CRÍTICA: QUASE DEZOITO (2017) — Um Coming Of Age necessário!

Paula C. Carvalho
3 min readJul 25, 2018

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Quase Dezoito (The Edge of Seventeen, 2017), dirigido e roteirizado por Kelly Fremon Craig nos traz um roteiro nu e cru dos dramas adolescentes e um retrato bem sincero das angústias (incompreendidas) da transição para vida adulta.

Na produção, acompanhamos Nadine (Hailee Steinfeld), uma típica adolescente desajustada que não possui nenhum amigo além da melhor amiga de infância, Krista (Haley Lu Richardson). Nadine é mal-humorada, ácida, mimada, possuí problemas de aceitação, além de um péssimo relacionamento com o irmão mais velho Darian (Blake Janner) e com a mãe Mona (Kyra Sedgwick).

O mundo de Nadine começa a “desmoronar” quando Krista começa um relacionamento com seu irmão Darian e é desse ponto que o desenvolvimento da história parte. Podemos pensar, em um primeiro momento, que a maneira conturbada que Nadine lida com a notícia do relacionamento entre eles é de fato exagerada e reflete comportamentos muito recorrentes de uma idade que enxerga tudo ao extremo, porém se olharmos para a personagem com a devida atenção podemos compreender os motivos de Nadine. Darian é o cara popular da escola, bonito e gente boa enquanto Nadine é impopular, se enxerga feia e intragável para as pessoas e só possuí uma única amiga. Todos os sentimentos negativos de Nadine para com ela e com a vida se intensificam com a “perda” da melhor amiga e provocam uma sucessão de atitudes equivocadas.

Com um ponto de partida simples, a narrativa de Quase Dezoito nos faz passear pelos dramas de Nadine que perpassam muito além da melhor amiga. É bastante linear, vemos com clareza os dilemas que Nadine vai enfrentando internamente e a forma como ela expressa isso no seu exterior, podemos acompanhar as mudanças na forma de se enxergar e de enxergar o mundo. Acompanhamos a personagem se abrindo para as pessoas, para amizades, para a família e para os relacionamentos amorosos e saindo da caixinha em que ela mesma se colocava.

O filme nos presenteia com ótimos diálogos, principalmente entre Nadine e seu professor Sr. Bruner (Woody Harrelson), ambos possuem uma relação de “igual para igual” e trocam desfeitas um com o outro. É normal existir em filmes com essa temática a relação aluno/professor (As Vantagens de Ser Invisível, por exemplo), porém aqui funciona de forma muito distinta. Embora o professor claramente procure ajudar Nadine, a forma escolhida é bastante peculiar e pouco convencional.

Mesmo com bons coadjuvantes, como a promissora Haley Lu Richardson (do excelente Columbus) e o veterano Woody Harrelson, e Steinfeld que rouba a cena nos entregando uma interpretação impecável (não vamos esquecer que ela nos arrebatou com Bravura Indômita). Você se pega amando Nadine até nos momentos de pura birra da personagem. Nadine é o pilar do roteiro, todas as interações têm ela como foco e Steinfeld não desaponta em nenhum momento, trazendo todos os holofotes para ela.

Quase Dezoito é um Coming of Age mais que necessário para você que curte o gênero. Ele é sincero, real e vai te fazer ficar triste por ter chegado ao final, pelo simples fato de que poderíamos acompanhar Nadine por horas e horas sem cansar dela. As doses de comédia e drama estão ali, os clichês estão ali, tudo muito bem colocado e funcionando dentro da narrativa.

PS: O filme bebe muito na fonte de John Hughes, então se você curte a filmografia do diretor esse filme é para você.

Nota: 9,0

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