Uma devocional no texto de Lucas 2: 25–35
O texto do capítulo 2 de Lucas faz parte do que conhecemos como “cânticos da natividade”, registrados por ele em seu evangelho nos dois primeiros capítulos. O primeiro é o cântico de Maria, o Magnificat; o segundo é o cântico de Zacarias, o benedictus; o terceiro é o cântico dos anjos, o gloria in excelsis; e o último é o cântico de Simeão, o nunc dimittis.
A versão em latim se tornou bastante popular e conhecida, principalmente no período de natal, durante o advento. Desde os pais da Igreja, igreja medieval, reformadores, e, até hoje, novas representações do cântico continuam a surgir. Pinturas, vitrais, orações, poemas, canções e até peças de jazz foram criadas. Agora, eu peço que tentem imaginar a cena e tentar perceber a beleza e a grandiosidade dos versos e da história que lemos.
A bíblia não nos fala muito sobre a vida de Simeão, somente que ele era um homem justo e piedoso, e que recebeu uma promessa da parte de Deus, que iria ver a consolação de Israel, o Cristo Senhor, e que ele não morreria até que colocasse os olhos no Messias prometido. O Espírito que havia sobre ele o levou à espera, e, de fato, cumpriu o prometido. Provavelmente Simeão já era idoso quando chegou o dia em que o Espírito de Deus veio sobre ele e o levou ao templo ao mesmo tempo em que Maria e José traziam seu filho para Sua apresentação no final dos quarenta dias de purificação de Maria após o parto.A apresentação do filho primogênito era um sinal da redenção do povo. Antes de redimir Seu povo do pecado, o menino Jesus experimentou simbolicamente o sinal dessa redenção.
Quando Maria e José trouxeram o menino Jesus para cumprir o costume da Lei, Simeão os interrompeu, tomou o menino nos braços e, sob a influência do Espírito Santo, começou a cantar uma nova canção. Meus irmãos, percebam a beleza das palavras desse homem. Ele está dizendo, na verdade: “Eu O vi. Eu olhei para o rosto do meu Salvador. Não preciso mais esperar para vê-lo crescer. Não preciso observá-Lo em Seu ministério público, ouvir os milagres que Ele ainda irá realizar. Não preciso ver a transfiguração. Não preciso ser uma testemunha ocular da morte expiatória na cruz ou de Sua ressurreição dentre os mortos. Eu vi tudo o que precisava ver e, neste rosto, vejo a luz da salvação que Deus prometeu ao Seu povo, que é o consolo pelo qual estávamos esperando.” E ele continua dizendo: “Isso é o suficiente. Eu não preciso de mais nada nessa vida. Eu vi a salvação que o Senhor me prometeu. Agora eu quero ir para casa.
“Nunc dimittis servum tuum, Domine” — “Agora, Senhor, podes despedir em paz o teu servo.”
Era comum os homens piedosos da antiguidade desejarem um país ou uma pátria melhor depois de suportarem tanto sofrimento. Isso aconteceu com Moisés e com Jó. Eles mal podiam esperar para chegar lá. Essa era a esperança de Simeão: “deixa teu servo partir em paz para que eu possa entrar no reino celestial”
Quando José e Maria viram este homem e ouviram sua canção enquanto ele segurava seu bebê contra o peito, eles ficaram maravilhados e surpresos. Então, Simeão voltou sua atenção para eles e proferiu uma bênção sobre os pais de Jesus, especificamente Maria. Ele afirma que não existe neutralidade quando se trata de Cristo Jesus. Ele trará as pessoas à vida ou as levará à morte em seus pecados. Ele ressuscitará muitas pessoas, mas também será uma rocha de escândalo. Ou você está a favor de Jesus, ou está contra Ele.
Simeão também diz a Maria que a alma de seu filho será traspassada por uma espada, para que se manifestem os pensamentos de muitos corações, como a traição de Judas, a autoconfiança de Pedro, a hipocrisia dos fariseus, a covardia de Pilatos. A espada que traspassará a alma de Maria é a morte de Jesus. O sofrimento dele não a deixará imune. Assim, as palavras finais de Simeão apontam para a função revelatória da obra de Jesus.
O que precisamos ter sempre em mente é que a vinda de Jesus não foi um mito, uma história mitológica imaginária. Ela aconteceu! Aconteceu em um determinado dia da história do nosso planeta. Foi um dia planejado na eternidade antes da fundação do mundo. Todo o universo, com os seus incontáveis anos-luz de espaço e bilhões e bilhões de galáxias, foi criado e feito de forma gloriosa para esse dia e o seu significado na história da humanidade. Foram feitos para ele! Para a sua aparição. Para o dia da sua aparição. Isso aconteceu em um dia. O dia perfeito. Na plenitude do tempo. O tempo perfeito marcado por Deus antes da fundação do mundo.
Então, eu louvo ao Senhor, junto com vocês, por nós termos um grande salvador, Jesus Cristo, o Senhor, que nasceu em um dia, em uma manjedoura, para nos salvar dos nossos pecados, nossos muitos pecados. E isso não deve ser uma lembrança nossa apenas na época do natal, precisamos ser lembrados disso todos os dias. A chegada dessa criança é a maior revelação da glória de Deus até mesmo nos mais altos céus, a vinda dessa criança trouxe paz ao povo de Deus. O bebê que Simeão pegou no colo e apertou em seu peito um dia carregaria, não só os pecados dele mas de toda a humanidade.
Deus é glorioso, e Ele deseja ser conhecido e louvado pela sua glória por um povo que o recebe e confia nele como Salvador e Messias, e experimenta a paz que Ele traz. Nós louvamos ao Senhor por aquela Consolação que somente Ele pode nos dar, pelo Salvador que somente Ele pode prover para nós, e pela salvação que somente Ele pode realizar.
A beleza do Filho, Deus encarnado, que revela a intenção dos corações, que veio para cumprir a obra do Pai, é nos revelada por meio do Espírito, para que assim, como há dois milênios, também possamos finalmente descansar em paz.