Posição de impedimento

Renata Andrade
1 min readMay 9, 2016

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Fui a um bar com uns amigos e tão logo pus os pés lá dentro, vi um cara, que estava sentado numa mesa com outros caras, acenando na minha direção. Notei que era comigo, então olhei de rabo de olho. Não o reconheci. Definitivamente, não era um velho conhecido me reencontrando por acaso na rua.

Enquanto ele revezava “psiu!”, “ei!”, “ô, morena!” e outras expressões de chamamento fácil, eu me fazia de difícil. Ele insistia e eu, cá com meus botões, me perguntava: “esse cara ainda não se ligou que tô nem aí pra ele?”. Resolvi que era melhor fingir que não estava vendo toda aquela tentativa insistente de ganhar a minha atenção. E como ele se esforçou…

Depois de tanto insistir, olhei já meio irritada e com cara de “o que você quer, hein?”. Foi aí, então, que ele, muito educadamente e com as mãos postas de quem implora para que uma graça seja alcançada, pediu que eu, que estava em pé, saísse da frente da tevê. Estava passando um jogo do Flamengo e eu lá criando varizes na frente dele. Falta para cartão, sem dúvida.

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Renata Andrade

Autoproclamada fina flor de Oswaldo Cruz, Madureira e adjacências. Autora roteirista da TV Globo e cronista desde sempre.