Da condenação bíblica à veneração católica à Maria, aos santos e aos ícones

Redescobrindo Deus
14 min readJan 15, 2023

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Introdução

“Veneração” é como católicos romanos tradicionalmente nomeiam o culto que dedicam à Maria, aos santos e aos ícones e relíquias que os representam e referenciam. Conforme descrevem, essa prática equivale a prestar honras e dedicar reverências, o que seria diferente da prática de adoração, a qual deve ser dedicada apenas a Deus. Desse modo, faz-se a diferenciação entre dulia e latria, sendo esta a adoração que deve ser entregue somente a Deus enquanto aquela é a tal veneração. Ademais, fala-se ainda em hyperdulia, que é uma veneração (dulia) em um grau de intensidade maior dedicada exclusivamente à Maria. Já outro termo também utilizado por católicos para se referir à veneração é proskynesis, o qual, segundo eles, também é diferente da adoração. Posto isso, católicos apontam para a distinção entre dulia e proskynesis e latria para se defenderem de acusações que afirmam que adoram algo diferente de Deus. Contudo, conforme será demonstrado a seguir, essas distinções são superficiais e problemáticas, de tal modo que pode ser dito que a veneração católica configura adoração e que, portanto, é biblicamente condenável.

Da condenação bíblica à dulia católica

Dulia vem do grego douleuo, que significa ser escravo de alguém. E, na Bíblia, encontramos, no mínimo, cinco sentidos de dulia e suas flexões. O primeiro sentido que podemos mencionar é o de literalmente servir como escravo, como podemos ver aqui¹:

“Todos os que estão sob o jugo da escravidão (douloi) devem considerar seus senhores como dignos de todo o respeito, para que o nome de Deus e o nosso ensino não sejam blasfemados. Os que têm senhores crentes não devem ter por eles menos respeito, pelo fato de serem irmãos; pelo contrário, devem servi-los (douleuetōsan) ainda melhor, porque os que se beneficiam do seu serviço são fiéis e amados. Ensine e recomende essas coisas”. (1 Timóteo 6:1,2)

O segundo sentido é o de servir em comunidade, como podemos ver aqui:

“Irmãos, vocês foram chamados para a liberdade. Mas não usem a liberdade para dar ocasião à vontade da carne; pelo contrário, sirvam (douleuete) uns aos outros mediante o amor”. (Gálatas 5:13)

O terceiro sentido é o de servir em submissão sem haver escravidão:

“Todavia, antes que os gêmeos nascessem ou fizessem qualquer coisa boa ou má — a fim de que o propósito de Deus conforme a eleição permanecesse, não por obras, mas por aquele que chama — foi dito a ela: ‘O mais velho servirá (douleusei) ao mais novo’”. (Romanos 9:11,12)

O quarto sentido é o de figurativamente servir como escravo, como podemos ver aqui:

“Jesus respondeu: ‘Digo-lhes a verdade: Todo aquele que vive pecando é escravo (doulos) do pecado”. (João 8:34)

E aqui:

“Graças a Deus por Jesus Cristo, nosso Senhor! De modo que, com a mente, eu próprio sou escravo (douleuō) da lei de Deus; mas, com a carne, da lei do pecado”. (Romanos 7:25)

Por fim, como quinto sentido, encontramos o conceito de dulia sendo usado por Paulo para se referir a ele mesmo como servo de Cristo, ou seja, um sentido de serviço religioso:

“Paulo, servo (doulos) de Cristo Jesus, chamado para ser apóstolo, separado para o evangelho de Deus,” (Romanos 1:1)

E esse sentido também é usado por Paulo para se referir ao serviço religioso prestado a outros deuses, isto é, ao que chamamos hoje de idolatria:

“Antes, quando vocês não conheciam a Deus, eram escravos (edouleusate) daqueles que, por natureza, não são deuses”. (Gálatas 4:8)

Diante disso, percebemos que o conceito de dulia que católicos romanos utilizam para se referir ao culto à Maria e aos santos é bastante versátil, o que implica que o termo não é tão explicativo como pensam para distinguir veneração de adoração. Afinal, o conceito também é biblicamente usado para se referir ao serviço a Deus, o que inclui, evidentemente, adoração.

Mas católicos romanos prosseguem afirmando que, ao dedicarem dulia à Maria e aos santos, estão apenas lhes prestando honras e reverências. Ou seja, essa dulia a qual se referem equipara-se, segundo eles, aos gestos de ofercer honras e de reverenciar. Posto isso, esse sentido de dulia é mais próximo dos sentidos usados por Paulo em Romanos 9:11–12 e em Gálatas 5:13, quando, respectivamente, ele fala sobre a submissão de Esaú a Jacó e diz para os cristãos servirem uns aos outros mediante o amor, uma maneira de falar em respeito mútuo. Contudo, o sentido empregado por católicos não é meramente o de submissão ou de respeito mútuo, uma vez que nos cultos de veneração à Maria e aos santos é de praxe observarmos preces e cânticos em grande exaltação dedicados a eles. Desse modo, o sentido de dulia presente na veneração católica não é o mesmo que muitos católicos alegam ser, a saber o de mero respeito, honra e reverência que ordinariamente dedicamos aos nossos pais, autoridades, pessoas a quem admiramos etc. Afinal, não dirigimos preces e nem cânticos em grande exaltação a essas pessoas. Além do mais, honras a essas pessoas são destinadas em suas presenças, o que é bem diferente da veneração católica, que supõe que de algum modo a veneração feita na Terra é entregue sobrenaturalmente a quem não está presente na vida terrena.

Posto isso, ao observarmos cuidadosamente os sentidos de dulia empregados na Bíblia, podemos perceber que o sentido que mais se aproxima da dulia católica à Maria e aos santos é o de serviço religioso, que aparece quando Paulo fala sobre o serviço a Jesus e a outros deuses. Desse modo, aquela distinção entre veneração e adoração torna-se complicada à luz da Bíblia, ainda mais quando notamos que, no contexto em meio ao paganismo em que a carta aos Gálatas foi escrita, preces e cânticos em exaltação eram vistos como elementos tipificadores de adoração. Quando, por exemplo, vemos o testemunho de Orígenes no século III em Contra Celso, as preces e os cânticos destinados a algo ou alguém estavam entre as atitudes que configuravam adoração. E é exatamente por isso que Orígenes combate a destinação de preces e cânticos àqueles que não são Deus, deixando claro que cânticos e preces devem ser dedicadas apenas a Deus [1]. Portanto, notamos que, naquele contexto, a adoração a deuses tinha como elementos preces e cânticos. E isso é indicativo que, no serviço condenado por Paulo que os gálatas dedicavam àqueles que, por natureza, não eram deuses, estava o direcionamento de preces e cânticos e que isso foi condenado por Paulo justamente por ser visto como elementos de adoração dedicados quem não é Deus. Portanto, como essa dulia foi condenada nas Escrituras por caracterizar adoração àqueles que não eram deuses e como há na dulia católica os mesmos elementos, segue-se que a dulia católica é condenável, certo que direciona àqueles que não são deuses aquilo que, no contexto de Paulo, era visto como configurando adoração, a saber: preces e cânticos.

Diante disso, resta ao católico recorrer a subterfúgios para tentar justificar, por exemplo, que ele não destina preces e cânticos à Maria e aos santos com a mesma finalidade que os pagãos destinavam aos seus deuses. Mas esses elementos da veneração católica seriam tão escandalizantes aos cristãos dos primeiros séculos, como Paulo, que dificilmente não seriam encarados como idolatria independente de qualquer subterfúgio, uma vez que a veneração católica efetivamente inclui aquilo que era encarado como adoração naquele contexto. E uma prova de que a veneração aos moldes católicos não estava presente entre os cristão desde o século I é a seguinte passagem do Evangelho de Lucas, datado em torno do ano 85 d.C:

“Quando Jesus dizia estas coisas, uma mulher da multidão exclamou: ‘Feliz é a mulher que te deu à luz e te amamentou’.
Ele respondeu: ‘Antes, felizes são aqueles que ouvem a palavra de Deus e lhe obedecem’”. (Lucas 11:27,28)

Ora, se a veneração católica dedicada à Maria, aos santos e aos seus ícones, que é seguida de preces e cânticos, fosse uma realidade desde o século I, seria esperado que, em um dos principais escritos do século I sobre a vida de Jesus, fosse-lhe atribuída alguma fala substancial nesse momento da narrativa que remetesse a essa veneração. Mas o que vemos é uma narrativa em que Jesus, diante de uma honra dedicada à Maria, rebate tal atitude com uma fala que prioriza indistintamente todos aqueles que ouvem a palavra de Deus e lhe obedecem. Se houvesse veneração católica desde esse período, o esperado seria encontrarmos outras palavras atribuídas a Jesus, já que estamos diante da narrativa que traz uma ótima oportunidade para ensinar algo envolvendo alguma veneração substancial à Maria. Posto isso, dificilmente os cristão do primeiro século, como Paulo, não se escandalizariam com venerações seguidas de preces e cânticos àqueles que não são deuses e não as remeteriam à adoração tipicamente pagã condenada por Paulo, independente de qualquer subterfúgio.

Já outra atitude que, segundo o testemunho de Orígenes, caracterizava adoração era o culto por meio de ícones [2]. E isso é indicativo que, no serviço que os gálatas dedicavam àqueles que não eram deuses, também estava o culto por meio de ícones. Sendo isso outra característica comum à dulia católica, que inegavalmente vai além da mera honra ou reverência, pois ordinariamente não cultuamos por meio de ícones aquele que honramos. Logo, como aquela dulia foi condenada nas Escrituras por tipificar-se como adoração àqueles que não eram deuses justamente por incluir, dentre outras coisas, culto por meio de imagens e como há na dulia católica esse elemento, segue-se, novamente, que a dulia católica é condenável. E, curiosamente, Celso defendia-se alegando o que católicos afirmam baseando-se na teoria do protótipo: a imagem é apenas um meio para que o culto seja entrege ao ser cultuado [3]. Católicos afirmam que destinam culto aos ícones a fim de que tal culto seja entregue ao protótipo representado, como Maria ou os santos. Dessa maneira, defendem-se alegando que o culto não tem como fim os ícones em si, mas sim aqueles que os ícones representam. Mas, ora, Celso, que era pagão, defendia-se do mesmo modo. E muito dificilmente uma prática de culto por meio de ícones não seria tratada como adoração tipicamente pagã por cristãos do século I, como Paulo, uma vez que atualmente se sabe, mediante vastas evidências históricas, que a iconodulia não era uma prática existente entre os cristãos até o século IV, conforme reconhece o grande estudioso católico Richard Price [4]:

“[A] afirmação iconoclasta de que a reverência às imagens não remontava à idade de ouro dos pais [isto é, 325–451], muito menos aos apóstolos, seria julgada por historiadores imparciais hoje como simplesmente correto” (tradução nossa)

Diante de tudo isso, fica claro que a veneração (dulia) católica não é uma mera prestação de honras e reverências, mas sim uma prática com elementos que, no contexto dos cristãos dos primeiros séculos, eram vistos como configuradores de adoração. Por fim, a leitura dos textos bíblicos elencados deixa clara que a única dulia legítima no contexto de culto religioso é aquela dedicada a Deus, a qual é caracterizada pela entrega pessoal como um escravo a Deus, e somente a Ele. Portanto, a dulia tipicamente católica, na qual estão inclusas preces, cânticos e cultos por meio de ícones, é biblicamente condenável.

Da condenação bíblica à proskynesis católica

Já outro termo utilizado por católicos para se referirem à veneração a fim de distingui-la da adoração é proskynesis. Novamente, à primeira vista, esse tipo de apontamento parece responder suficientemente qualquer polêmica que acuse católicos de adorarem aqueles que não são deuses. Contudo, novamente, não é tão simples assim. Se observarmos o sentido de proskynesis e suas flexões presente nos textos bíblicos, iremos encontrar dois possíveis sentidos: adorar e prostar-se em reverência. Um exemplo do primeiro sentido podemos ver claramente a seguir:

“Jesus lhe disse: ‘Retire-se, Satanás! Pois está escrito: ‘Adore (proskunéo) o Senhor, o seu Deus e só a ele preste culto’’”. (Mateus 4:10:)

Já um exemplo do segundo sentido vemos, por exempo, em Apocalipse 3:9, quando Jesus diz:

“Vejam o que farei com aqueles que são sinagoga de Satanás e que se dizem judeus e não são, mas são mentirosos. Farei que se prostrem (proskunéo) aos seus pés e reconheçam que eu amei você”. (Apocalipse 3:9)

Desse modo, notamos que há um sentido que se refere à adoração propriamente dita e outro sentido que se refere apenas a um ato de prostar-se em reverência. Na Septuaginta também observamos isso, quando vemos “proskunéo” aparecendo para denotar o ato de se prostar em reverência a, por exemplo, um rei (1 Sam 24:8) e para denotar o ato de adorar outros deuses (Ex 23:24).

Posto isso, a princípio, o católico pode dizer que o sentido de proskynesis que é dedicado à Maria, aos santos e aos seus ícones é aquele de mera prostração em reverência. Contudo, novamente, a veneração católica vai além da mera prostração, pois é de praxe, durante o ato, observarmos preces, cânticos e cultos por meios de ícones. Claramente, isso se aproxima muito mais do sentido de adoração do que o de mera prostração em reverência. Diante disso, o católico pode se defender dizendo que sua proskynesis denota um meio termo entre as duas coisas, em que há elementos que podem se assemelhar à adoração, mas que não há tipificação da adoração propriamente dita. Mas, mesmo que concedamos essa possível saída argumentativa, o católico continua enfrentando um problema insuperável diante da seguinte passagem de Apocalipse, quando João prostra-se diante de um anjo:

“Então caí aos seus pés para adorá-lo (proskynēsai), mas ele me disse: ‘Não faça isso! Sou servo como você e como os seus irmãos que se mantêm fiéis ao testemunho de Jesus. Adore (proskynēson) a Deus! O testemunho de Jesus é o espírito de profecia’”. (Apocalipse 19:10)

Vemos aqui que João é repreendido pelo anjo por prostrar-se diante dele (proskynēsai). E aqui cabem algumas questões. Será que João, apóstolo, prostraria-se diante de um anjo, sabendo que é um anjo (Ap 19:9), para intencionalmente o adorar? Parece que não, pois crer nisso seria crer que um apóstolo que teve contato direto com os ensinamentos de Jesus incorreu no gravíssimo pecado da idolatria de maneira intencional. Mas será que João prostrou-se diante do anjo apenas em um gesto de simples reverência? Também parece que não, uma vez que, como vimos, a simples reverência a alguém que não é Deus não é algo condenável nas Escrituras. Diante disso, uma possibilidade é que o gesto de João repreendido pelo anjo e que deve ser dedicado apenas ao próprio Deus é justamente um meio termo entre adoração e mera reverência, em que há elementos semelhantes à adoração, mas que ainda não é a adoração propriamente dita. Isso ou que João, ao buscar reverenciar o anjo, por descuido incorreu em adoração propriamente dita.

Sendo uma coisa ou outra, o que notamos é que, no melhor dos casos, proskynesis dedicada àqueles que não são deuses pode incorrer em adoração, o que significa que é uma atitude temerária que põe o sujeito sob o risco iminente de pecar e, portanto, deve ser desincentivada. Afinal, se um apóstolo incorreu nesse erro por descuido, imagine uma pessoa comum. Já no pior dos casos, proskynesis dedicada a ícones, mesmo não sendo adoração, mas sim um meio termo entre adorar e reverenciar, é uma atitude pecaminosa por si só, uma vez que, mesmo nesse sentido, proskynesis deve ser dedicada apenas a Deus.

Contudo, diante disso, há quem afirme que o anjo não pediu que João não lhe dedicasse proskynesis porque é proibido dedicar proskynesis ao anjo, mas sim porque João foi equiparado em dignidade ao anjo e, portanto, não precisava reverenciá-lo como alguém de maior importância. Essa interpretação foi dada por Tomás de Aquino [5], conforme podemos ver a seguir:

“Segundo a reverência devida a Deus, João foi proibido de adorar um anjo, quer para mostrar a dignidade conferida por Cristo ao homem equiparando-o aos anjos, pois aí se acrescenta: ‘Eu sou servo como tu e teus irmãos’; quer para afastar o perigo de idolatria, pois é acrescentado: ‘Adora a Deus.’”

Contudo, essa objeção é falha em razão de ignorar que, quando o anjo falou que era um servo como João, ele não estava dizendo que só João ou um grupo seleto de pessoas eram servos como ele, mas sim que, além de João, seus irmãos eram como ele. Note que, quando o anjo fala “teus irmãos”, ele não expressa qualquer distinção; ele se refere indiscriminada aos “irmãos” de João, que é como histórica e tradicionalmente cristãos chamam uns aos outros. Ou seja, o anjo não estava dizendo que João era igual em dignidade a ele, mas apenas dizendo que João, assim como os cristãos em geral, são servos tal qual o anjo diante de Deus, logo, somente Deus merece a proskynesis dedicada por João. Desse modo, quando o anjo repreendeu João, seu ponto é que só Deus merece a proskynesis que João lhe dedicou. Afinal, o anjo prossegue: “Adore (proskynēson) a Deus!”. Então, evidentemente, João dedicou ao anjo algo que deve ser dedicado somente a Deus.

E é curioso notar que Tomás de Aquino acrescenta que a repreensão do anjo também tinha como possível finalidade afastar o perigo de idolatria. Ou seja, Aquino reconhece que, por descuido, a proskynesis que João dedicou ao anjo tinha o risco de incorrer na adoração que deve ser destinada apenas a Deus e que, por conta disso, foi desincentivada pelo anjo. Mas, ora, não é exatamente isso o ponto exposto anteriormente? Se um apóstolo que conviveu com Jesus estava sujeito a isso, o que dizer de pessoas comuns? Exatamente por isso a proskynesis católica, que não é meramente uma honra ordinária, mas sim uma atividade que inclui preces, cânticos e culto por meio de imagens, é uma atitudade temerária, ainda mais quando praticada pela esmagadora maioria de populares que não possuem grande ciência quanto às nuances teológicas envolvendo isso.

Ademais, o católico pode ainda argumentar que o problema da proskynesis de João não foi devido à proskynesis em si enquanto um meio termo entre a mera reverência e a adoração, mas sim devido à sua intensidade. Ou seja, o problema seria que João dedicou ao anjo uma veneração tão intensa que configurou algo que é devido apenas a Deus. Esse argumento foi utilizado no Catecismo do Concílio de Trento [6], que não discordou que João ofereceu ao anjo uma proskynesis que é devida apenas a Deus:

“É verdade que às vezes lemos que os anjos se recusaram a ser adorados pelos homens; mas a adoração que eles se recusaram a aceitar era a honra suprema devida somente a Deus: o Espírito Santo que diz: ‘Honra e glória somente a Deus’, nos ordena também a honrar nossos pais e anciãos;e os homens santos que adoravam um só Deus, também são ditos nas Escrituras como tendo ‘adorado’, isto é, suplicado e venerado, reis”. (tradução nossa)

Mas o que é uma honra suprema devida somente a Deus senão a adoração propriamente dita? Dado que um apóstolo jamais destinaria intencionalmente a alguém que não é Deus uma adoração que é devida somente a Deus, se João errou ao honrar de maneira suprema o anjo, isso significa que, por descuido, João incorreu em adoração propriamente dita ao tentar oferecer um culto ao anjo que não era mera reverência e nem a adoração devida a Deus. Isso apenas reforça o fato de que a proskynesis católica destinada à Maria, aos santos e aos seus ícones deve ser desincentivada, por ser uma atitude temerária que coloca as pessoas sob o iminente risco de cometer idolatria, ainda mais quando, como dito anteriormente, é praticada pela esmagadora maioria de populares que não possuem grande ciência quanto às nuances teológicas envolvendo isso.

Conclusão

Conforme detalhadamente demonstrado à luz da Bíblia, a distinção entre veneração e adoração feitas por católicos é superficial e problemática. Uma vez que, quando analisamos mais de perto os sentidos das palavras traduzidas para veneração e adoração, perceberemos que a diferença entre elas é vaga no melhor dos casos ou inexistente no pior dos casos. Portanto, a fim de que não incorram em idolatria ou pelo menos na iminência de incorrerem em idolatria, os cristãos devem se afastar da prática de veneração católica.

NOTAS:

¹Todas as passagens bíblicas presente neste texto são da Nova Versão Internacional (NVI), contudo, as palavras em grego do texto original e colocas entre parênteses nas citação são acréscimos meus provenientes da versão interlinear grego-inglês do site https://biblehub.com/

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁGICAS:

[1] Orígenes, Contra Celso

[2] Ibdem

[3] Ibdem

[4] The Acts of the Second Council of Nicaea (787)

[5] Suma Teológica, Vol. 6

[6] Concílio de Trento. Parte 3: O primeiro mandamento

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