JOGOS OLÍMPICOS, A ROMANTIZAÇÃO DO PAGANISMO

Luciano Takaki
5 min readJul 26, 2024

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Inicia-se os Jogos Olímpicos de 2024 e vemos o que se espera. Historicamente, os Jogos Olímpicos sempre esteve associado à somatolatria, mas não apenas isso. Mesmo muito antes da cerimônia da abertura, o culto pagão se inicia.

A tocha olímpica, que iluminará a pira olímpica, é acesa em um ritual totalmente pagão. A tocha é acesa com a ajuda com os raios solares num espelho parabólico.

A imagem acima é a do ensaio, pois na cerimônia oficial do acendimento do fogo olímpico não foi possível realizar assim por conta do mau tempo, mas como os organizadores não fazem ponto sem nó, tinham como plano B o fogo aceso no ensaio guardado.

As mulheres representam as sacerdotisas (na Grécia Antiga, eram mulheres virgens, acho um tanto improvável encontrar uma que se voluntarie a atuar como sacerdotisa nessas atuações) e a cerimônia foi realizada no Templo de Hera, deusa das bodas e fertilidade, esposa de Zeus e rainha dos deuses. O Templo está localizado em Olímpia, Grécia.

O fogo nessas cerimônias é aceso com os raios solares por ser a forma mais pura de se gerar o fogo. Ou seja, o fogo olímpico tem sentido religioso e sempre acenderam assim. Isso significa que todas essas cerimônias, tanto o acendimento do fogo olímpico quanto o acendimento da pira olímpica, são partes de uma mesma cerimônia religiosa em honra a Zeus, pois era essa a finalidade dos jogos olímpicos da Antiguidade e não deve ter mudado na era moderna. Na Antiguidade, os jogos perderam importância gradativamente e no ano de 393 da Era Cristã, foram definitivamente proibidos por Teodósio, imperador romano que tornou o Império Romano oficialmente cristão.

Os Jogos Olímpicos da era moderna se iniciaram oficialmente em 1896, mas o retorno já estava ensaiado quase um século antes com L’Olympiade de la République na França Revolucionária de 1796 até 1798. Isso não foi coincidência, pois a França já tinha deixado de ser católica em 1789. O retorno de um evento pagão era questão de tempo. No entanto, demorou para haver certo interesse para que esse tipo de evento compense financeiramente, pois é evidente que sairia caro realizar na era moderna.

Muitos acreditam que o pai dos Jogos Olímpicos da era moderna seria o maçom Pierre de Coubertin, mas isso estava sendo preparado por Evangelos Zappas. Zappas já tinha conseguido o êxito a nível local a partir de 1865. Zappas era claramente um nacionalista e foi um dos heróis de guerra atuantes na Guerra da Independência Grega contra o Império Otomano. Albanês de nascença e morador da Romênia a maior parte da vida, nada disso impediu que Zappas tivesse um espírito nacionalista e romântico. Zappas foi influenciado por Panagiotis Soutsos, poeta e novelista grego. Soutsos, apesar de ter sido um devoto ortodoxo grego — em 1864, ele escreveu “Charitine, ou a Beleza da Fé Cristã” —, não deixou de ter nele a inspiração romântica dos seus ideais nacionalistas. Vale lembrar que o próprio cisma grego teve motivações mais políticas do que teológicas. Mais do que um “cristão”, Soutsos era um grego e num poema intitulado “O Diálogo do Morto”, de 1833, havia ali claras propostas do retorno dos Jogos Olímpicos. Zappas era claramente influenciado por Soutsos.

Zappas, um nacionalista inspirado por outro poeta nacionalista, conseguiu o êxito como dito. Em 1894, 29 anos após a morte de Zappas, Pierre de Frédy (Barão de Coubertin) e Demetrios Vikelas fundam o Comitê Olímpico Internacional. Em 1896, são realizados os primeiros Jogos Olímpicos de Verão em Atenas. A cerimônia de abertura foi realizada no Estádio Panathinaiko, fundado em 566 a.C., no dia 6 de abril, segunda-feira de Páscoa.

Na cerimônia, 9 bandas e 150 cantores entoaram o Hino Olímpico composto por Spyros Samara, com letra do Kostís Palamás. O hino ganhou diversas versões até ganhar uma definitiva em 1958. No entanto, vale a pena ler a sua letra com grifos meus:

Espírito imortal da antiguidade:

Criador augusto da verdade, beleza e bondade!

Desça aqui, apresente-se e radie sua luz sobre nós,

por este nobre campo e debaixo deste céu,

que primeiro testemunharam sua fama imperecível.

Traga vida e entusiasmo para estes nobres jogos,

atire coroas de flores com frescor eterno

aos vitoriosos da corrida e da luta.

E crie em nossos peitos corações de aço!

Em sua luz, planícies, montanhas e mares,

brilham em matizes rosados e formam um vasto templo,

no qual as multidões de todas as nações vão adorá-lo:

Ó espírito imortal da antiguidade!

O hino é uma antítese do espírito cristão. Nosso Senhor Jesus Cristo disse: “Eu sou a verdade, o caminho e a vida” (Jo 14, 6). Esse hino trata o “espírito imortal da antiguidade” como criador da verdade. O hino é executado tanto na abertura durante o hasteamento da bandeira quanto no encerramento durante a retirada.

Percebemos assim que os Jogos Olímpicos são um culto religioso, idolátrico e também somatolátrico idealizado pela maçonaria e pelo espírito romântico e nacionalista. É um falso culto a um falso deus. É um fruto da Revolução.

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Luciano Takaki

Católico tradicional, tomista engessado e austríaco incorrigível. Esse perfil é o meu caderno virtual.