Haven — Jogo de Casal/Namorados — Vale a Pena Jogar? [Análise Completa]
Haven, que traduzindo significa refúgio, é um RPG de aventura sobre amor, revolta e liberdade. Lançado em dezembro de 2020 para PC, PlayStation 5, Xbox One, Xbox Series X / S, e em fevereiro de 2021 para PlayStation 4 e Nintendo Switch.
E se você quer saber se vale a pena ou não jogar esse game leia até o final. Eu sou o Mago da Derrota e Haven foi um jogo que me trouxe sentimentos mistos: desde empolgação e curiosidade com relação a história e os personagens até mesmo frustração e um certo tédio.
Vamos começar pelas partes boas do jogo.
A história se passa num futuro onde um governo totalitário chamado de Apiário possui um sistema de combinação de casais, chamado de MatchMaking ou Combinador.
Basicamente o Combinador é um algoritmo que determina quem é o seu par romântico e você é obrigado a ficar com aquela pessoa, sendo proibido ter um relacionamento com outras pessoas. Nós jogamos com Kay e Yu, um casal rebelde muito simpático e interessante, que fugiu desse sistema opressor para um outro planeta inabitado e perdido chamado de Origem.
Obviamente que eles fugiram pois não eram um casal combinado pelo sistema do Combinador, mas sim porque realmente tinham se apaixonado. Ao chegar no novo planeta, a nave deles sofre um acidente e precisamos reconstruí-la.
Começamos o jogo exatamente com Kay e Yu chegando no novo planeta e descobrindo os mistérios que ele oferece.
Se você gostou deste conceito da história — de um futuro distópico com um combinador, dos casais pré definidos por um algoritmo etc — eu recomendo dar uma olhada em um anime chamado Koi to Uso (ou em inglês Love and Lies) que possui uma premissa muito parecida e também no excelente livro chamado “This Perfect Day” de Ira Levin que também possui um elemento semelhante.
Vou deixar o link para comprar o livro aqui caso tenha interesse, eu recomendo pois é um livro muito bom.
Voltando pro jogo — A história é interessante, não é algo épico e super inovador, mas foi bem escrita, tem um grande foco nos dois personagens principais, que são bastante cativantes, e a história foi um dos grandes motivos que me fez continuar jogando até o final.
Existem vários momentos onde vemos interações do casal e o relacionamento deles tem tudo que um relacionamento de casal de jovens apaixonados teria: desde momentos de carinho, parceria e diversão até momentos de discussão, conflitos e reconciliação.
Deu pra perceber que os personagens foram muito bem trabalhados e definitivamente eles são o ponto forte do game, gostei bastante de ambos, da personalidade deles, das suas histórias, do passado de cada um, suas motivações etc. E basicamente são os únicos personagens que aparecem no game, existem outros mas que aparecem raramente.
Outros elementos positivos são arte e estilo visual e a dublagem dos personagens.
A arte do jogo tem uma pegada meio cartoon psicodélico (aliás o jogo como um todo tem uma pegada psicodélica, tem até um cogumelo que se você comer os dois ficam doidão entram numa brisa de que um trocou de corpo com o outro e isso é até uma conquista do jogo inclusive haha enfim)
As cutscenes foram muito bem feitas, achei um estilo muito bonito e único, me agradou bastante. O design dos personagens é muito legal também e a animação é boa, principalmente nos momentos de diálogos.
Inclusive a forma como fizeram os momentos de diálogos desse jogo é algo que gostaria de ver em outros games que usam esse estilo de conversa mais estática, que é muito comum em visual novel por exemplo.
Normalmente esse tipo de diálogo se daria com algumas imagens estáticas que mudariam de acordo com o humor do personagem apenas, mas aqui em Haven não. Você tem uma animação do personagem como se ele tivesse falando cada palavra, além de várias expressões faciais que fluem muito bem e fica parecendo uma conversa natural mesmo.
Nos diálogos que ocorrem durante a gameplay até mesmo a miniatura do personagem que aparece embaixo tem animação, achei esse detalhe muito maneiro.
Nós podemos escolher opções de fala ao longo do jogo, mas elas não impactam na história, com exceção da última escolha bem no final que pode levar para 2 finais diferentes: um bom e um ruim.
Os dois finais são interessantes, mas o final bom é bem melhor.
E com relação a dublagem dos personagens estão de parabéns. Os atores mandaram muito bem, as vozes combinaram perfeitamente com a personalidade de cada personagem, pra mim nesse quesito foi nota 10.
Já os sons e trilha sonora são bons, mas nada demais. A trilha sonora tem uma pegada meio psicodélica também, que combina com a arte como um todo, com músicas que meio que ficam num loop. São músicas boas porém como não tem uma variedade muito grande, acabam irritando depois de um certo tempo de jogo.
Outro ponto positivo, é o sistema de RPG que achei bastante interessante. Para subir de nível não é só matando monstro, mas sim fortalecendo o relacionamento dos dois, então coisas como conversar, comer juntos, etc dão XP (inclusive mais xp do que a maioria dos monstros) e para upar de fato os personagens eles celebram tomando um drink hahaha
Achei muito legal isso, é meio aquilo que eu disse no meu último vídeo - sobre aproveitar espaços no jogo para contar histórias e aqui eles fizeram isso muito bem com o sistema de RPG.
Agora vamos para as partes ruins do jogo e porque ele me fez sentir tédio e frustração em vários momentos.
Uma coisa que vira e mexe eu digo aqui no canal é que um dos melhores indicadores de quanto um jogo é divertido é o quanto você tem vontade de ter um tempo livre para poder jogar logo o game.
Eu comecei a jogar Haven no início de dezembro 2020 e terminei agora no final de fevereiro de 2021, foram cerca de 13 horas de gameplay para completar o game. Essa demora não foi por falta de tempo, simplesmente preferi fazer outras coisas ou jogar outros games. Então acho que isso já indica o quanto os problemas do jogo me desmotivaram.
Isso porque a jogabilidade é muito parada.
O jogo se resume ao seguinte: no planeta em que estamos existem várias ilhas (na verdade pedaços do planeta, não são exatamente ilhas, mas vou chamar de ilha pra facilitar) e essas ilhas estão flutuando ao redor do centro do planeta e elas possuem pontes para as outras ilhas que são os mapas do jogo.
As ilhas estão infectadas com ferrugem que nós usamos como material para reconstruir a nave. Então basicamente precisamos explorar as ilhas, coletar ferrugem e ir encontrando peças para reconstruir a nossa nave. E é basicamente isso o jogo todo.
Existem alguns animais exóticos que vivem no planeta e estão infectados também com essa ferrugem e se tornam hostis. Nós enfrentamos eles em lutas confusas (que parecem ser por turno, mas não são) e extremamente repetitivas, pois temos basicamente apenas 2 ataques diferentes durante o jogo todo.
Combinado a tudo isso, 90% dos mapas são praticamente iguais, ambientes abertos com algumas montanhas, com essa grama meio verde claro. Apenas um conjunto de ilhas mais pra baixo do mapa são diferentes, possuem uma grama amarela e foi uma verdadeira alegria quando encontrei esses mapas, bateu até um ânimo. E o outro mapa diferente que você só encontra no final do jogo que são bem avermelhados por estarem fortemente infectados pela ferrugem.
Essa questão do ambiente foi uma oportunidade perdida, poderiam ter criado um planeta com muito mais variedade geográfica, climática, etc. Isso motivaria muito mais a exploração.
A variedade de monstros é até que ok, mas a maioria não muda muito a dinâmica das batalhas então não faz muita diferença também.
Então, somando tudo isso, você tem uma jogabilidade confusa, repetitiva e sem graça, num ambiente extremamente repetitivo também. Tem como piorar?
Tem.
O jogo foi feito para se jogar em duas pessoas, cada um controlando um dos personagens, e talvez seja uma experiência bacana de se jogar com sua namorada ou namorado, mas eu joguei sozinho por motivos óbvios (eu não tenho uma namorada e se tivesse dúvido que ela iria querer jogar comigo :/ )
E durante as lutas você controla os dois personagens ao mesmo tempo, mas o jogo informa apenas uma vez, num breve tutorial, quais são os botões de cada ataque de cada personagem.
Depois disso não mostra mais nada, então eu vivia errando os botões do segundo personagem porque esquecia quais eram, o que deixava as batalhas confusas e frustrantes. É uma coisa besta, mas que poderia ser resolvida simplesmente mostrando quais botões apertar para cada golpe durante a batalha.
Pra piorar tudo isso os controles do jogo não respondem bem, várias vezes apertava para ir para direita ou para esquerda e os personagens davam uma meia volta que deveria ativar só apertando para trás. Não é problema do teclado, pois ele está funcionando normalmente, é um problema do jogo mesmo.
Além disso, a configuração padrão do jogo é horrível em termos de controle da câmera, dos personagens, etc. Se for jogar o game, recomendo passar um tempo olhando o menu de configurações dos controles e do jogo, porque a configuração padrão é simplesmente a pior possível.
Só para você ter uma ideia, a barra de vida não aparece na configuração padrão. Imagina um jogo de RPG onde você não consegue ver sua barra de vida? Pois é, não faz muito sentido, vai entender porque essa é a configuração padrão.
Outro problema é que o jogo demora muito para introduzir alguns elementos importantes. O maior exemplo disso é o mapa/minimapa.
Leva umas 2–3 horas de game para liberar o mapa. E nesse começo é muito fácil ficar confuso e se perder entre as ilhas, já que todas se parecem muito uma com as outras e você não tem o mapa para se orientar. Então você não sabe onde está e pra onde tem que ir, isso me irritou profundamente.
Depois de algumas horas de jogo um outro problema aparece. Toda vez que você troca de mapa, tem uma tela de loading. Não é um loading tão demorado, mas acontece toda hora, porque você vai ficar trocando de mapa/ilha toda hora. E é nesses momentos de loading que o game salva, não tem como salvar o jogo de outra forma, então fique atento a isso.
Mas esse problema do loading eu ainda dou um desconto porque eles conseguiram driblar isso de uma maneira criativa. Toda vez que aparece uma tela de loading você tem uma arte do casal em alguma situação diferente o que é bem legal e adiciona para a história e relação dos dois de certa forma. E tem bastante variedade dessas artes.
É como eu disse anteriormente, aproveitar espaços para contar histórias realmente é uma ferramenta boa e poderosa em praticamente qualquer jogo, esse caso da tela de loading seria mais um exemplo disso.
Então os principais problemas do jogo são esses e eles acabam fazendo você querer passar logo a parte de exploração e batalhas, para chegar em alguma cutscene ou encontrar algum item que ajude a progredir na história.
Concluindo — Meus sentimentos com relação a Haven são mistos. De um lado temos uma história interessante e bem escrita com personagens carismáticos e incríveis que foram muito bem desenvolvidos e que possuem excelentes dubladores. Do outro lado temos um ambiente repetitivo, uma gameplay enjoativa e sem graça com uma péssima configuração de botões que não respondem direito e irritam.
É um caso curioso de um jogo interessante que talvez fosse muito melhor se fosse de outro gênero, uma visual novel por exemplo, ou se tivesse uma mecânica mais divertida de exploração e combate.
Talvez se você jogar com outra pessoa junto esses problemas da jogabilidade passem batido, mas não posso opinar sobre isso porque joguei sozinho.
Então eu diria que o jogo vale a pena apenas SE você curtiu a pegada da história, quer ver a interação do casal, como os personagens se desenvolvem ao longo do game e SE ele estiver numa boa promoção, pois atualmente no preço cheio ele sai por R$47,49 na Steam e nesse preço eu não recomendaria.
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Por hoje é isso, eu vou nessa um grande abraço e até a próxima derrota.
Fui
