a incerteza do ser
2 min readSep 28, 2024

Eu faço da minha própria companhia ser solitária e transformo a presença dos outros em uma solidão compartilhada. Talvez haja uma maneira mais clara de expressar isso. Se quisesse, poderia mudar o que precisasse, mas estaria mentindo se dissesse que isso depende apenas de mim. Talvez eu nem saiba resolver esse dilema. Quem pula do barco, se vira com tubarões. Não pulei, mas sei que eles estão à espreita, prontos para me devorar sabendo que sou um grande prato de carne. Então, poderia pular e evitar essa espera tão enrolada, o que alguém chamaria de destino, talvez fosse um caminho. Mas quem quiser pode acreditar em sua própria capacidade de sobreviver. Existem tantos modos de dizer sobre isso, como disse anteriormente, às vezes, os tubarões parecem ser maior dos dilemas, outras vezes, o sujeito no barco reflete a verdadeira natureza daquele que enfrenta uma situação. O que mais deveria ser dito? A pessoa está presa pensando em como sua vida seria dali em diante, ou talvez nem fosse mais, mas é exatamente assim que as coisas se parecem, por mais difícil que seja aceitar. Por que os tubarões dispensariam esse momento? Ou porque perderiam seu tempo e sua fome? É contraditório viver entre o barco e os tubarões: ora esperando que o perigo acabe, ora acreditando que não há mais soluções. Há quem diga que podemos nos apegar àqueles que esperam por nós, mas quem realmente esperaria por alguém à beira de um destino tão doloroso e inaceitável? Até agora, não sabemos qual será o próximo passo, nem quais palavras serão ditas, mas me pergunto se isso nos levará a algum questionamento.
A vida é tão pulsante, mas também é tão estática. Uma hora, você percebe que já não é mais o sujeito no barco, e sim um dos tubarões. Mas como eu, ainda sendo eu mesma, me pego odiando essas turbulências. Embora a situação pareça oferecer apenas duas perspectivas, não podemos limitar nossas ações a uma única perspectiva. O encontro entre o sujeito e os tubarões não é por acaso, mas tampouco deve ser marcado por um destino triste. Na realidade, é o início de novas criações. Cada posição, cada impacto, cada passagem ou mesmo cada perspectiva são provas de como essas turbulências acontecem.
Quem, então, poderia questionar como cada situação que passamos pode ser ou não solitária? Mesmo que algumas delas tenham tempo, e mesmo que as pessoas não se arrisquem a esperar, se não abandonarmos nossa própria solidão, estaremos negando as vivências que a existência nos oferece.

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escrevendo texto como meu ser manda

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