No dia das mães, uma carta para minha filha

Maio de 2017. Há 10 anos, eu sou mãe. Há 10 anos, reflito sobre o significado desta tarefa que Deus me concedeu. Há 10 anos, passo o segundo domingo de maio agradecendo a oportunidade de aprender todos os dias sobre o ser humano.

Este ano, especialmente, esta data me pegou. Números redondos têm um sentido sagrado. São dois dígitos. Já não tenho mais um bebê em casa e a criança está dando lugar a uma pessoa autônoma, capaz de tomar decisões próprias e racionalizar sobre sua vida.

Nesta semana, me dei conta que um dia vou embora e deixarei para minha filha não uma herança, mas um legado. E tive vontade de escrever uma carta para que ela soubesse o quanto me inspira. É difícil escolher as palavras certas, por isso pedi ajuda aos amigos do Facebook. Foi apenas um post com uma pergunta, mas tive tantas respostas e tão lindas, que tento traduzir abaixo nesta carta que pode ser de qualquer mãe para seus filhos:

“Minha filha,

Há 10 anos, nesta mesma data, celebrava o único dia das mães em que você e eu éramos uma só. Antes mesmo do dia do seu nascimento, emoções e sentimentos tomavam conta de mim e traziam o prenúncio da dor do parto.

Sabia já naquela época, que você não era inteira minha. Você pertencia ao mundo e eu era uma mãe que também estava pra nascer e transbordava amor, ansiedade, vontade de ensinar tudo o que sabia e que aprenderia ao longo destes anos.

Coisas importantes não podem ser resumidas, mas devo começar esta mensagem com uma só palavra: AMOR. Minha querida, ame a si mesma, ame ao próximo, ame o mundo que te cerca. Se tiver dúvida, escolha o amor. Se tiver certeza, também escolha o amor.

Olhe sempre nos olhos das pessoas e tente se colocar no lugar delas. Não faça aos outros o que não gostaria que fizessem à você. Nunca se considere nem superior, nem inferior a ninguém. Ninguém é mais importante do que você, nem você é mais importante do que ninguém. Exercite a empatia, ouça, observe bem e, só então, fale. Um bom coração é a base de tudo.

Seja verdadeira, autêntica, coerente e fiel aos seus sentimentos. Mas também tenha respeito aos outros. Seja justa e generosa e pratique aquilo que disser.

Construa seu próprio caráter e desenvolva sua autonomia e independência. Corra atrás dos seus sonhos e se esforce para transformar seus objetivos em realidade. Insista, persista, persevere. Toda vez que cair, aprenda com a queda. E lembre-se: enquanto você for capaz de respirar, o jogo não acabou.

Leia bastante, leia sempre. Invista na educação até o fim da vida. Uma pessoa criativa e disposta a aprender, consegue se adaptar às mudanças do mundo.

Quando as coisas coisas não derem muito certo, lembre-se de Deus. Peça humildade para aceitar aquilo que você não consegue mudar. E sabedoria para transformar o que pode. E quando as coisas derem certo, por favor, não se esqueça Dele.

Cultive a serenidade, a paz de espírito e a FÉ. Viva livre, experimente, faça coisas, enfrente, aprenda, melhore, pule, gire, acelere, acalme. Aproveite a viagem. A vida é muito curta!

Tenha filhos só se quiser, não por obrigação social. E recomendo: encontre o que te motiva de verdade. Não desista de procurar, mesmo que isso demore, descubra sua missão e ocupe o seu lugar no mundo! Você pode tudo, desde que respeite o próximo, a natureza e, principalmente, você mesma.

Ah, filha, tenho que te alertar: fique esperta, não seja covarde. Este mundo não é para principiantes. Use filtro solar, cuide da aparência, mas não precisa curtir as próprias fotos, tá?! E o mais importante, não se deixe enganar: requeijão não é catupiry. Uma neta de mineiros NUNCA pode errar nisso.

E acredite, viver é ir em frente. Mas também é preciso saber voltar. Encontrar um lugar para recarregar, para fortalecer e, depois, continuar indo. Temos que saber voltar para dentro de nós e também para nossa casa, nosso lar, que não é um lugar, mas um sentimento. Eu estarei sempre lá, mesmo quando não estiver mais neste mundo.

Te amo,

Mamãe!