Guia introdutório a Legend of The Galactic Heroes

Z Tetriminos
16 min readFeb 1, 2018

Com a confirmação de que a clássica série de novels de Yoshiki Tanaka ganharia uma nova adaptação para anime em 2018, é natural a galera se interessar em conhecer a série original…

…Aliás, nem é natural não. Já não basta o bagulho ser um OVA de CENTO E DEZ EPISÓDIOS (episódios que, a partir de algum ponto da 3ª temporada, passam a ter quase 30 minutos de duração), a série também é famosa pelos diálogos/monólogos longos e cheios de informação, tornando-a o tipo de coisa que definitivamente você não assiste de forma casual, enquanto lava a louça.

Como eu sou doidDEDICADO, assisti não só o OVA, mas também todos os filmes e o OVA prequel (dividido em duas partes), e tirei minha carteira de fã. É um dos meus animes favoritos.

Visto que LOGH é o anime campeão de ser jogado e esquecido no sacão de animes too-cult-too-long-didn’t-watch (junto com Monster, a franquia Gundam, Galaxy Express 999, Detective Conan e etc) e graças ao fato de que eu tenho muito tempo livre (deu pra notar, né), resolvi fazer este texto e explicar a cronologia de Legend of The Galactic Heroes. Vou falar de seus filmes e impressos e sanar as dúvidas que geralmente quem vê ou pretende ver a série tem.

O texto a seguir NÃO contém spoilers. Siga na paz!

O que é Legend of The Galactic Heroes?

O primeiro problema é o nome da série e suas abreviações. Gineiden, LOGH, LotGH, ̶S̶t̶a̶r̶ ̶T̶r̶e̶k̶…

O nome em japonês é Ginga Eiyuu Densetsu (“A lenda dos heróis galáticos”). Os japoneses curtem abreviar para Gineiden, que acho bem simpático e gostoso de falar, mas ninguém aqui no ocidente usa. O nome em inglês é Legend of The Galactic Heroes, que pode ser abreviado para LOGH ou LOTGH. E a série ainda usa um título alternativo (que é o que aparece na abertura do anime), em alemão quebrado (!): Heldensagen vom Kosmosinsel (“Contos heróicos da ilha cósmica”, WTF?). Provavelmente para remeter ao fato de que o Império Galático é baseado na Prússia. Bem, eu uso LOGH quando escrevo, e Galactic Heroes quando falo (Como se eu falasse com alguém sobre a série. COMO SE ALGUÉM TIVESSE ASSISTIDO ISSO).

Trata-se de uma série de 10 novels de ficção científica espacial (isto é, de navinha), lançada em 1982, de autoria de Yoshiki Tanaka.

Capa por Yukihisa Kamoshita

Tanaka também é o autor da novel Arslan Senki (1986), ilustrada por Yoshitaka Amano (ilustrador da série Final Fantasy), que recebeu uma versão mais nova em mangá em 2013, com arte de Hiromu Arakawa (Fullmetal Alchemist), e um novo anime no ano seguinte.

A novel de LOGH foi adaptada em 1988 para OVA (isto é, não foi exibida na TV, mas vendida em vídeo; dado que será importante para algo que vou abordar mais à frente). A animação é do estúdio Artland (Macross, Mushishi), com uma mãozinha dos estúdios Madhouse e ̶t̶o̶o̶ ̶m̶u̶c̶h̶ Magic Bus.

Atualmente (início de 2018), a novel de LOGH está sendo publicada nos EUA pelo Haikasoru, um selo da Viz Media que publica ficção científica e ficção especulativa japonesa. Atualmente, a publicação está no quinto volume.

A série alcançou um status cult ̶s̶ó̶ ̶p̶o̶r̶q̶u̶e̶ ̶é̶ ̶l̶o̶n̶g̶a̶ ̶e̶ ̶c̶h̶a̶t̶a̶ pelas suas batalhas épicas de navinha, sua trilha sonora exclusivamente de composições clássicas orquestrais, pelos personagens extremamente humanos e cativantes, e pela abordagem realista e inteligente de temas complexos, como: política, história, intriguinhas internas imperiais, a pinguinha nossa de cada dia, criação de gatos e guerras quase infinitas em escala galática.

O gênio Yang Wenli profundamente concentrado em novas estratégias para conduzir a Aliança à vitória

Sendo o universo LOGH tão cheio de personagens marcantes, e tendo uma linha do tempo tão extensa — ainda que Tanaka apenas trabalhe em suas novels com mais ou menos 15 anos dessa história — , há animações, novels e mangás cobrindo variados momentos da cronologia.

Para quem quer entender a cronologia da série (que aliás é bem linear) e saber se há algo que possa ser lido ou assistido antes do trambolhão homérico de 110 episódios, aí vai uma explicação de cada adaptação.

Séries e filmes

Legend of The Galactic Heroes (Ginga Eiyuu Densetsu), OVA, 1988, Artland, 110 episódios

O coração da franquia LOGH, que narra o material central das novels.

A guerra entre o Império Galático e a Aliança dos Planetas Livres já dura 150 anos, e chega a um ponto crítico. Porém, a nova geração traz consigo dois gênios militares, um de cada lado do conflito, para mudar as marés da história.

No Império, o ambicioso almirante Reinhard von Lohemgramm repudia os ideais atuais da capital imperial, o planeta Odin, que privilegia os nobres sem qualquer justificativa. Após problemas financeiros terem feito seu pai vender sua irmã mais velha, Annerose, para ser concubina do imperador, Reinhard jurou destruir a dinastia Goldenbaum e trazer nova luz e justiça ao Império. Claro, sempre junto a seu fiel ̶n̶a̶m̶o̶r̶a̶d̶o̶ amigo de infância Siegfried Kircheis, a única pessoa além de sua irmã por quem Reinhard daria a vida.

Na Aliança dos Planetas Livres, formada no planeta Heinessen (que leva o nome de seu fundador), o preguiçoso historiador Yang Wenli acaba se tornando um almirante das forças armadas. Não era sua intenção se envolver na guerra, mas visto que é um estrategista nato, ele resolve usar sua inteligência a favor da República, defendendo o ideal de um universo regido pela democracia. Junto a ele sempre está Julian Minci, órfão de guerra que acabou sob seus cuidados, e que é sua maior motivação e, muitas vezes, sua babá.

Vale a pena ver?

É lógico! A animação e trilha sonora são impecáveis, ainda que se trate de uma obra de 30 anos atrás, então não vale fazer cara feia por isso. A narrativa, recheada de plot twists muito bem plantados, e os personagens, bem construídos e cativantes, irão segurar ritmicamente sua atenção durante todos os 110 episódios. É sério. Eu juro.

Legend of The Galactic Heroes: My Conquest is The Sea of Stars (Ginga Eiyuu Densetsu: Waga Yuku wa Hoshi no Taikai), filme, 1988, Artland, 59 min.

Um breve prelúdio à série principal, contando os eventos que levaram à batalha de Astarte, dentro da qual o OVA já se inicia.

O filme funciona como uma varridinha de chão para receber as visitas, arrumando a casa para o espectador que pretende ficar ali por mais de 100 episódios. Há apresentações de vários personagens importantes. É o que considero o ponto alto do filme: você conhece os personagens da forma humana como eles realmente são (algo que só vai ocorrer a partir do terceiro episódio do OVA), e não como soldados em batalha.

Vale a pena ver?

Sim. A animação, trilha sonora e design de personagens são consistentes com as do OVA, e é um filme bem curto e agradável. E, se você já viu o OVA, cai muto bem para matar a vontade de ver mais um pouco de LOGH. Sim, você vai querer ver mais mesmo depois de tudo aquilo.

Posso ver antes do OVA principal?

Sim, inclusive é o filme que mais recomendo para alguém que queira testar se vale mesmo a pena sentar a bunda pra ver um anime véio pra caramba de 18 milhões de episódios que só tem falação.

Legend of the Galactic Heroes: Overture to a New War (Ginga Eiyuu Densetsu: Arata Naru Tatakai no Overture), filme, 1993, Magic Bus, 1h30 min.

Uma espécie de versão cinematográfica dos dois primeiros episódios da série, com qualidade superior de animação e eventos mais bem detalhados.

O filme narra a batalha de Astarte, que é onde o OVA começa, e também a primeira demonstração que temos da genialidade de Yang e da bravura de Reinhard.

Vale a pena ver?

Talvez. Recomendo se quiser rever o começo da série para relembrar, ou ver os dois primeiros episódios em melhor qualidade. Mas não há nenhum material especialmente novo ou relevante aqui.

Posso ver antes do OVA principal?

Sim. Inclusive, você pode emendar este filme diretamente após o primeiro, My Conquest is The Sea of Stars, pois é quase uma sequência direta. Ou pode até mesmo vê-lo tem ter visto o My Conquest, pois o OVA principal começa no mesmo ponto.

Legend of the Galactic Heroes Gaiden: A Hundred Billion Stars, A Hundred Billion Lights (Ginga Eiyuu Densetsu Gaiden: Senoku no Hoshi, Senoku no Hikari), OVA, 1998, Artland, 24 episódios

Primeiro OVA prequel da série, baseado na série de novels Ginga Eiyuu Densetsu Gaiden, também do autor Yoshiki Tanaka.

Este primeiro OVA conta sobre a juventude de Reinhard, que na época ainda possuía o sobrenome von Müsel, e sobre como ele e Kircheis enfrentaram todo tipo de preconceito ̶(̶p̶o̶i̶s̶ ̶s̶e̶r̶ ̶u̶m̶ ̶c̶a̶s̶a̶l̶ ̶g̶a̶y̶ ̶n̶u̶m̶ ̶i̶m̶p̶é̶r̶i̶o̶ ̶c̶o̶n̶s̶e̶r̶v̶a̶d̶o̶r̶ ̶n̶ã̶o̶ ̶é̶ ̶f̶á̶c̶i̶l̶)̶ dentro do exército para ascender e chegar à posição respeitosa de onde os conhecemos. Há também várias historinhas paralelas que auxiliam muito na compreensão das motivações de alguns personagens e suas relações com outros, e nos dão um ângulo novo sobre a podridão do Império Galático.

Legend of the Galactic Heroes Gaiden: Spiral Labyrinth (Ginga Eiyuu Densetsu Gaiden: Rasen Meikyuu), OVA, 1999, Artland, 28 episódios

O segundo OVA prequel conta-nos sobre a juventude de Yang Wenli, e explora sua relação com os seus dois grandes amigos do casal Cazellnu, a chegada de Julian em sua casa e a história de como ele se tornou ̶u̶m̶ ̶b̶ê̶b̶a̶d̶o̶ ̶v̶a̶g̶a̶b̶u̶n̶d̶o̶ o “Herói de El Facil”, salvando inúmeras vidas de civis.

Há também a continuação da história de Reinhard e Kircheis (achou que ia se livrar deles tão fácil?) de onde o primeiro Gaiden parou.

Vale a pena ver?

Sim. Por ser quase dos anos 2000, a animação possui cores mais sólidas (igual à dos episódios refeitos do OVA original, falarei disso mais abaixo no FAQ) e o trabalho foi feito com muito capricho, mantendo os padrões da série clássica. Os Gaidens são exatamente o que um fã do OVA esperaria ver após se encantar tanto pelos protagonistas.

Posso ver antes do OVA principal?

Melhor não. Os Gaidens são feitos pensando em alguém que 1) tenha uma ideia do que estaria por vir no futuros dos dois protagonistas; e 2) já tenha interesse nas vidas de Reinhard e Yang. Seria meio como ler a biografia de 400 páginas de um fulano qualquer…

Outro ponto é que há muitos arcos que não avançam muito na história, servindo mais como exposição do universo e das relações dos personagens, como as viagens de Kircheis no Gaiden 1. Pra quem já viu o OVA principal, são elementos extras que podem ser interessantes. Pra quem não viu, é filler descarado e chato.

Legend of the Galactic Heroes Gaiden: Golden Wings (Ginga Eiyuu Densetsu Gaiden: Ougon no Tsubasa), filme, 1992, Magic Bus, 59 min.

Nem existe foto boa do pôster dessa porcaria

Esse ̶L̶I̶X̶O̶ filme conta mais ou menos a mesma história do primeiro Gaiden, bem resumida: a infância e juventude de Reinhard e Kircheis, sua ascensão no exército e blá blá blá ESSA MERDA É UMA FANFIC DE BOKU NO PICO NO ESPAÇO.

Eu preciso de verdade dar uma paradinha e fazer uma breve review desse filme: Ele é totalmente não-LOGH.

A história é contada da forma mais melodramática possível — e olha que essa parte do Gaiden já é novelesca quando é fiel ao estilo do Tanaka. O character design não tem NADA a ver com o dos outros OVAs e filmes, de forma que eu só reconheci certos personagens quando seus nomes foram citados. A trilha sonora pela primeira vez abole as composições clássicas, colocando umas BGMs quaisquer de novela do SBT no lugar.

Sério. Quem são esses da esquerda? Yang Jr. e Attenborough Jr., tipo no final de Dragon Ball GT?

O único crédito que dou ao filme é conseguir retratar Reinhard e Kircheis em sua versão jovem com rostos realmente jovens e inocentes, ainda melhor que o primeiro Gaiden faz. Pena que essas crianças sequer se parecem com Reinhard e Kircheis.

Vem aí: A primeira novela shotacon do planeta Odin

Vale a pena ver?

NÃO. “Ah mas deve ser engraçado” — eu queria que tivesse sido. Fora uma ou outra yaoi hand durante as carícias 100% heterossexuais entre Reinhard e Kircheis e as cenas shotacon forçadas, não tem nada nem risível nesse filme. A animação é um lixo e inconsistente com o resto da série. Os dubladores não são o mesmo cast de sempre — e, considerando que o OVA possui 110 episódios de falação quase ininterrupta, isso faz muita diferença pra quem já viu.

Posso ver antes do OVA principal?

Não. Não pode ver antes. Não pode ver depois. Não pode ver nunca.

Ok, o filme não tem spoilers, então é você quem decide se quer sair já odiando a série ou se prefere se preservar. Mas se quiser ver a infância do Reinhard, veja o primeiro Gaiden. Até o novo mangá (mais info abaixo) é melhor que essa desgraça.

The Legend of the Galactic Heroes: The New Thesis (Ginga Eiyuu Densetsu: Die Neue These), TV, 2018, Production I.G, ainda não exibido (previsão para abril/18)

A Production I.G, em comemoração aos 30 anos da série original, vai animar as novels de novo, do zero. Isto significa que Die Neue These não é um remake do OVA do estúdio Artland.

Pelo que se sabe até agora, a série será dividida em várias partes: um anime para TV e 3 filmes.

Vale a pena ver?

Ainda não é possível saber. Boa parte da equipe que a Production I.G pôs na série veio de Kuroko no Basket, e eu realmente não sei o que pensar disso. Só que será… Diferente.

Penso eu que o andamento da narrativa será atualizado — pois o da série original é rapidíssimo, porém movido 80% por diálogos incessantes e pesados, o que hoje em dia não seria bem recebido. A atualização do visual da série (mais atraente para o público juvenil) também me conduz a pensar em mudanças radicais de estilo e caracterização, talvez mais puxado a shonen (falo mais sobre isso abaixo, no texto sobre o mangá de 2015). E considerando que 10 volumes de novel = 110 episódios em OVA = 12 episódios para TV + 3 (?) filmes soa um tanto desproporcional… Sabe-se-lá o que virá.

Posso ver antes do OVA principal?

Parece que a intenção da Production I.G é justamente essa: recomeçar do zero e oferecer um ponto de início mais confortável para possíveis novos fãs de LOGH. Então, sim.

Mangás e novels

Volume do primeiro mangá, de 1986

Existem vários mangás e novels de LOGH, mas a maioria sequer possui scans, portanto eu nem teria o que falar a respeito. Só vou mencionar que existem:

  1. As novels principais, que estão sendo publicadas nos EUA (e que aceito de presente, pois nunca li);
  2. Um mangá de 1986 que adaptou as novels ao mesmo tempo do OVA;
  3. As novels originais do Gaiden;
  4. Um mangá que adapta o mesmo trecho do Gaiden que o filme Golden Wings;
  5. Um mangá já finalizado do próprio Tanaka que aparentemente seria uma sequel ou futuro alternativo de LOGH, mas sobre o qual não achei info alguma fora da internet japonesa (não falo japonês).

Vou falar apenas do mangá mais recente, o único do qual há scans disponíveis.

Ginga Eiyuu Densetsu, mangá, 2015, Young Jump, em andamento

Até onde li, este mangá adaptou as partes mais relevantes do Gaiden (sim, DE NOVO infância e adolescência de Reinhard e Kircheis…), de forma bem ágil. Em uma dezena de capítulos, já estávamos na parte coberta pelo segundo anime do Gaiden, Spiral Labyrinth.

Tal agilidade não surpreende quando o responsável pela arte do mangá é Ryuu Fujisaki, autor de Houshin Engi e Shiki.

Até onde os scans foram, não é possível saber o quanto este mangá pretende adaptar. Penso que provavelmente a cronologia toda.

Vale a pena ler?

Complicado. Este mangá claramente tenta conquistar um público mais jovem, isto é, chamar a molecada de 16–24 anos leitora da Young Jump (Tokyo Ghoul, Gantz, Golden Kamuy) pra ver o novo anime. O resultado é que tanto a arte quanto o ritmo da história não têm a cara que estamos acostumados a ver em LOGH.

Toda a parte visual (bastante carnavalesca) lembra aqueles mangás que levam a tag demográfica “seinen” por causa do sangue, mas que todo mundo sabe que só moleque de 14–15 anos vai ler (eu sempre tenho flashbacks de Deadman Wonderland vendo a arte desse mangá, sabe-se-lá o porquê). Sem querer ser parcial, mas já sendo (fã é um negócio terrível): A arte e a velocidade narrativa do Fujisaki não batem bem com o estilo clássico de LOGH. Portanto, isto aqui é uma outra coisa, para um outro público, e não uma adaptação “fiel”.

Tudo é muito shonen: as falas dos personagem soam ainda mais clichê que no Gaiden (lembra que eu disse que essa parte, na mão do próprio Tanaka, já era em si mais melodramática que as novels originais?); a dinâmica das cenas é mais similar à de um mangá de ação ̶d̶e̶ ̶q̶u̶a̶l̶i̶d̶a̶d̶e̶ ̶d̶u̶v̶i̶d̶o̶s̶a̶ do que à de um mangá de navinha — experimente ler a versão deste mangá do conflito entre Reinhard e o capitão Herder, lá pelos capítulos 12–13, e então reveja a cena no quarto episódio de A Hundred Billion Stars…; é outra abordagem, mais dramática e mais inclinada a fazer Reinhard parecer O Heroizão.

…Vou deixar na sua mão decidir se vale a pena ou não. Pode dar uma olhada nos primeiros capítulos sem medo de spoilers.

Posso ler antes do OVA principal?

Não. Até a primeira dezena de capítulos estava “tudo” bem, mas peguei um dos capítulos mais recentes pra ler e PIMBA spoiler da última temporada da série. Sem mais nem menos. Muita gente vê esse spoiler chegando de longe enquanto assiste o OVA, mas spoiler é spoiler. O mangá não é muito sensível em segurar o futuro do plot e revela coisinhas aqui e coisinhas ali. Melhor evitar. A̶f̶i̶n̶a̶l̶ ̶e̶s̶s̶e̶ ̶m̶a̶n̶g̶á̶ ̶n̶e̶m̶ ̶é̶ ̶n̶e̶n̶h̶u̶m̶a̶ ̶o̶b̶r̶a̶ ̶d̶e̶ ̶a̶r̶t̶e̶ ̶m̶e̶s̶m̶o̶.

FAQ — Dúvidas comuns sobre LOGH e outras coisas que você deveria saber antes de começar a série

PULE AS PREVIEWS DO PRÓXIMO EPISÓDIO

Sabe quando o episódio chega ao fim e tem aquelas cenas do próximo episódio? PULE. Não veja. Eu não sei como enfatizar isso suficientemente: NÃO VEJA AS PREVIEWS. O OVA foi feito para que quem já lia as novels pudesse assisti-las em versão animada. Foi feito pra quem já sabia o que ia acontecer. As previews contém spoilers pesados e contam praticamente o episódio todo. Enquanto eu assistia da primeira vez, às vezes, quando via um episódio com um plot twist muito grande, eu via a preview dele no episódio anterior. Os caras contam TUDO. Terminou de ver o encerramento? DÊ STOP. PULE. AS. PREVIEWS.

É verdade que as aberturas e encerramentos do OVA dão spoilers?

Não, porém sim. Não é como se aparecesse na abertura do primeiro episódio de Dragon Ball uma cena do Kuririn morrendo. É feito de forma que você só saca que o vídeo/canção tinha um spoiler depois que vê a temporada toda, pois ela te convence de estar falando de outra coisa (um dos encerramentos em especial faz isso de forma magnânima que eu fico de boca aberta até hoje). Infelizmente há dicas por toda parte de coisas que poderiam ter sido mantidas apenas como sutis foreshadowings, mas, como já disse, é um OVA pra quem já tinha lido as novels; porém isso tudo não é absolutamente nada que atrapalhe a diversão. Diferente das previews, não pule; veja pois são vídeos e canções maravilhosas. Só não vá vê-los fora de ordem! Afinal, eles ilustram a temporada da qual fazem parte. Vai lá ver a última ending de Dragon Ball Z e reclamar de spoiler que o Goku morre.

Por que há momentos em que o estilo da animação parece diferente?

110 episódios é meio caro de produzir, né? Então o Artland pediu ajuda a estúdios coreanos baratos que fizeram vários trechos do anime com a bunda, especialmente na segunda temporada. Porém, no remaster para DVD, nos anos 90–00, essas cenas foram todas refeitas. O resultado é que elas sempre parecem diferentes em qualquer das versões; ora horrendas, ora muito melhores que o resto da animação. Se for assistir o OVA original por aí, cuide de ver versões novas, que pegam rips da versão em DVD.

Oberstein coreano com cara de lagartixa pisada x Oberstein remasterizado e rechonchudo

É verdade que não se deve procurar nada sobre LOGH no Google por risco de spoiler?

Se tem alguma coisa que eu disse aqui que é verdade, é esta. Não pesquise nomes de personagens no Google ou em qualquer site de fanarts. Não pesquise no Youtube PELO AMOR DE DEUS. Caso vá ver algum vídeo no Youtube com a garantia dele não ter spoilers (como os que eu postei aqui), não olhe as sugestões que aparecerem do lado. Depois, quando o autocomplete sugerir “logh fulano death”, você não chore. A internet, quando se trata de spoilers de LOGH, é um campo minado daqueles de 99 quadradinhos que se joga em tela cheia. Jamais a subestime.

Tem até um screenshot bem famoso da série que circula por aí nessas páginas como Anime Screenshots Without Context que é um baita spoiler, mas não tem como a pessoa saber que é estando fora de contexto (ufa). Como eu ri quando cheguei nessa cena…

LOGH é uma série recomendável para qualquer um?

Sinceramente, não. A série é densa de diálogos (apesar da arquitetura narrativa dela não ser nada confusa) e tem personagens que, apesar de muito bem construídos, podem soar forçados a depender do público. Então é o tipo de série que, se você não se encantar por ela por si mesmo, é melhor deixar pra lá. Assistir 100% só por que é um “clássico” e porque a otakada cult fica forçando pode não funcionar.

Sua cabeça depois de 20 minutos de diálogos ininterruptos (não se preocupe, é um redshirt!)

O andamento da série é mais ou menos assim: 3–4 episódios de BLABLABLABLA com um ou outro tirinho, traição, assassinato ou suicídio no meio > 3–4 episódios de pchum pchum luta de navinha, tirinho e machado decapitando duas ou mais cabeças ao mesmo tempo > repete. Geralmente os episódios alternam o lado do conflito que é mostrado; um episódio sobre a Aliança, um sobre o Império, e assim por diante. Tudo feito pra te ajudar a não dormir.

Como já recomendei acima: Em caso de dúvida, experimente um dos filmes para ver como é a série.

Conclusão

LOGH é legal. Vale a pena. Mas assista só se realmente quiser. Não veja as previews no fim dos episódios. ̶A̶ ̶A̶l̶i̶a̶n̶ç̶a̶ ̶s̶e̶m̶p̶r̶e̶ ̶e̶s̶t̶e̶v̶e̶ ̶c̶e̶r̶t̶a̶. Se conseguiu ler essa porrada de texto que escrevi, cê já tá pronto pra falação da série. Muito obrigado por ler.

[ESPAÇO RESERVADO PARA O CACHORRO DO OBERSTEIN]

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