21 de fevereiro de 1954

Para que substituições?

Em 1954, as substituições ainda eram permitidas em poucos torneios, e o jornalista Thomaz Mazzoni defendia a ideia de que elas não deveriam ocorrer universalmente, em parte porque tomariam muito tempo do jogo!

Futebol Antigo

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Por Thomaz Mazzoni

Zezé Moreira desejaria que as eliminatórias da Copa do Mundo tivessem o mesmo regime de substituições que possuem os campeonatos continentais, quando o jogo de “tire e ponha”, ou seja, “sai este e entra aquele”, quando os técnicos usam de variados recursos com os jogadores. Às vezes, já se sabe, esse recurso pode ser a chave da vitória. Sem dúvida, no Panamericano que Zezé venceu, a substituição foi uma sua grande aliada, especialmente nas duas partidas decisivas (contra Uruguai e Chile), quando verdadeiramente ganhamos o campeonato sem a mínima sombra de dúvida.

Mas, pelo visto, a Copa do Mundo não permite esses hábitos e mesmo muitas extravagâncias próprias do futebol sul-americano. A responsabilidade do técnico não é pouca, porque tem que acertar decididamente com o onze que mandara a campo.

Depois de iniciado o jogo, será inútil alterar as linhas, modificar as táticas, pôr este no lugar do outro que está machucado etc. Em parte, é melhor assim porque, francamente, os abusos que temos notado por meio da prática das substituições nos campeonato sul-americanos são, em grande parte, os responsáveis pela bagunça que começa na primeira partida e acaba na última.

Zezé Moreira, portanto, não pode ter êxito na sua pretensão de a CBD conseguir da Fifa uma concessão especial para que haja substituições afora a do goleiro acidentado. Aparte a estratégia e os recursos que os técnicos podem lançar mão com as substituições, o rigor que a Fifa impõe serve, especialmente, para as eliminatórias sul-americanas decorrerem no ambiente de disciplina, coisa que poucas vezes conhecemos…

É possível que tenha sido este um dos motivos preponderantes da boa ordem que reinou domingo em Assunção, no jogo inicial. Evite-se que os reservas margeiem o gramado, quando são os primeiros a invadir o campo por ocasião dos incidentes, e, ademais, havendo substituições, o jogo paralisa a cada novo elemento que entra. Para bem da disciplina e da ordem, achamos que a CBD deve pedir a Zezé Moreira que desista de seu propósito de contar a eliminatória com as substituições. Que tratemos de acertar com a organização da equipe antes de entrar na cancha e veremos que seremos nós os que mais vantagem levaremos nesta proibição da Fifa de substituições a troce e moche à moda sul-americana.

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Futebol Antigo

Grandes e não tão grandes momentos do futebol em fotos antigas. Não tenho nada a ver com os autores das fotos. Atualizado por @agiesbrecht.