Aline Laranjeira
3 min readDec 2, 2018

Bahia como você nunca viu

Se eu tivesse conhecido o Carlos há 10 anos, provavelmente eu já teria feito essa piada aos borbotões . Felizmente, a vida me trouxe este rapaz antes dos 20, quando eu ainda era idiota e fazia piadas sem graça.

Conheci Carlinhos ao estudar Jornalismo. Entramos no mesmo semestre. Eu, que andava mais em crise do que tranquila, descobri que seu sobrenome me fazia rir. “Bahia".

Tenho certeza de que ele não sabe, mas quando seguro o choro - porque às vezes a pedra que sou também fura -, lembro-me de seu sobrenome e rio. Depois eu choro.

A verdade é que eu nunca quis contar essa piada de tão imbecil. Desde 2017.1, quando conheci seu nome e sobrenome, vinha relutando para não fazê-la.

Mas outro dia, ao acordar, após ter visto um fato que me foi a gota d’água, decidi falar pelo What’s app mesmo:

“Carlos Bahia, mora na Bahia, torce para o Bahia”… E adivinhem a última? O nosso Carlinhos passou no processo seletivo do jornal Correio, pertencente à Rede… Bahia!

Ora, mas isso só poderia ser uma baita coincidência! Eu não sabia se estava feliz por sua vitória ou se pelo Bahia continuar perseguindo a sua vida.

Engraçado que ele idolatra a si mesmo. Sempre. “Ah, eu quero morar aqui. Trabalhar em Salvador. Não tem lugar como a Bahia, não, Line”, ele me disse certa feita, enquanto eu matracava sobre ir embora das minhas raízes.

Daí que eu fiquei curiosa. Quando o conheci, pensei que seu sobrenome era fictício e talvez seus pais fossem patrocinadores do time de futebol. Uma ideia esquisita. Perguntei, uma vez, o porquê de seu sobrenome ser o mesmo do estado onde morava, mas ele não sabia. E também não tinha nada a ver com o futebol.

Fui em busca no Google. Foi rápido, como sempre.

“O sobrenome Bahia é de origem Ibérica. Ele provém de “Ba’ia” que significa baía, uma porção de mar ou oceano rodeada por terra, podendo ser o nome de uma localidade também.”

Então, aos poucos, percebi que não havia sentido o quebra-cabeça que estava montando. Carlinhos Bahia só tem um sobrenome como qualquer outra pessoa. Ele não o tem porque é da Bahia, embora seja o lugar com a maior incidência deste sobrenome no mundo *— já poderia ser outra coincidência, embora não seja uma surpresa.

Mas qual seria a probabilidade de, em toda minha vida, conhecer alguém como ele? Tão dono de uma piada sem graça dessa? Tenho certeza de que não há ninguém tão especial no mundo quanto esse menino:

Carlos Bahia; Nasceu na Bahia; Quer viver na Bahia; Torcedor do Bahia; Estagiando na Rede Bahia; Quem sabe não escreverá sobre o Bahia?!

Aí sim. Quando acontecer, finalmente poderei bradar: este é o verdadeiro Bahia!

Não terá outro.

*os dados foram retirados da plataforma forebears. Lá eu consultei os países com maiores incidências e vi o total. O Brasil é onde tem mais, sendo a Bahia com a maior quantidade. Logo em seguida vem o Pará, com uns 2k de Bahias