Confira 5 utilidades que a renda fixa ainda possui

Luciano Rocha
4 min readMar 21, 2018

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Ainda existem vantagens nos produtos de renda fixa? (Fonte: Google)

Nesta quarta-feira, acontecerá mais uma reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), o órgão responsável por estabelecer a taxa de juros no país, a taxa Selic. E, segundo analistas, a expectativa é de que haja mais um corte na taxa.

Com isso, a Selic (que a 6.75% ao ano, já está em sua mínima histórica) pode chegar a 6.5%. Isso traria uma rentabilidade ainda menor para os investimentos que são atrelados a essa taxa, como o Tesouro Selic e a conhecida poupança. Além de impactar todos os demais títulos de renda fixa que existem no mercado.

Dito isso, a renda variável vai tomando cada vez mais o interesse dos investidores, que buscam aceitar retornos maiores mesmo com uma maior exposição ao risco. A renda fixa, por sua vez, vai perdendo cada vez mais utilidade e atratividade no mercado.

Mas será que esses investimentos já não servem mais para guardarmos o nosso dinheiro? Não necessariamente: devido a algumas características particulares, a renda fixa ainda possui excelentes vantagens sobre a maioria dos investimentos em renda variável.

Confira abaixo cinco utilidades que a renda fixa ainda possui.

Reserva de emergência

Uma reserva de emergência, como o nome já diz, serve para guardar um dinheiro que precisa estar disponível rapidamente. Afinal, gastos emergenciais são, por definição, imprevisíveis.

E para esse tipo de objetivo, a renda variável não é a melhor opção. Imagine deixar seu dinheiro de emergência em ações, precisar dele daqui a 3 meses e quando for sacar perceber que teve uma desvalorização. Ou então precisar esperar 3 dias até que o dinheiro da venda das ações caia na sua conta. São situações muito pouco confortáveis.

Reserva de emergência, portanto, é sempre mais eficaz se colocada em um fundo de renda fixa que possua essas características: tenha liquidez imediata (o dinheiro possa estar disponível no mesmo dia); taxa de administração de, no máximo, 0.5% ao ano.

Acumular capital para compra de ações

A queda das Selic fez com que os investidores começassem a migrar para o mercado de ações, o que fez os índices atingirem cotações recordes de forma seguida. Com isso, todos estão procurando sobre ações.

Embora o investimento nesse ativo seja relativamente barato (existem ações cotadas a partir de R$ 1,00), os custos de corretagem e taxas da Bolsa podem tornar o pequeno investimento bem caro. Por isso, é comum que as pessoas juntem uma quantidade maior de dinheiro para só depois comprarem ações, de modo a diluir o impacto das taxas.

E aqui a renda fixa se mostra vantajosa novamente. Um fundo com as mesmas características de uma reserva de emergência pode servir também para juntar o dinheiro necessário para comprar as primeiras ações. Os grandes investidores costumam usar essa tática durante mercados em alta, acumulando dinheiro e esperando um queda para poder comprarem ativos mais baratos.

E o pequeno investidor também pode seguir a mesma estratégia.

Substituir o cartão de crédito

Esse é, atualmente, um dos principais usos que eu faço da renda fixa. Já mostrei em um texto, como uso os CDBs do meu banco digital para compensar o fato de não ter um cartão de crédito.

Dentre as grandes vantagens dessa técnica estão um maior controle financeiro por meio de um limite “natural”, a possibilidade de comprar coisas com desconto através de pagamento à vista, e também a ausência de risco de atraso nas contas e, consequentemente, o pagamento de altos juros.

Capital de giro

Capital de giro é uma expressão geralmente associada a empresas, usada para se referir ao dinheiro que uma empresa tem em conta para realizar os pagamentos do dia a dia. (Contas, salários, etc) Mas esse tipo de conceito também pode ser usado por pessoas físicas.

Ter um dinheiro de curto prazo para alguma conta extra pode ser um exemplo de capital de giro pessoal. A reserva de emergência também pode se encaixar nessa categoria. E, para ambos, a renda fixa é sempre a melhor e mais prática opção.

Manter o patrimônio protegido

Todo investidor deseja minimizar suas perdas. Não importa se o sujeito é ultraconservador ou se ele investe em criptomoedas, pesquisas mostram que o ser humano tende a ser avesso a riscos e a preferir retornos mais seguros. O livro Rápido e Devagar, do psicólogo israelense Daniel Kahneman, explora esse tema de forma magistral.

E renda variável é um investimento que pode trazer perdas no curto prazo, especialmente pela sua variação de preços, e não tem uma rentabilidade definida. Isso pode assustar os investidores menos avessos ao risco — para os quais a renda fixa pode servir como um seguro.

Em um fundo, o investidor tem a possibilidade de saber qual será a taxa de juros que ele irá receber ao longo do tempo. Além disso, as chances de perdas significativas são bastante reduzidas.

Essa previsibilidade traz, portanto, mais uma vantagem para os fundos de renda fixa.

Conclusão

Mesmo os entusiastas do mercado de ações mantém parte do seu patrimônio na renda fixa. Muitas vezes para se proteger das oscilações, outras vezes como reserva para comprar boas empresas a preços descontados. Independentemente do motivo, a renda fixa sempre está nos portfólios.

Mesmo com os juros baixos, é importante que o investidor respeite seu perfil. De nada adianta um investidor conservador tentar aproveitar o boom da renda variável se a sua tolerância ao risco for muito limitada. A perda de dinheiro será quase certa.

Sempre respeite o seu perfil ou a sua tolerância ao risco antes de investir. Mesmo com juros em queda, a renda fixa sempre terá um papel importante.

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Luciano Rocha

Escritor freelancer, escrevo aqui todas as segunda-feiras. Para ler textos antigos, clique aqui: https://walden3site.wordpress.com