Ascendente em Touro
Fodido e forte,
Eu nasci.
O corpo pedra,
Um músculo antigo que não sabe ceder.
Teimoso o desejo pulsa, lateja e é babão,
Como a fome de carne, de toque, de pele nua.
Visto-me de Touro,
Uma couraça feita de terra úmida e gozo,
O ferro das veias.
Mastigo o mundo lento,
Com a boca cheia de porra e espinhos.
Me movo. E não cedo.
Porque sou o touro que arremessa balanças e cornos
Mas ainda sangro, miúdo e languido.
Meu rastro é carne viva,
Meu sexo lateja,
Uma promessa de prazer sempre adiada.
Caminho entre o sagrado e o profano,
Entre o querer e o perder-me.
Ah, mas não te iludas com o silêncio das raízes,
Aqui dentro, a lava,
Queimo sob a pele do céu,
Mas só entrego a ti o que me convém.