10 filmes sobre adolescentes rebeldes para provar que todos passamos por essa fase

Jornal O Grilo
6 min readNov 21, 2016

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Por Fernanda Gütschow e Guilherme Prado

Cena do filme C.R.A.Z.Y., de 2005, dirigido por Jean-Marc Vallée (Créditos: Divulgação)

Dos 12 aos 18 anos, o indivíduo é considerado um adolescente. Todos passaram, passam ou passarão por essa fase que é essencial na construção dos valores, identidades e sexualidades do sujeito. Reflexos desse período da vida aparecem na família, na escola, nas amizades, e em outros âmbitos.

Adolescentes são vistos como preguiçosos, revolucionários, sabichões e incompreendidos. É impossível que alguém não tenha ouvido dos pais alguma reclamação sobre a bagunça feita em casa ou tenha levado um “puxão de orelha” sobre a hora em que foi dormir e por ter acordado após o meio-dia.

A falta de privacidade, a puberdade, a vontade de conhecer o novo e a necessidade da autoafirmação são algumas das coisas que influenciam a mudança de humor e de conduta nessa fase.

Os amigos se tornam pessoas essências para acompanhar a descoberta de novos caminhos e possibilidades. Com a chegada das redes sociais, essas mudanças passaram a ser compartilhadas e o espaço da web se mostrou muito atraente para a exploração de novas formas de expressão. O sucesso de blogs e vlogs, por exemplo, mostra que adolescentes adoram e necessitam ouvir relatos de semelhantes como forma de se identificar e encontrar conforto.

No livro No Tempo das Telas, Pollyanna Ferrari e Fabio Fernandes apresentam o personagem Bruno, um menino de 15 anos, repetente e que curte rock nacional. O garoto rebelde não gosta de estudar, ama papear por chats, como no WhatsApp ou Facebook, e é frequentador da Galeria do Rock, no Centro de São Paulo. Mas ele não é o único que vive com o celular na mão o dia inteiro.

Uma pesquisa realizada pela CNN concluiu que adolescentes de 13 anos chegam a acessar redes sociais mais de 100 vezes por dia. Se dividirmos esse valor pelo período no qual a pessoa fica acordada, considerado como 15 horas, visualizamos um acesso a cada 10 minutos. O principal motivo apontado pela pesquisa feita com 216 entrevistados é que eles entram na web por puro tédio. Aos finais de semana, o número de acessos é ainda maior:

A psicopedagoga Claudia Danelon comentou sobre os efeitos do uso intenso da internet na vida dos jovens. Segundo ela, há inúmeros pontos negativos relacionados a essa questão. O vício, as informações deturpadas vindas de fontes não confiáveis e até a falta do desenvolvimento da coordenação motora e corporal são alguns exemplos.

O uso das redes sociais, apesar de conectar pessoas em âmbito global, pode representar uma falsa realidade. “Ninguém publica as fossas no Facebook. Parece que todo mundo é rico, viaja muito e está sempre feliz. Perdemos, assim, a referência do real”, afirma a especialista.

Quando o assunto é educação, a internet se mostrou apta a ajudar quem precisa. A democratização do conhecimento e a informação instantânea facilitam a vida dos estudantes. “Um bom exemplo são as videoaulas. São muito legais para alunos que precisam de estratégias diferenciadas para estudar”.

A orientadora profissional disse também que a web é um instrumento facilitador para o seu trabalho com jovens disléxicos. “É muito fácil achar trabalhos prontos, o que definitivamente é um ponto negativo. Mas, nesse caso específico, com pessoas que nem conseguiam terminar um livro, ler o resumo online é melhor do que não ler nada”.

Quando perguntada sobre o porquê dos jovens serem presas fáceis para o predador World Wide Web, Danelon respondeu: “a tecnologia exerce um fascínio, porque é uma das áreas em que os mais novos obtém mais sucesso do que os adultos”.

Não há regras e limites relacionados ao uso excessivo, porque os pais também estão super conectados. “Ninguém vive mais sem internet. O problema é que não há orientação para o uso da tecnologia. Se houvesse, acredito que os benefícios seriam bem maiores do que os malefícios”, finaliza a psicopedagoga.

Cena do filme A mentira, de 2010, dirigido por Will Gluck (Créditos: Divulgação)

As gerações que cresceram fora na internet se reconheciam em personagens adolescentes de livros, da televisão e do cinema. Pensando em fugir um pouco das redes sociais e relembrar uma época que passou, reunimos uma lista de 10 filmes sobre adolescentes rebeldes ou considerados como. Selecionamos títulos que vão dos clássicos aos contemporâneos, dos nacionais aos internacionais. Confira:

Curtindo a vida adoidado

Dirigido por John Hughes, a comédia de 1986 mostra o dia de Ferris Bueller, um garoto que mata a aula com a namorada e o melhor amigo para se divertir e sair da rotina. Para isso, os três precisam fugir do diretor da escola e da família, com a ajuda de uma Ferrari vermelha.

Donnie Darko

Donnie é um garoto problemático. Diagnosticado com esquizofrenia, ele começa a ter constantes visões de um coelho gigante chamado Frank, que o alerta sobre o fim do mundo. O longa de 2001, dirigido por Richard Kelly, aborda questões sobre o destino, o livre arbítrio, a própria vida e o que é o mundo real.

A mentira

A comédia romântica protagonizada por Emma Stone foi inspirada no livro A Letra Escarlate e lançado em 2010. Na história, Olive, uma garota nada popular, conta uma série de mentiras que fazem sua fama crescer no colégio. Conhecida como a menina mais “sem vergonha” da escola, ela passa a ajudar garotos tímidos a também ganharem popularidade para marcarem suas passagens pela instituição.

Mãe só há uma

O primeiro filme de Anna Muylaert após o sucesso de Que horas ela volta? retrata a vida de Pierre, após descobrir que sua mãe, até então considerada biológica, o roubou da maternidade. O garoto bissexual tinha sua sexualidade bem aceita pela mulher que vai presa, mas sofrerá na casa de sua real família, típica de classe média, cristã e conservadora. O trabalho lançado em 2016 discute a questão de gênero e os problemas da adolescência.

Clube dos Cinco

O filme, dirigido por John Hughes e lançado em 1985, conta a história de adolescentes confinados em um colégio. Por terem cometido alguns delitos, os cinco são obrigados a escrever uma redação com mil palavras em uma manhã de sábado. Reunidos numa mesma sala, farão da punição um momento para confissões, surgindo dali uma grande amizade.

C.R.A.Z.Y.

Produzido e rodado no Canadá, o longa de Jean-Marc Vallée trata da descoberta da homossexualidade de um jovem numa família conservadora. Zachary Beaulieu luta para conquistar sua liberdade e construir sua identidade, mas é obrigado a conviver com a homofobia de seu pai e dos quatro irmãos. O filme lançado em 2005 tem o nome dos filhos da família: Christian, Raymond, Antoine, Zac e Yvan.

As vantagens de ser invisível

Baseado em um livro de mesmo nome, a produção de Stephen Chbosky, lançada em 2012, conta a história de um jovem que se sente deslocado. Enquanto Charlie tenta se recuperar de uma depressão e do suicídio do melhor amigo, ele conhece os veteranos Patrick e Sam, que o acolhem e apresentam o mundo dos populares.

Califórnia

Dirigido e escrito por Marina Person, o longa-metragem cheio de rock’n roll conta com Caio Blat, Clara Gallo e Paulo Miklos no elenco. A apresentadora ambientou o filme na década de 1980 e retrata os conflitos da adolescência da menina Estela. A estudante sonha em ir para a Califórnia, passar um tempo com o tio que é jornalista cultural, mas vê seus planos irem por água abaixo quando o parente retorna ao Brasil após ser diagnosticado com AIDS.

Vidas sem rumos

O drama de Francis Ford Coppola, de 1983, é baseado no livro homônimo de Susan E. Hinton. Três irmãos órfãos tentam sobreviver em uma cidade norte-americana que é dividida entre “ricos” e “mexicanos pobres”. Como descendem de mexicanos, os personagens têm de lidar com os problemas da família, os empregos ruins, a perseguição policial e o preconceito da sociedade, além de enfrentar o grupo inimigo.

Os incompreendidos

Esse clássico do cinema francês dirigido por François Truffaut, datado de 1959, retrata a conturbada vida de Antoine Doinel, um menino rejeitado pela mãe e criado por um pai adotivo. Entre uma encrenca e outra, ele mente, cabula aula e se sente incompreendido pela família e pela escola. O filme mostra sua busca pela liberdade.

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O Grilo é um projeto de alunos de Jornalismo da PUC-SP.