O design universal e seus princípios

aliensdesign
4 min readSep 14, 2017

No último texto, falamos sobre o alcance que a publicidade pode — e deve — ter ao ser mais acessível. Falamos de boas práticas para tornar textos, imagens e vídeos compreensíveis por uma gama muito maior de pessoas, especialmente quando elas possuem algum tipo de deficiência. Mas além da publicidade, como é o dia a dia da população em geral? Como a cidade recebe pessoas que têm diferentes necessidades? E como podemos melhorar situações adversas?

As possibilidades são imensas e vão além do design, que é a nossa parte. As áreas de arquitetura e urbanismo também têm muita influência no conforto da população como um todo. Assim como o desenvolvimento de objetos determina quem vai usá-los da forma planejada. E além de várias questões de usabilidade e acessibilidade (que discutiremos em outro momento), há uma corrente que acredita que o design deve ser para todos, e para qualquer um. É disso que trata o Design Universal, termo cunhado nos anos 70 por Ronald Mace, fundador do The Center for Universal Design, nos EUA.

O Design Universal não trata apenas do desenvolvimento de objetos, mas também de arquitetura, projetos de cidades, de construção civil e urbana, de praças, rua…basicamente, de tudo. A ideia é que produtos, serviços, ambientes e interfaces, ou seja, a cidade toda, possam ser usados pelo maior número de pessoas possível, independente de idade, habilidade, capacidade físico-motora ou status. É a ideia de para todos e para qualquer um, sem restrições, mais forte do que nunca.

Em 1997, pesquisadores do The Center for Universal Design determinaram os sete princípios que caracterizam o Design Universal (que você pode conferir na íntegra e em inglês aqui), que são:

1 — Uso equitativo
O design deve ser útil e comerciável para pessoas com habilidades diversas. O resultado da sua utilização deve ser o mesmo para todos os usuários, evitando segregação e sendo atrativo.
Exemplo: entradas de estabelecimentos que possuem portas com sensores de abre e fecha.

2 — Uso flexível
O design deve acomodar uma variada gama de preferências e habilidades, permitindo a escolha no método de uso e facilitando a precisão do usuário, seja ele canhoto ou destro.
Exemplo: tesouras que podem ser utilizadas por qualquer pessoa.

3 — Uso simples e intuitivo
O uso do design é simples de compreender, independente de experiência, conhecimento, habilidade, linguagem ou até concentração do usuário. O design não deve ser desnecessariamente complexo, deve ser consistente de acordo com as expectativas e a intuição do usuário e organizar as informações hierarquicamente.
Exemplo: maçanetas que abrem facilmente.

4 — Informação perceptível
O design deve comunicar efetivamente toda a informação para o usuário, independente das suas habilidades sensoriais ou da condição do ambiente. Para isso, vale usar vários modos (visual, tátil e verbal) para diferenciar os elementos, maximizando a legibilidade da informação.
Exemplo: a sinalização visual e sonora em aeroportos e metrôs.

5 — Tolerância ao erro
O design deve minimizar os riscos e reações adversas no caso de ações acidentais ou involuntárias, além de advertir o usuário dessa possibilidade. Para isso, os elementos mais utilizados devem estar mais acessíveis e os que apresentam riscos, isolados.
Exemplo: sistemas de computadores que permitem que comandos sejam refeitos.

6 — Menor esforço físico
O design deve ser usado de forma eficiente e confortável com o mínimo de fadiga, mantendo uma posição corporal neutra, evitando repetições e esforço físico excessivo.
Exemplo: botões acessíveis e fáceis de serem ativados.

7 — Tamanho e espaço para aproximação e uso
O design deve permitir tamanho e espaço apropriados para aproximação, alcance, manipulação e uso, independente do tamanho, da postura e da mobilidade do usuário. Todos os elementos devem ser facilmente encontrados e alcançados, e o espaço deve ser suficiente para que tecnologias assistivas possam ser utilizadas sem problemas.
Exemplo: catracas largas e fáceis de utilizar nas entradas de metrôs.

Ao pensarmos no nosso dia a dia, percebemos que nem todos esses princípios (e, muitas vezes, nenhum deles) são seguidos em todos os objetos, dispositivos e ferramentas que nos rodeiam. Isso acontece porque o Design Universal não diz respeito, necessariamente, ao que faz um design ser bom — ele se propõe apenas a ser útil de forma universal. Outros fatores como estética, custo, segurança, gênero e até apropriação cultural são muito importantes e devem ser levados em consideração na hora de desenvolver algum projeto. E nem todas as recomendações servirão para todos os designs, então é preciso analisar o que é possível aplicar e tentar ser para todos e para qualquer um.

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