Pantera Negra — “Só porque algo funciona não significa que não possa ser melhorado.”

É até difícil fazer isso sem dar spoiler mas eu tentei

50 anos atrás Pantera Negra traduzia pros quadrinhos um cenário social americano, agora esse mesmo personagem chega aos cinemas com seu filme solo dentro do universo incontestavelmente bem sucedido da casa de ideias pra mostrar sem medo o mesmo cenário. O peso social que o filme traz em cada cena, usando muito de diálogos e subtextos, não tira o potencial de entretenimento característico de filmes de herói.

T’Challa tem que assumir o trono de seu pai (pós acontecimentos da Guerra Civil) e lidar com o reino secreto e altamente desenvolvido de Wakanda, até que coisas do passado voltam pra por à prova o novo rei, mesmo que algumas decisões não tenham sido culpa dele… O filme toma a decisão certa de ser independente, se separa do resto do universo e foca em construir o seu, apresentar toda uma cultura e realidade nova que nunca foi influenciada pelo resto do MCU, e faz isso muito bem.

Chadwick e Letitia fazem você acreditar que T’Challa e Shuri são irmãos, a química é boa demais e Shuri ja é minha Iron Heart.

Chadwick Boseman é a personificação do T’Challa que nem Robert Downey Jr. é de Tony Stark, e recebe O MELHOR elenco de apoio de todos os 18 filmes da Marvel a ponto de parecer até crime chama-los de ‘coadjuvantes’.
Shuri (Letitia Wright), Okoye (Danai Gurira), Nakia (Lupita Nyong’o), M’Baku (Winston Duke), Ramonda (Angela Bassett) e W’Kabi (Daniel Kaluuya) são fortes e bons sozinhos, sem existir só pela necessidade do protagonista.

Erik Killmonger (Michael B. Jordan) não é só o vilão a ser derrotado, é o outro lado da moeda, a oportunidade de refletir, é humano e com a motivação descente a ponto de te deixar na duvida do se pode ou não simpatizar com o que ele quer. Com mais que só um obstaculo T’Challa confronta erros pra se tornar um líder melhor.

A gente até perdoa Quarteto Fantástico agora

Os personagens são tão bons que de uma forma até contornam o problema com os efeitos especiais. Ryan Coogler deixa claro que fica mais confortável em dirigir espaços reais do que em uma sala verde gigante onde tudo é faz de conta e todo o grosso do trabalho é finalizado com computação gráfica.
A trilha de Ludwig Göransson e Kendrick Lamar completam todo esse trabalho de construção de um novo universo, a batida moderna do hip hop combinada com a musica africana tradicional dão a personalidade que o filme precisa.

É sério olha essa música puta que pariu.

A formula da Marvel de fazer filmes é um lance que todo mundo ta acostumado, os filmes seguem todos uma mesma forma que quando sai do forno recebem uma cobertura e uns confeitos diferentes de cada um, por cima são todos simples e divertidos sem muito o que decifrar.
E isso funciona… Funcionou nos últimos 10 anos e provavelmente vai continuar funcionando, mas que bom que Pantera Negra é mais do que isso.

Não que a formula não esteja la, o filme ainda é um filme da Marvel, mas é o mais sério, politizado e necessário dos filmes da casa de ideias pronto pra inspirar toda uma nova geração de crianças e adultos antes que se torne o ponto central do futuro da Marvel nos cinemas.