‘X-Men 2’ — Amplia a discussão
SINOPSE: Quando o coronel anti-mutante William Stryker sequestra o Professor X e ataca sua escola, os X-Men devem se aliar ao seu arqui-inimigo Magneto para detê-lo.
ROTEIRO: Zak Penn, David Hayter e Michael Dougherty.
ELENCO: Hugh Jackman, Patrick Stewart, Brian Cox, Halle Berry, Anna Paquin, Famke Janssen, Alan Cumming, Shawn Ashmore e Ian McKellen.
Após o sucesso do primeiro filme, não se perdeu tempo para viabilizar a produção de X-Men 2. Originalmente, este projeto teria um investimento próximo dos 125 milhões, mas já na pós-produção, a Fox simplesmente decidiu cortar o orçamento para 110 milhões, obrigando a equipe criativa a cortar cenas que não seriam finalizadas. Mesmo com o estúdio jogando contra, o longa teria um grande resultado de bilheteria e crítica, pavimentando diversos planos para o futuro da franquia (que quase iriam por água abaixo dois anos depois, mas isso é assunto pra outro dia).
Segundo os roteiristas, eles tomaram inspiração em uma das obras mais conceituadas da equipe, a HQ ‘Deus Ama, o Homem Mata’. Com isso, a trama toma como ponto de partida e principal base a repressão contra os mutantes.
São estabelecidos alguns paralelos com o preconceito sofrido por minorias no mundo real. Temos, por exemplo, um personagem se assumindo (mutante) para sua família, e definitivamente não recebendo a melhor das respostas, ou líderes que incentivam o extermínio de outros povos.
Infelizmente, apesar dessas boas ideias, o roteiro sofre para conseguir articular todos os pontos que levanta. Além da questão da discriminação, tem muitos personagens, e o texto tenta trazer um arco para a maioria deles, tudo junto de um conflito, pois afinal precisa-se de cenas de ação.
O longa acaba ficando muito inchado, não há tempo para desenvolver cada um dos temas. Portanto, vários personagens têm relevância apenas por um curto período, e depois acabam deixados de lado, assim como várias sub-tramas não recebem qualquer aprofundamento. Houve até um período de reescrita para tentar fazer com que mais mutantes tivessem ações importantes, e mesmo assim grande parte deles fica escanteado a maior parte do longa.
Com isso, há a decisão de fragmentar a narrativa em diferentes frentes. Esse modelo acaba sendo bem arriscado, pois em algum momento tudo precisa se encontrar, e aí são necessárias conexões sólidas, que não é o caso aqui. Ocorrem algumas coincidências bem convenientes, que abusam da boa fé do espectador.
Outro desafio é o de alternar o foco para todas as frentes, no qual ‘X-men 2’ falhou miseravelmente. Várias vezes, um segmento fica estacionado para que outro o alcance, e só retorna quando está quase sendo esquecido.
Ainda assim, a trama é costurada de forma com que cada elemento importante seja introduzido com antecedência. William Stryker é um sólido vilão, que se encaixa perfeitamente na temática, e ainda tem uma boa atuação de Brian Cox.
Nas cenas de ação, gosto bastante do estilo acrobático adotado, onde os personagens fazem pulos improváveis, saem voando a cada pancada. As coreografias trazem uma agilidade aos combates que deixa tudo muito dinâmico, algo que a direção soube trabalhar muito bem.
‘X-Men 2’ é um filme repleto de boas ideias, que faz ótimos paralelos com discriminação e repressão de minorias. Infelizmente, não consegue articular tão bem todos os seus elementos narrativos, e acaba bem inchado, com um desenvolvimento que deixa a desejar.