Memórias Poopstumas de Brás Cubas (Parte 1)

Lucas
7 min readSep 18, 2015

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Introdução

O Hamarejun me convidou a gravar respostas a algumas perguntas como parte de um especial de 8 anos de YTPBR. Infelizmente, dada minha situação atual (morando em uma república universitária) não consegui a oportunidade de gravar minhas respostas em áudio. Mas creio que ainda posso escrever o que tenho a dizer, certo? A primeira pergunta que me foi feita foi como eu entrei no mundo dos Poops. A segunda pergunta foi um pedido para eu fazer um relato, e contar um pouco da história do YTPBR baseado no que eu vi nos anos que passei nesse meio. Faz quase 6 anos que eu tô de alguma forma envolvido com esse pessoal todo, não sou um dos mais velhos, mas também tô longe de ser um dos mais novos.

É uma história meio longa, cheia de detalhezinhos pelos quais muita gente não vai se interessar. Pra falar de Poop vou ter que falar também dos Poopers, de todo o contexto em que a gente estava inserido. É falar da “comunidade” que se formou em cima disso. Alegrias, tristezas, amizades, projetos conjuntos. Acho que falar de brigas também, a galera sempre gostou de uma treta. Dava pra escrever um livro só com os causos que a gente conta quando se junta pra conversar. O Gamazzi inclusive deu a ideia de fazer uma espécie de linha do tempo, quem sabe um dia.

Lembro que passei parte de uma madrugada com o Ryuzaki e um dos Fenceres falando de Poop, contando histórias, naquele momento eu me senti um daqueles velhos que ficam na varanda picando fumo e jogando conversa fora. É gostoso falar com quem viveu os mesmos momentos que você, mesmo que na época a gente nem se conhecesse pessoalmente.

Faço um convite a todos que viveram esses anos comigo a sentarem e relembrarem um pouco mais de como isso tudo foi incrível, e peço aos que não viveram que ao menos tentem imaginar um pouquinho de tudo isso. Vou falar de muita gente que talvez muitos dos mais novos no Poop nem tenham conhecido, que só tenham sabido da existência por Reuploads ou algumas conversas. Peço perdão aos mais velhos, por qualquer detalhe que eu tenha esquecido ou confundido. Eu tô lembrando tudo isso enquanto escrevo, de pouquinho em pouquinho. Por favor me corrijam se virem algo incorreto, o Medium tem um sistema de anotações muito bom. Comentem também, falem de suas experiências e lembranças. É divertido reviver um pouco disso.

O Início

Minha vida Pooper na verdade não começou com Poops, por assim dizer. Meu primeiro contato com o universo dos Poops foi em 2009. Eu ainda estava conhecendo a série de jogos Phoenix Wright: Ace Attorney (que viria a se tornar minha série favorita pouco tempo depois), e um dia enquanto procurava um guia em vídeo pra determinada parte do jogo eu tomei conhecimento de umas paródias em vídeo que as pessoas no Youtube faziam com os sprites dos jogos, fazendo os personagens falarem cenas de filmes, de séries, cantarem músicas. Essas montagens eram apropriadamente chamadas de Phoenix Wrongs. Vasculhando eu descobri que alguns brasileiros faziam versões nacionais desse tipo de vídeo, entre eles o PedroAvanzi e o Chinelin, provavelmente já velhos conhecidos se você está lendo este texto. Fui vendo os Phoenix Wrongs do Avanzi e tomei gosto pelo estilo, mas curiosamente não me interessei por nenhum Poop, acho que simplesmente não prestei atenção.

Foi só alguns meses depois, assistindo pela milésima vez os Phoenix Wrongs do Avanzi, que eu decidi explorar o que vinha nos vídeos relacionados. Eu estava à época jogando O Yu-Gi-Oh! de Playstation 2 (Duelists of the Roses? Acho que esse o nome) à época, qualquer coisa relacionada a Yu-Gi-Oh! me chamava a atenção. Me deparei com uma miniatura peculiar e foi aí que descobri o “Card Game Infantil Deixa Caiba com Dano Cerebral”, o famoso Poop do Dragão Baiano (que eu acho que foi um dos primeiros poops de quase todo mundo do pessoal que começou na mesma época que eu).

Eu não passei dos trinta segundos.

No momento em que o Yugi levantou o Dolly eu já estava me contorcendo na cadeira, morrendo de dor na barriga de tanto rir. Fazia muito tempo que eu não ria desse jeito. Tive que pausar o vídeo e ir beber uma água. A sensação foi de estranheza, de surpresa, mas foi ao mesmo tempo prazerosa. Meus pensamentos consistiam de “Por que alguém faria isso?” e “Como nunca fizeram isso?” em partes iguais.

Isso devia ser em meados de 2009, provavelmente do fim de Novembro pro começo de Dezembro. Foi um momento marcante pra mim, lembro perfeitamente que eu estava no trabalho do meu pai, usando o computador de um rapaz que não tinha ido trabalhar no dia. Como eu ainda não tinha Internet em casa eu usava esse pouco tempo que tinha lá pra baixar filmes, jogos e acessar fóruns. Toda vez que eu travava em um jogo eu precisava esperar até ter acesso à rede de novo pra descobrir como passar dessa parte, por exemplo. Agora eu tinha um novo passatempo, que era procurar cada vez mais desse tipo de vídeo.

Alguns dos Poops que eu lembro de ter visto na sequência que mais me marcaram foram “O Laboratório de Amanda”, também do Avanzi, “Kiko faz falcon Punch melhor do que os outros”, do Youcube, e “Time tem medo de baianos”, do Shadow. Obviamente baixei todos e passava horas assistindo em casa. Conheci nesse primeiro contato alguns poopers como o Ryuzaki, o Omega, o Biel, o Guardiano (Kelvin), o Guilhox e a JoltJolteon. Eles eram “os melhores dos melhores” na época, tanto é que são até hoje minhas influências mais pesadas quando vou Poopar.

Agora, sempre que eu conto essa história o pessoal me pergunta “mas Lucas e o Tecraudio? Você não assistia poops do Tecraudio?” A verdade é que infelizmente não, eu só fui conhecer o Tecraudio quando participei da epidemia de fads de Janeiro de 2011. Nessa época em que eu ainda estava descobrindo os Poops o Tecraudio tinha só dois Poops na conta, que nunca chegaram nos meus vídeos relacionados até um bom tempo depois.

Com o passar dos meses, até março de 2010 mais ou menos, eu lembro de ter tomado gosto por dois poops com os Zeldas do CDi, que envolviam o Rei comprando um console da Nintendo: um do VH5150VH e um da JoltJolteon (no canal antigo ainda, antes do canal ser deletado por acidente e surgir a JoltJolteonReload). “Maísa bate a cabeça no Weegee” do aquelescaraaaaa, e os Gmerdas do Teletubbiepoop de um modo geral, que seguiam na mesma veia, são outros vídeos que eu lembro de assistir incansavelmente.

A “Comunidade”

Na primeira semana de Abril três coisas importantes no meu relacionamento com o YTPBR aconteceram.

Primeiramente, assistindo a um poop do Chinelin que eu não me lembro, vi uma referência ao próprio Chinelin ter sido banido do “chat dos poopers” por ter brigado com o Omega.

Em segundo lugar, eu encontrei uns dois dias depois do supracitado o “Juicer Maze” do Guilhox, o primeiro MV que eu vi e até hoje o meu favorito (e o que me levou a conhecer mais MVs também). O vídeo era uma entrada pra o Campeonato de MVs do PandaSparta, do qual vários outros Poopers participaram.

Finalmente, no mesmo dia que assisti pela primeira vez o Juicer Maze, eu conheci os Ping Pongs com “Os Pinguins contra a lei anti-fumo”, que é o último round do Ping Pong entre o Avanzi e o Omega. Curioso notar que assisti esse Ping Pong de trás pra frente, partindo do último para o primeiro round.

Caiu a ficha de que as pessoas por trás daqueles vídeos interagiam entre si, que conversavam, que organizavam projetos colaborativos. Esse foi o meu primeiro contato com a “comunidade” que existe por trás dos poops.

Buscando o que seria o tal “chat dos Poopers” descobri que o nome era exatamente a descrição da coisa. Era literalmente um chat fechado no MSN em que Poopers de forma geral ficavam mandando diversas mensagens sem sentido e dezenas daqueles sons do MSN Plus (pra quem não chegou a usar o programa, ele permitia que se enviassem clipes de áudio do computador que eram automaticamente executados para todos).

Tentei entrar no chat com uma conta que eu usava pra entrar em fóruns à época e falhei miseravelmente, não saber lidar com pessoas ajudou. Nesse mesmo dia porém eu descobri a comunidade do Orkut de YTPBR, mais facilmente acessível pra alguém sem tato e com medo de relações sociais como eu. Eu descobri, pasmem, que os poopers também eram pessoas.
Admito que desenvolvi um certo medo ao tomar conhecimento do lado social do YTPBR. Na minha cabeça, mesmo que eu viesse a fazer um poop as pessoas ali não iriam me aceitar no grupo deles. A impressão que tive vendo a situação por fora, com as piadas internas e as notáveis amizades ali dentro, é de que os poopers se tratavam, com mil perdões pelo termo, de uma “panelinha”. Estava receoso de tentar entrar em um grupo fechado, que talvez fosse até hostil comigo.

Decidi então que não faria poops, que colocaria meu foco apenas nos Phoenix Wrongs (assim que conseguisse um editor de vídeo com sobreposição de imagens).

No período de Março a Agosto de 2011 eu fiz alguns Phoenix Wrongs fortemente influenciado por poops, carregados em sources e até arriscando algumas piadas características do YTPBR. Inspirado pela série “As Férias do Nappa”, do Teletubbiepoop, fiz uma espécie de Phoenix Wrong um pouco mais incrementado.

Ao invés de usar apenas uma source por cena, em várias cenas rápidas, característica dos Phoenix Wrongs, usei frases mistas em uma cena grande e contínua. Usei tudo o que sabia de edição de vídeo para usar algo além de sprites. Esse vídeo experimental, com um Audioswap primitivo, é o que vocês conhecem como Grande Nappa, Fracassado Attorney, que hoje considero como o meu primeiro Poop.

>> Parte 2

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Lucas

Respira videogames, às vezes faz vídeos pra Internet. Pode twittar frases que não terminam do jeito que você calopsita.