Life is Strange
Não, não é sobre o jogo.
Faz tanto tempo que não escrevo que ultimamente bateu o medo de desaprender. Não de esquecer completamente, afinal escrever é como andar de bicicleta: uma vez que você aprende, você nunca esquece; mas me ocorreu que eu posso desacostumar. E isso é horrível pra alguém que sempre gostou tanto de escrever.
No meio de diversas reviravoltas da vida, eu consegui uma coisa que queria: me formar empregada. E não é em qualquer emprego. O lugar é bom, o ambiente é agradável, o salário nada mal e há muitas oportunidades lá. A única coisa que me frustra é o quão afastada da minha área estou.
Eu tenho medo de virar “mais um” e deixar de ser eu mesma. Tenho medo de me acomodar por dinheiro e conforto, e deixar de fazer todas as coisas que eu quero fazer. Juntar dinheiro e ver toda a vida passar. Ou jogar tudo pro alto e fazer tudo que quero, sem pensar nas consequências futuras.
Sempre fui da opinião de que não devemos nos prender a padrões de felicidade. O emprego não te satisfaz? Saia. O relacionamento não tem acrescenta? Se afaste. Quer viajar? Vá. Quer alguma coisa? Lute pra conseguir. Não ligue pro que os outros pensam.
Por que então agora é tão difícil pra mim simplesmente pegar um pouco do meu tempo livre e dedicar a algo que gosto tanto, como escrever? Por que não busco editais, não faço mais meus rascunhos, não pesquiso cursos? Eu me acomodei, e dói admitir isso.
A vida tem essa coisa estranha de nos colocar em situações que nunca imaginamos lidar. A gente conhece pessoas, descobre coisas novas, a gente muda o tempo todo. Por um lado, agora eu gosto da pessoa que eu olho quando vejo o espelho. Por outro, eu tenho medo que essa pessoa diante do espelho esteja aceitável porque ela tem um emprego bom. E só.
Não sei se somos a geração mais ansiosa de todas, como tantos textos falam por aí. Mas sei que eu sou uma das pessoas mais ansiosas do mundo, e provavelmente voltarei aqui mais umas boas vezes pra me reencontrar.