A Copa das Manifestações começou hoje. Centenas de atos marcaram o país nesta quinta-feira, 15 de maio. Jovens, trabalhadores e movimentos populares coordenaram ações em mais de 50 cidades para exigir educação, saúde e moradia no padrão FIFA.
Pré-jogo
A Folha de São Paulo anunciou que “a Copa do Mundo do Brasil começa hoje”. Uma frente que envolve Juntos, MTST, comitês populares da Copa e muitos outros movimentos convocou a “manifestação das manifestações”: um dia nacional de luta contra as injustiças da Copa da FIFA.
Após junho, as respostas do governo não chegaram nem perto do que pediam as ruas. Muito pelo contrário. Quanto mais nos aproximamos da Copa, mais dinheiro se destina para obras superfaturadas e a resposta para aqueles que lutam contra isso é repressão e criminalização.
O 15-M foi convocado como o dia para unificar todas as lutas para tomarmos as ruas como fizemos em junho, dessa vez contra os gastos exorbitantes com a Copa, contra as leis de repressão e contra a ingerência da FIFA.
Pontapé inicial: Copa sem povo, tô na rua de novo!
A mobilização neste 15 de maio começou cedo. O MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem Teto) convocou moradores de várias ocupações para bloquear avenidas importantes da cidade de São Paulo por controle público do reajuste de aluguéis urbanos para combater a especulação imobiliária, política federal de prevenção de despejos forçados e mudanças no programa “Minha casa, minha vida” que fortaleçam a modalidade Entidades e com regras que estimulem melhor localização e maior qualidade das obras.
As ocupações Nova Palestina e e Dona Deda mobilizaram cerca de 2000 pessoas para fechar a Marginal Pinheiros, próximo à ponte João Dias. Cerca de 300 pessoas da ocupação Estaiadinha bloquearam a Marginal Tietê, próximo à ponte Estaiadinha. 500 pessoas das ocupações Faixa de Gaza e Capadócia bloquearam a Av. Giovanni Gronchi, próximo ao Shopping Jardim Sul.
Na Zona Sul, cerca de 800 pessoas da ocupação Anchieta no Grajaú (Nós da Sul) se uniram à juventude e aos metalúrgicos para fechar a Ponte do Socorro.
Na Zona Leste, a Ocupação Copa do Povo, a menos de 3km do Itaquerão, bloqueou a Radial Leste junto com o movimento Juntos. O povo deu o recado: “Se não tiver moradia e direitos, a Copa da FIFA e das grandes empresas não vai passar!”
Vários outros pontos da capital paulista foram fechados por movimentos organizados e espontâneos. O Sindicato dos Metroviários bloqueou a Av. Ipiranga, no centro da cidade, e um grupo de pessoas ligadas ao Movimento Luta Popular bloqueou a Via Anhanguera próximo ao km 19, em Osasco.
Em todo o Brasil, outras ações radicalizadas marcaram a manhã de lutas.
Em Brasília, MTST e Juntos fizeram ato na Terracap, proprietária do estádio Mané Garrincha. A polícia militar agrediu os manifestantes com cassetetes e spray de pimenta, mas a luta seguiu firme.
Em Porto Alegre, o dia começou antes das 8h da manhã com o trânsito interrompido na Av. Ipiranga pelo Juntos e por alunos do Colégio Protásio Alves. A juventude encontrou os municipários e percorreu o centro da cidade num ato com mais de 3 mil pessoas.
Pela manhã, ocorreram ainda atos em Palmas, Curitiba, Belém e Natal, entre outras capitais.
Cresce a torcida e as mobilizações dentro e fora do país
A mobilização da manhã repercutiu na imprensa e ganhou apoios nacionais e internacionais.
Folha, Globo e CBN tiveram as mobilizações da manhã como sua principal pauta na Internet. O El País, jornal espanhol, e o Aporrea, portal de notícias da Venezuela, repercutiram os atos.
O 15 de maio é uma data importante da luta da juventude indignada mundial desde que os espanhóis tomaram as praças e fundaram o movimento Democracia Real Já em 2011.
Em 2014, o dia foi marcado por protestos de funcionários de redes de fast-food em 30 países e pela luta dos turcos, que organizaram uma greve geral e pedem a cabeça do primeiro-ministro depois de um acidente numa mina que causou a morte de 282 pessoas.
1ª conquista: Governo desiste de apoiar as leis repressivas
A pressão do movimento fez com que, no início da tarde, o ministro da Secretaria Geral da Presidência da República, Gilberto Carvalho, desse uma entrevista na qual afirmou que o governo desistiu de apoiar leis que criminalizam manifestações: “Hoje não vejo necessidade de uma nova legislação para manifestações. O recuo do governo se deu em grande parte por essa consciência, de que a melhor solução era o diálogo e apostar no bom senso das pessoas”, afirmou ao UOL.
Segundo tempo em todo o Brasil
Atos foram organizados pela juventude de todo país no começo da noite. São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília, Porto Alegre, Salvador, Belo Horizonte, Fortaleza, Recife, Belém, Vitória, Curitiba, Cuiabá, Florianópolis, São Carlos, Sorocaba, Campinas, Uberlândia, São Carlos, Ribeirão Preto, Santarém, Montes Claros, Pelotas e Bauru, entre outras cidades, tiveram algum tipo de mobilização contra as injustiças da Copa.
São Paulo
Rio de Janeiro
Brasília
Belo Horizonte
Belém
Porto Alegre
Natal
Sorocaba
Bauru
Uberlândia
Florianópolis
Ribeirão Preto
São Carlos
Santarém
Montes Claros
O 15-M foi só o começo
No 15 de maio, jogamos a primeira partida de uma Copa que acaba de começar. Com organização e unidade entre a juventude, os movimentos populares e os trabalhadores, podemos construir muitos outros dias de luta para conquistar o merecido hexa dos nossos direitos. O povo na rua: Isso muda o jogo.
