que por natureza, um “desafio” seguido de uma “conquista”?

E a explicação é massa, mas a gente precisa voltar milhões de anos atrás, lá no tempo em que o ser humano morava nas cavernas, e levar em consideração a Biologia Evolutiva da coisa toda.

Então, nessa época era muito comum um grupo de seres humanos dominarem um certo território e dele colher as frutas que tinham para serem colhidas, comer os animais e controlar as ameaças naquela área. E isso acabava se tornando um espaço conhecido, seguro.

Mas alguns desses seres humanos nasciam com a necessidade de explorar, de ir atrás de algo a mais, de ver o além… era algo incontrolável. E que bom! Principalmente pelo fato de que, naquela área, a comida podia acabar a qualquer momento. Só que explorar o desconhecido, as partes perigosas da floresta, era um desafio real…essa pessoa corria o risco de ser comida viva e não voltar mais, de verdade! Mas… se ela não fosse comida viva, existia uma alta probabilidade dela voltar com mais comida, pois ela havia navegado por uma parte da floresta com recursos ainda não explorados. E quando ela de fato enfrentava esse desafio e voltava com mais comida, essa pessoa era recompensada, e as outras pessoas da tribo também ficavam felizes.

Toda essa história, acontecendo de forma repetida e por muito tempo, se você analisar pela ótica da Biologia Evolutiva, teve um impacto muito grande em como psicologicamente a gente reage a pessoas que se desafiam no desconhecido e tem êxito.

Nós naturalmente valorizamos pessoas que sobrevivem a adversidades, quaisquer que sejam elas, porque isso está diretamente relacionado com o "Circuito do Triunfo" que ficou no nosso cérebro.

Você não valoriza ou nem se impressiona que, uma pessoa rica ficou ainda mais rica… mas fica impressionado quando uma pessoa que nasceu sem nada acaba se desafiando e conquistando muito. Você não teve aulas na escola pra aprender a ter esse tipo de reação quando essas coisas acontecem, você já nasceu com isso. Então, naturalmente, quanto maior o desafio que você conseguir ultrapassar, maior a sua sensação de triunfo e maior o reconhecimento ao seu redor.

E os jogos mataram a pau nisso, os que realmente fizeram o seu “trabalho de casa”, vamos dizer assim, porque jogos que são muito fáceis não engajam ninguém, eles não chegam a ativar esse circuito. Então os jogos realmente bons foram aqueles que conseguiram acertar na lata o tamanho do desafio, e isso é muito perigoso, muito mesmo, porque o "Circuito do Triunfo" existe e foi projetado para que os seres humanos consigam conquistar algo de valor real na vida.

E novamente, a nossa espécie valoriza pessoas que conseguem superar desafios.

A gente pode se desapontar com outras coisas que que uma pessoa fez, e isso vai gerar um conflito interessante dentro de você, mas naturalmente esse respeito surge, irracionalmente, mesmo que o desafio tenha sido difícil somente pra ela, no contexto dela. E numa visão evolutiva, isso é ótimo, porque se a gente está recompensando pessoas que estão se “arriscando a trazer mais recursos para a tribo”, todo mundo sai ganhando, não é mesmo?

Só que no caso dos vídeo games, eles hackearam esse circuito… eles de uma forma sensacional projetam as fases, os chefes e os desafios para você artificialmente gerar a sensação de ter conquistado algo de concreto lá dentro do seu cérebro.

E o problema disso é que foi ativado dentro de você o Circuito do Triunfo, sem isso se correlacionar de 1 pra 1 com uma conquista no mundo real.

Sim, neurologicamente, o grau de conquista que você sente por causa do jogo é muito próximo ao grau de conquista que você sente enfrentando e conquistando um desafio na vida real. E isso é muito perigoso por causa de um detalhe que fez explodir a minha cabeça:

É muito perigoso você sentir o estímulo de que conseguiu superar um desafio de conquistar algo desconhecido ou perigoso quando, na verdade, esse exato desafio foi projetado para você ganhar dele.

Ué… todos os jogos são projetados para que você consiga detonar eles. Todos os chefões foram perfeitamente projetados para que, estrategicamente, a maioria das pessoas consigam vencer eles, porque se fosse impossível vencer, o jogo não venderia.

E novamente, isso é muito perigoso porque o circuito que está sendo hackeado em você é o mesmo circuito do qual a humanidade inteira depende! Depende para que você vá lá no mundão desconhecido, trabalhe duro, enfrente desafios realmente perigosos, e que por fim, consiga voltar com recompensas reais pra todo mundo ao seu redor.

Então, se você está ativando esse circuito sem trabalhar duro, fica muito difícil querer ativar ele trabalhando duro. Afinal, por qual motivo o seu cérebro vai querer escolher se ferrar na vida real trabalhando duro pra ativar esse circuito se ele pode pegar um atalho e ativar esse mesmo circuito através do jogo que você mais gosta?

Um exemplo é quando usamos o aplicativo do iFood. Muita gente que você conhece ou até você já pode ter passado por um estágio de vício em pedir comida por lá ou por outros apps. Porque você acha que o seu cérebro vai querer escolher o caminho de preparar a comida, ter que esperar ficar pronto, você lá faminto, ainda correr o risco da receita dar errado, para daí ativar o circuito, se você pode pegar um atalho e, com poucos cliques, fazer surgir uma comida delicinha, rapidinho na sua frente?

Assim… aqui fora você sabe que tem diferença entre o real e o virtual, mas as partes mais profundas do seu cérebro não sabem!

Não são elas que, de fato, estão com o controle ou o celular na mão. Elas só estão recebendo os impulsos que são o resultado das suas ações, e a indústria de jogos e redes sociais perceberam isso de uma forma maravilhosa… Você só não foi avisado, ou está sendo avisado agora, por último… foi mal. Não fica bravo comigo, mas tem mais. Eu quero equipar você com conhecimento dentro deste artigo. Até porque você é uma pessoa inteligente e dedicada. Bom, eu ao menos acho isso porque você está lendo este artigo até aqui e a gente já discutiu sobre Neurociência, Biologia Evolutiva e você não desistiu…! Então eu acho que você está pronto para os próximos conhecimentos.

E esses conhecimentos vão unir, de uma vez por todas, o que eu aprendi jogando jogos de vídeo game com como conseguir concluir tarefas e levar projetos até ao final, projetos e coisas realmente importantes na vida. E esses conhecimentos giram em torno de “Problemas de Escopo Aberto e Fechado”.

E pra dar um passo de cada vez, esse conhecimento eu consolidei em um outro artigo e eu sugiro que a gente discuta primeiro tudo o que eu apresentei aqui, que já foi muita coisa.

Mas o mais massa é que você já chegou ao final do primeiro artigo, então missão concluída com sucesso e pode coletar a sua dopamina, porque o desafio no próximo artigo, que vai também te explicar porquê você está com tanta preguiça de fazer as coisas, fechado? Valeu!

*Não sou médico e com saúde não se brinca, se você suspeita de um quadro de depressão, não pense duas vezes em procurar um profissional da saúde. Grande parte dos conhecimentos deste artigo foram inspirados em uma playlist do Dr. Alok Kanojia do canal @HealthyGamerGG que é um psiquiatra formado em Harvard e especializado na área de vícios em videogame.

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