Li os 100 “melhores” livros de fantasia e ficção científica — e eles eram chocantemente ofensivos.

Lady Sybylla
13 min readNov 2, 2017

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Por que tantos livros da lista de melhores obras de ficção científica da National Public Radio são misóginos e por que não largamos nossa nostalgia por eles?

Texto escrito por Liz Lutgendorff para o Newstatesman em 13 de agosto de 2015. Tradução livre por Sybylla.

Quando se trata do melhor de qualquer coisa, o que você espera? Se é ficção científica e romances de fantasia você quer aventuras épicas e sair de situações impossíveis. Mas o que você costuma ter é um disfarçado sexismo e uma incapacidade de imaginar qualquer universo onde as mulheres estejam envolvidas nos atos de bravura.

No final de 2013, após um ano lendo bem pouco, decidi embarcar em um desafio: ler todos os livros que eu ainda não tinha lido da lista dos 100 melhores livros de ficção científica e fantasia da NPR. A nostalgia domina a lista. Dos livros que li, havia mais livros publicados antes de 1960 do que depois dos anos 2000. A grande maioria foi publicada entre 1970 e 1980. Havia também muitas obras-primas de ficção científica ou romances inovadores. No entanto, inovadores a 30, 40, 50 ou 100 anos atrás, agora podem parecer horrivelmente desatualizados e chocantemente ofensivos.

É o caso de The Forever War [de Joe Haldeman], um dos raros livros que retratam homossexualidade. A história gira em torno de recrutas, enviados para lutar com uma nova raça alienígena, mas em escalas de tempo relativísticas. Como eles passam a maior parte do tempo viajando em velocidades relativísticas, na Terra várias centenas de anos se passaram. No entanto, apesar de terem os mesmos anos de combate, uma das personagens femininas secundárias, Marygay, só se torna um oficial executivo [primeiro-oficial], enquanto Joe, o protagonista masculino, se torna major.

O mais inquietante é que o regulamento militar força a promiscuidade das mulheres recrutas:

“A orgia naquela noite foi divertida, mas era como tentar dormir no meio de uma festa na praia. A única área grande o suficiente para dormir todos juntos era o refeitório; eles penduraram alguns lençóis aqui e ali para ter privacidade, e soltaram os dezoito homens sedentos de Stargate em nossas mulheres, complacentes e promíscuas por costume militar (e lei).”

Talvez possamos assumir que os homens também sejam promíscuos, mas não é mencionado. Assumindo que tanto homens quanto mulheres sejam soldados e igualmente fortes, já que todos possuem exoesqueletos de combate, por que apenas as mulheres são obrigadas, de acordo com o regulamento, a dormir com os caras?

O que eu odiei e mais temi enquanto continuava a ler a lista, era o sexismo contínuo e generalizado — mesmo em livros aparentemente progressistas para sua época. Eu devorava ficção científica e fantasia quando era mais jovem — a idéia de que também estava devorando idéias patriarcais e sexistas me deixou profundamente desconfortável. O fato de que todos deveriam ser o melhor do gênero era ainda mais chocante.

Testando o sexismo na FC

Revoltada depois ler os primeiros dez livros, fiz minha versão do Teste de Bechdel adaptado para os livros. Pensei que poderia perguntar algo mais do que perguntaria para filmes, já que nos livros há mais tempo de exposição e exploração de ideias complexas.

O teste tem três questões simples:

  1. Existem pelo menos duas personagens femininas?
  2. Uma delas é a personagem principal?
  3. Elas têm uma profissão interessante ou habilidades como os personagens masculinos?

Foi assombroso ver quantos não passaram. Alguns falharam na primeira pergunta, como Sword of Shannara [A Espada de Shannara]. Em um universo vagamente inspirado em O Senhor dos Anéis, um rapaz parte em uma jornada para salvar o mundo, enquanto é perseguido por vários orcs e minions malvados. Depois de falar de três mães mortas (dos protagonistas masculinos), finalmente aparece uma mulher lá pelo final: uma mulher aparentemente inteligente e educada chamada Shirl. No entanto, depois que o homem que ela resgata (depois que ele a resgatou) acorda, ele diz a ela: “Não faça perguntas agora, apenas faça o que eu digo”.

Você se pergunta por que Shirl tinha que estar lá. Neste livro e outros, senti que o livro seria menos sexista se não houvesse nenhuma mulher. Pelo menos dessa forma, elas não seriam menosprezados nem seriam tratadas com desprezo.

Até o fim do livro, Shirl apenas fica nos braços do herói e não tem nenhum impacto no enredo. Ela é a única mulher em 664 páginas e está lá apenas para ser o objeto de desejo dos dois protagonistas masculinos.

Muitos também falharam na segunda questão, como Out of the Silent Planet [Além do Planeta Silencioso] e Rendezvous with Rama [Encontro com Rama].

Out of the Silent Planet, de CS Lewis, era um dos livros mais velhos da lista, além de Júlio Verne. Foi uma das primeiras tentativas de explicar um voo espacial e o encontro com uma raça alienígena. A maior parte do enredo envolve um personagem, Ransom, tentando entender os aliens antes de escapar e voltar para a Terra. O aspecto mais divertido do livro é a física ridícula. Há uma mulher na história, com quem Ransom troca algumas palavras em três frases e depois ela desaparece. Talvez seja possível perdoar devido à idade da obra, pois o livro é 1938.

O mesmo não se pode dizer de Rendezvous with Rama, escrito em 1973. Foi criticamente aclamado e ganhou muitos dos principais prêmios, como o Nebula, o prêmio da British Science Fiction Association, o Hugo e o Locus. A história foca em um grupo de exploradores que investigam uma misteriosa espaçonave que entra no sistema solar.

Enquanto existem mais mulheres, quase todas são subordinadas aos homens. Há uma figura feminina de autoridade no Conselho de Rama (uma organização que cuida dos esforços da investigação), mas ela não tem uma participação significativa. Também me irritou o fato de, inexplicavelmente, o personagem principal ter dormido com quase todas as mulheres do livro.

Finalmente, a maioria falhou na terceira questão por suas personagens femininas eram todas mães, enfermeiras ou interesses amorosos. Eram personagens passivos, com pouca relevância ou desenvolvimento, como a mulher em A Canticle for Leibowitz [Um Cântico para Leibowitz] e Magician [Mago: Aprendiz]. Elas são meros cenários para adicionar um pouco de textura ao mundo dominado pelos homens.

A Canticle for Leibowitz se passa em um futuro pós-apocalíptico, onde monges estudam como recuperar a “ciência perdida”. Claro que por se passar em um monastério, há poucas mulheres, nenhuma delas nem remotamente importante para o enredo. Magician, com 841 páginas, certamente tem mulheres, pensei. A premissa tem algum apelo; há uma brecha entre dois mundos e o exército de um invade o outro. A paz só é atingida quando o personagem principal obtiver poderes da magia e conseguir forçar o fim da guerra através dela.

Então existem algumas mulheres, mas acredito que nenhuma delas precise existir para o enredo funcionar. Em algum momento eu esperava que a rainha elfa controlaria os líderes predominantemente masculinos do livro. No entanto, minhas esperanças rapidamente ruíram quando ela é ferida por um dos protagonistas. Qualquer capacidade potencial que ela tivesse é rapidamente suplantada pelo crescente poder e influência de outros mundos sobre os elfos. Ela passa a maior parte do tempo preocupada com ele [o protagonista que a feriu]. A maioria das outras mulheres apenas existem para serem desejadas pelos vários homens do livro e para preencher algumas das 841 páginas.

De mal a pior

Por outro lado, os livros de fantasia pareciam ser distorções obscuras do período medieval. O primeiro deles, Dragonflight, era uma caricatura do período medieval com níveis irreais de opressão e os lordes podendo explorar sexualmente qualquer mulher de classe baixa que desejassem.

O enredo gira em torno de uma praga do espaço (os threads) que eliminará tudo naquele planeta, a menos que os heróis,a maioria deles homens, consiga derrotá-los (claro). Por algum motivo, a melhor maneira de combater os threads é com dragões.

Os protagonistas masculino e feminino se odeiam, mas seus dragões se amam e assim que seus dragões copulam, bem, você entendeu. Entretanto, há um aspecto mais sombrio e mais violento para isso:

“Ele tinha sido um amante atencioso e gentil desde então, mas, a menos que Ramoth e Mnementh [os dragões] estivessem envolvidos, isso também poderia ser chamado de estupro”. Ainda assim, isso não parece tê-lo impedido.

Por alguma razão, o livro quer que o leitor vibre por um estuprador (e este não é o único livro a pedir que você faça isso). Esse tipo de personagem me fez odiar o livro. Não tinha como gostar de um personagem que estuprou alguém. Não ligo se o mundo foi destruído. Como alguém poderia? É isso o que o melhor da Fantasia tem a oferecer?

O insulto final foi Final Empire [Mistborn. Nascidos da Bruma. O Império Final], que é uma caricatura desagradável de Dragonflight. O mundo deveria ser forte — mas de uma forma irrealista e, finalmente, inacreditável. As pessoas normais não tinham direitos, as mulheres eram mortas pelos nobres se dormissem com eles (para evitar mestiços), cinza literalmente chove do céu e a nobreza tinha superpoderes com um vilão aparentemente imortal.

As mulheres que não possuem nenhuma profundidade, são apenas uma camada adicional de sujeira em um mundo já igualmente sujo. E é tudo tão casualmente mencionado:

“’Você sabe que a lei diz que um senhor pode dormir com qualquer mulher skaa que ele deseje? “ Vin assentiu. “Ele só precisa matá-la quando ela terminar”

Foi a ênfase repetida na relativa impotência das mulheres, seu status como objetos ou coisas a se conquistar, que quase me faz querer reescrever todo o gênero como uma causa perdida.

A julgar pelos livros na lista, alguns livros de fantasia têm um léxico deprimentemente limitado quando se trata de descrever personagens femininas secundárias: puta, prostituta, vagabunda. Lendo um ou dois ao longo de um ano e você pode não ver o problema, mas depois de ler cerca de uns 30 livros, você começa a olhar para o gênero com desgosto.

Há também a completa falta de imaginação ao colocar mulheres em perigo. Enquanto os personagens masculino encaravam a morte (o que é um bom motivador para qualquer um), muitos livros colocavam mulheres em situações de perigo envolvendo estupros, ameaça de estupros ou ameaça de escravidão sexual.

Depois de ler vários livros na sequência onde o estupro ou tentativa de estupro eram usados apenas para adicionar elementos de perigo, a única conclusão que você tem é de uma escrita ruim e preguiçosa.
Também não há nenhuma consequência real do estupro ou do abuso sexual quando ele acontece. Um exemplo disso, é em Lord Foul’s Bane, um dos livros mais deprimentes da lista. A história é sobre um leproso que é transportado para um outro mundo (que ele não acredita ser real) e já não é um leproso. As pessoas neste mundo pensam que ele está lá para salvá-lo do mal que se aproxima.

Thomas Covenant, o personagem principal, de fato estupra uma jovem e surpreendentemente não tem nenhum remorso no resto do livro. Bem mais tarde, ele tem um breve momento de reflexão sobre o que fez e depois ele continua, sem nenhum crescimento ou resolução de seu personagem. Ele é um personagem horrível de quem, supostamente, deveríamos gostar ou continuar lendo a respeito. Estranhamente, este é o primeiro livro de uma longa série.

Até mesmo quando sua personagem principal é estuprada, eles continuam seguindo suas vidas. Como em The Diamond Age, onde Nell sabe que será estuprada:

“Ela supôs que seria inevitável que, no seu devido tempo, esses homens tomassem certas liberdades com ela que eles já teriam angariado como combatentes, voluntariamente separados da amena influência feminina da sociedade civilizada, como aquelas mulheres que tiveram o infortúnio de se tornarem cativas “.

E é claro que isso acontece: “Em duas dessas ocasiões, Nell ficou revoltada de maneira que ela suspeitava que era inevitável.”

Mas aí, ela tira isso da cabeça (como se nem tivesse tido algum impacto) e escapa. Ser estuprada duas vezes parece não ter tido nenhum efeito sobre ela.

Nunca há qualquer esclarecimento sobre o que as pessoas pensam, sentem ou fazem nessas situações. Como em Final Empire, parece que o estupro foi usado como um recurso preguiçoso para adicionar um pouco de perigo neste mundo. Apesar de algo tão invasivo e violador, ele nunca é algo que afeta o desenvolvimento do personagem (que você imagina que afetará). É o equivalente a ter apenas um dia ruim.

Havia também livros que eram puramente misóginos, como o A Spell for Chameleon, onde os personagens falam abertamente sobre não confiar nas mulheres:

“As mulheres são a maldição da humanidade”, disse Crombie com veemência. “Eles prendem os homens no casamento, de maneira como esta árvore emaranhada aprisiona as presas, e elas os atormentam o resto de suas vidas”.

O enredo em A Spell for Chameleon é que o personagem principal, com um nome idiota de Bink, não tem talento para a magia e a menos que tenha um, ele será expulso de seu reino mágico. Pelo caminho ele conhece Chameleon, que tem a invejável qualidade mágica de ser inteligente e feio em uma fase da lua e bonita mas burra na outra. Isso inevitavelmente leva Bink a gostar dela:

‘Ela ficava cada vez mais adorável. Sua personalidade não mudava muito, exceto quando sua inteligência decrescente a tornou menos complicada, menos desconfiada. Ele gostava dessa personalidade — e agora, tinha que admitir, ele gostava de sua beleza também. Ela era de Zanth, ela era mágica, ela não tentou manipulá-lo para seus propósitos pessoais — ela era seu tipo de garota.”

Aparentemente, para Bink, ter alguém complacente era melhor do que inteligência ou independência, o que torna Bink um completo cretino.

Como isso foi parar na lista de 100 melhores livros de ficção científica e fantasia? Mais uma vez, aponta-se para a nostalgia.

Controvérsia recente

Fiquei bastante ciente a respeito do feroz debate dentro da comunidade de ficção científica e fantasia a respeito de representatividade (a recente controvérsia sobre o prêmio Hugo é um exemplo), então eu eu deveria ter estado um pouco preparada para essa série incansavelmente deprimente de romances decepcionantes. Mas com uma determinação obstinada de ler a lista, isso realmente lhe aflige. Como as pessoas podem realmente defender o status quo quando é tão obviamente horrível? Colocar esses livros em um pedestal, dado o problema da representação das mulheres e outras minorias, certamente é parte do problema?

Honestamente, em meu benefício, em 2015, era muito estranho ler livros onde quase não havia mulheres, nem negros, nem LGBT. Parecia totalmente inacreditável. Eu sei o que você diria: é ficção científica e fantasia, a credibilidade não é um dos principais critérios para esses livros. Mas é um absurdo que, no futuro, as pessoas possam descobrir como viajar mais rápido que a luz, criar grandes impérios e inteligências artificiais, mas de alguma forma não quebrar o teto de vidro espacial da desigualdade de gênero. .

A conseqüência da falta de mulheres e do sexismo óbvio é que os livros se tornaram muito parecidos um com o outro. Minhas resenhas de livros tinham mais palavrões e me tornei muito mais crítica com os gêneros dos quais mais gosto de ler. Eles eram a mesma história de caras brancos, saindo em uma aventura.

Alguns diamantes são brutos

Em contraste com livros dominados por personagens masculinos, há The Doomsday Book [O Livro do Juízo Final], onde uma mulher chamada Kivrin está exposta a todo tipo de perigos. Ela está presa na Inglaterra do século XIV, com seu meticulosamente disfarce detonado por uma doença e são seus conhecimento, força e inteligência que a ajudarão a sobreviver.

O enredo alterna entre o tempo de Kivrin no futuro, onde tudo está dando errado na tentativa de trazê-la de volta e no século XIV, para onde ela foi enviada. Adorei o conceito de ter as viagens no tempo manipuladas pelo historiadores, razão pela qual Kivrin foi enviada.

No entanto, o perigo em que ela é colocada é todo existencial, por exemplo, a incapacidade de voltar para o futuro, a peste e as suspeitas das mulheres na casa. Ela não precisa se preocupar em ser atacada ou estuprada, mas apenas em não destruir o pouco do seu disfarce que ainda lhe resta.

Isso faz à narrativa muito mais suspense e riqueza. Não surpreendentemente, foi um dos melhores livros da lista. Parecia que havia um risco real e que cada ação teve uma conseqüência.

Outro livro favorito é A Fire Upon the Deep, traz um risco de dupla oportunidade: a completa aniquilação do universo. O enredo é extremamente bizarro, envolvendo uma entidade auto-replicante devorando o universo, diferentes físicas de viagem no espaço dependendo da proximidade com o núcleo galáctico, um mundo onde a espécie inteligente dominante tem mentalidade de rebanho e onde duas crianças fazem o primeiro contato e acidentalmente iniciam uma guerra civil.

Dois dos personagens principais são mulheres. Uma está em uma nave atravessando a estranha física do universo, sendo perseguida pelo organismo auto-replicante. A outra, uma adolescente no planeta com a mentalidade de rebanho, tentando encontrar seu irmão e sobreviver à guerra civil. Uma das principais mentalidades de rebanho também é predominantemente feminina (dado que eles eram compostos de mais de uma mente, não eram todos homens ou mulheres).

O que fez esses livros atraentes e interessantes foram suas tramas, mas também a capacidade de me perder totalmente na história. Alguns dos outros livros chocaram com seu sexismo ou falta de mulheres — a construção de universo fracassou.

Entendo porque alguns dos livros da lista, um dia, foram visionários, mas isso não significa que eles sejam os melhores exemplos do gênero. Ele foram suplantados, centenas de vezes, por outros autores, que exploraram temas semelhantes mas o fizeram de melhor maneira e mais inclusivo.

Lutando com a nostalgia

Tendo passado muitas horas lendo horríveis livros machistas, xingando e quase arremessando os livros pela sala, pensei quais dos meus livros favoritos eram dignos de uma releitura. Eles passariam no teste? Tenho muitas memórias agradáveis da série Fundação, mas depois de reler The Caves of Steel [As Cavernas de Aço] resolvi não reler. A caracterização das mulheres feita por Asimov tem menos emoções do que seus robôs e sua escrita é bem menos agradável do que eu lembrava. Talvez eu os deixe para a nostalgia — mas se alguma vez me perguntarem quais são os grandes livros de ficção científica e fantasia, seria algo que li já adulta.

Acredito que A Fire Upon the Deep and Doomsday Book merecem estar na lista, e alguns outros.

Se eu puder sugerir um livro para ser adicionado (que saiu depois que a lista já tinha sido compilada) seria Ancillary Justice, de Ann Leckie.

Em Ancillary Justice, temos a história de uma nave consciente que busca vingança depois da morte de seu comandante. O livro tem uma elegante pegadinha literária de ter apenas um pronome de tratamento de gênero, que é o feminino. Foi incrível ter o mundo centrado no masculino sendo completamente invertido. Você pode, algumas vezes, supor qual o gênero do personagem quando a autora escolhe descrevê-lo de maneira a ficar óbvio, mas na maior parte do tempo, você não sabe.

Depois de ler tantos destes livros, você facilmente consegue ver que há um problema com os livros de ficção científica e fantasia no que se refere à representação de mulheres e minorias. O que essas pessoas que defendem a ausência de mulheres minorias estão fazendo é pedir que o gênero permaneça estagnado. Eles estão defendendo a nostalgia. Estão tentando incutir uma veia conservadora em um gênero que já era radical quando começou. Estão argumentando do lado da repetição, das horríveis narrativas e da péssima caracterização.

Merecemos mais como fãs do gênero. merecemos ser desafiados por visões radicais do futuro como aqueles que primeiro inspiraram Júlio Verne. Também merecemos nos ver refletidos nos personagens e, por sua vez, podemos inspirar para ajudar a criar esse futuro.

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Lady Sybylla

Fã do futuro e da ficção científica. Capitã da Frota Estelar. Escreveu Deixe as estrelas falarem, pela editora Dame Blanche.