Abril de 2016 | 100 Anos de Adams Óbvio

Alexandre Korber
3 min readApr 26, 2016

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Há três dias comecei a escrever o que teria sido este artigo sobre Aplicativos Mobile e dois parágrafos depois uma voz começou a ecoar dentro de mim. Não demorou e eu já estava ouvindo duas vozes. Diziam coisas distintas. Foram tomando corpo e logo me vi vazio das ideias que estavam norteando o texto em desenvolvimento.

Intrigado com essa invasão parei de escrever imediatamente. Recolhi-me num canto para captar com precisão o que estavam a me dizer. O que ouvi me deixou ainda mais espantado. Uma das vozes martelava “1916, 1916, 1916…” A outra soava um insistente “1974, 1974, 1974…”.

Mas o que isso tem a ver com aplicativos mobile? Eu costumo receber insights sempre claros e objetivos e, sobretudo, relacionados ao tema que estou desenvolvendo. Isso nunca havia me acontecido antes. Pensei, pensei, tentando encontrar uma explicação lógica, mas nada. Completamente encalacrado com esse enigma, resolvi dar um tempo. Iria fazer cessar as vozes, reordenar meu raciocínio e depois retomar meu texto livre dessas interferências insensatas.

Qual o quê! Para onde quer que eu fosse e o que quer que eu fizesse, lá estavam as vozes “1916” e “1974”. Mudei de estratégia e dei um Google em 1916. Exatos 253 milhões de resultados! Claro, agora eu estava bem arrumado. Subitamente, fui sacudido por dois raios de luz envoltos num enorme neon dourado. Como que numa propaganda cósmica, ele estampava os dizeres: “Abril de 2016|100 anos de Adams Óbvio”.

Raios! É isso mesmo. Foi em abril de 1916 que o conto Adams Óbvio, de Robert Updegraff, foi inicialmente publicado num jornal americano. Ele virou livro em setembro do mesmo ano. Foi um sucesso estrondoso e se tornou um clássico do mundo dos negócios. O livro de cabeceira de várias gerações de empresários e executivos. Leitura obrigatória para todo aquele que pretendesse ser bem sucedido em qualquer profissão.

Sim, agora tudo fazia sentido. Ainda mais porque foi em 1974 que li Adams Óbvio pela primeira vez, justo quando iniciava minha carreira profissional. Acredite, há algo de universal e eterno nesse livro, algo que pode ser resumido na palavra “óbvio”.

Meu objetivo não é fazer uma resenha de Adams Óbvio, ainda que recomende fortemente a sua leitura, especialmente os dois apêndices acrescentados anos depois pelo autor ao texto original: Cinco Maneiras de Testar a “Obviedade” de Ideias e Planos; Cinco Caminhos Criativos para Reconhecer o “Óbvio”.

Essas notas complementares são obviamente fantásticas. Algumas delas são deliciosas, como o provérbio “A solução, quando encontrada, será óbvia”. Em outra citação, é impossível não se lembrar de Steve Jobs: “O mundo está cheio de desejos, vontades e necessidades não expressas, esperando pelo homem ou pela mulher que faça o óbvio para resolver grandes problemas da vida diária”.

Impossível mesmo é não perceber o quanto essas ideias estão intimamente ligadas ao desenvolvimento de aplicativos mobile. Pode parecer surreal, mera coincidência ou só um exemplo de como o nosso prodigioso cérebro guarda e recupera informações armazenadas ao longo do tempo. O fato é que, de alguma forma, eu já havia falado sobre tudo isso no artigo “Aplicativos Mobile estão Revolucionando a Era Digital Parte I e Parte II”.

Dica: O livro pode ser baixado gratuitamente na internet.

Ops! Já ia esquecendo de dizer que minha passagem predileta é justamente aquela que encerra o livro:

“Qual seria o segredo do sucesso do Sr. Adams, perguntei a mim mesmo. Então, me lembrei da composição de uma criança sobre as montanhas da Holanda. O garoto escreveu:

As montanhas da Holanda

Não há montanhas na Holanda.

Esta é a resposta, concluí. Este é o segredo.

É o óbvio”!

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