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2 min readMar 20, 2017

DONKEY KONG COUNTRY 3: DIXIE KONG’S DOUBLE TROUBLE! | CALLISTO GIOVANINI

Donkey Kong Country 3 não passava de um cartucho empoeirado no meu armário, abandonado pela criança que já fui. Agora está devidamente limpo e funcionando com uma leve soprada, por força da tradição. Dois macacos pulam na tela e sem demora me encontro no agradável overworld. Fala sobre tranquilidade com suas cores outonais, seus ursos com problema de cidade pequena e sua flora domesticada.

Entretanto, a fauna de suas fases conversa muito menos comigo. Não me sugere a gravidade do momento, sequer reage a minha presença. No jogo dos macacos, os animais são meros objetos. Boa parte deles estão apenas parados em meu caminho. Alheios. Impessoais.

Por consequência, são poucos os vocábulos para que o jogo se expresse. Fases aéreas soam como fases aquáticas onde abelhas desempenham papel similar aos dos peixes. Vez ou outra, ratos, jacarés e porcos-espinho trocam papéis sem a alteração do resultado. Novos puzzles já nascem velhos e o desafio vira formalidade.

A câmera, bem próxima dos protagonistas, faz com que os vilões entrem e saiam de seu campo de visão rapidamente, como balas de canhão. Assim, o que a tela mostra com frequência é o jogador sozinho. E a direção de arte ou os pequenos artifícios que diferenciam cada level não conseguem esconder esta estranha solidão.

O capítulo final da trilogia oferece-me a experiência de uma vida sem grandes narrativas. Onde personagens apáticos propõem desafios mundanos. E o bucolismo do agradável overworld reflete tudo isso. Donkey Kong Country 3 me conserva num limbo entre tédio e euforia. Entre tensão e tranquilidade. Entre amor e ódio. Apenas existindo.

Deixo isto para a fita que voltará a acumular poeira no fundo de um móvel velho.

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