Quando crianças praticam bullying, de quem é a culpa?

Ilce de Moraes
3 min readJul 4, 2016

Quando vejo algum tipo de prática de bullying por parte de crianças, recém alfabetizadas, em fase de construção de caráter e outros valores me pergunto, de quem é a culpa, das crianças, dos pais, da escola, da sociedade, do meio onde vivem?

E quando esse meio é entre pessoas esclarecidas, ao menos se dizem ou fazem parecer, e essas práticas acontecem em escolas particulares, com crianças uniformizadas, que chegam e saem de carro, que viajam nas férias e têm acesso irrestrito à informação?

Me pergunto de quem é a culpa por ainda existirem crianças sendo agredidas verbal, moral ou psicologicamente nas escolas ou em qualquer outro lugar? Crianças não nascem sabendo fazer o mal, crianças são como espelhos, refletem o que vivenciam, simplesmente mostram ao mundo o que acontece a sua volta através das suas atitudes e condutas ou nas práticas simples do cotidiano, como um por favor, com licença, desculpa ou obrigada.

Talvez no meu íntimo eu já saiba a resposta para minha pergunta, mas a questão é que não quero admitir que ainda hoje, com tantas campanhas informativas e tanta indignação por parte da sociedade com o tema, as pessoas ainda façam de conta que não estão vendo o que acontece com seus próprios filhos, ou pior, achem que é normal e sadio essas brincadeiras, os apelidos e agressões verbais a outras crianças. “São só crianças, estão se divertindo”.

Vejo orgulho em certos pais ao falarem que seu filho apronta na escola, a malandragem ainda é sinônimo de inteligência para muita gente, podem acreditar. Só que não! Do outro lado existe uma vítima, que pode ainda não entender muito bem o que aquilo significa, mas que sente e se questiona: “Porque ele(a) falou aquilo pra mim, porque me chamaram assim, porque estão rindo?”

Como falei, crianças são como espelhos, refletem o que vêem, o que vivenciam, então não achem normal crianças terem atitudes que não condizem com atitudes de crianças. O foco dessa reflexão é na essência, onde a coisa nasce, porque se deixarmos nossos filhos terem essas atitudes agora, quando jovens ou adultos eles não saberão respeitar e também não serão respeitados.

Observo muito meus filhos, observo as crianças de um modo geral, suas atitudes, suas condutas, como agem, reagem ou interagem e sei que é possível deixarmos para eles um mundo melhor, construído por eles próprios com nossa ajuda, orientação e muito amor. Um horizonte de possibilidades está a nossa frente, basta contemplarmos, basta pararmos para admirar, sem pressa, ali estão as respostas, embaixo do nosso nariz.

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