Lista: leituras de um ano absurdo
É de 2016 que estou falando, claro.
Um ano não termina realmente se não fazemos listas: melhores isso, piores aquilo, destaques do ano. Fechei a conta de 2016 e pedi para trazer a fatura, onde pude conferir, entre outros itens — decepções, coisas positivas, vergonhas que passei, etc — as leituras de 2016.
Eu costumava eleger os melhores, mas depois da listinha que a Stephanie Borges fez, resolvi compartilhar a lista completa, separada em categorias tão sérias e específicas quanto as da Netflix (algo como “filmes em que a Rachel McAdams serve de apoio para protagonista branco que volta no tempo”).
Não sou uma leitora dessas que devoram os livros em um ou dois dias, é importante frisar. Gosto de ler devagar, sem a pressa de quem quer vencer o livro logo para passar para o próximo. Quantidade não importa tanto para mim. Prefiro ler melhor do que ler mais.
2016 foi um ano em que li melhor. Algumas mudanças de hábito influenciaram:
1. Se não estou gostando de um livro, paro de ler na hora, sem dó. Não insisto. A vida é curta demais para desperdiçar com leituras que não vão me acrescentar em nada.
2. Também passei a ler mais livros simultaneamente. Em vez de só ler um livro quando termino outro, agora leio um de manhã, um bocado de outro à tarde, passo o dia seguinte lendo um terceiro diferente. Leio o que quero, quando quero. Regras: não há regras.
3. Busco ativamente por livros escritos por mulheres. É preciso fazer um esforço para romper a barreira que dificulta o acesso ao trabalho das escritoras e conseguir uma lista de leitura mais equilibrada. Desde que tomei o hábito de ler mais mulheres, descobri livros e autoras incríveis, um novo mundo de possibilidades se abriu para mim e a qualidade da minha leitura só aumentou. O fato de ter uma postura mais ativa na hora de buscar o que ler também tem a ver com isso.
Mas vamos ao que interessa, né?
Livros de contos deliciosos
- Sem vista para o mar (contos de fuga) — Carol Rodrigues
- Vaca e outras moças de família — renata correa
- Histórias de Cronópios e de Famas — Julio Cortázar
- A incrível e triste história da Cândida Erêndira e sua avó desalmada — Gabriel García Márquez
- No restaurante submarino — Lygia Fagundes Telles, Murilo Rubião, Amilcar Bettega, Moacyr Scliar
É ficção, é fantástica e é nacional
- Ritos de Passagem — Fábio Kabral
- Rani e o Sino da Divisão — Jim Anotsu
- A Rainha do Ignoto — Emília Freitas
- Revista Trasgo #05 — vários autores
- Revista Trasgo #12 — várias autoras
- Exorcismos, amores e uma dose de blues — Eric Novello
Literatura fantástica desse mundão véio sem porteira
- Alif, o invisível — G. Willow Wilson
- The Just City — Jo Walton
- A História Sem Fim — Michael Ende
Livros que me fizeram pensar e me tiraram do lugar comum pra caralho
- Susan Sontag: Entrevista completa para a Rolling Stone — Jonathan Cott
- Teoria King Kong — Virginie Despentes
Literatura da boa, daquela que dá vontade de escrever também
- Orlando - uma biografia — Virginia Woolf
- A amiga genial — Elena Ferrante
- Sete anos e um dia — Elvira Vigna
- Caçando Carneiros — Haruki Murakami
Histórias com demasiado sofrimento humano
- A autobiografia do poeta escravo — Juan Francisco Manzano
- Sem Gentileza — Futhi Ntshingila
- Dias de abandono — Elena Ferrante
Leituras de não-ficção
- Entrevista - o diálogo possível — Cremilda de Araújo Medina
- Feminismo e Política — Luis Felipe Miguel & Flávia Biroli
- História da Virgindade — Yvonne Knibiehler
- Histórias de um fotógrafo-viajante — Araquém Alcântara & Otávio Rodrigues
Leituras sobre ficção
- O discurso “Faça Boa Arte” — Neil Gaiman
- Sobre a escrita — Stephen King
- La vuelta al día en ochenta mundos - Tomo 1 — Julio Cortázar
Leitura leve, divertida, com ilustrações maravilhosas
- Placas Tectônicas (HQ) — Margaux Motin
- Uma Morte Horrível (HQ) — Penélope Bagieu
- Mas você vai sozinha? — Gaía Passarelli
- Nimona (HQ) — Noelle Stevenson
Super-heróis? Teve um pouco
- Viúva Negra #1 (HQ) — Nathan Edmondson & Phil Noto
De autores independentes do ♥︎
- Toureando o Diabo — clara averbuck & Eva Uviedo
- Le Self Sélavy — mariana lage
- Do seu pai — pedrinho fonseca
- Beijos no chão — Dani Costa Russo
Li até o final mesmo não gostando, contrariando meus princípios
- Maestra — L. S. Hilton
Comecei (ou continuei) a ler este ano, ainda não terminei, mas 2017 taí não é mesmo
- A Dança dos Dragões — George R. R. Martin
- The complete fiction of H.P. Lovecraft
- Quem teme a morte — Nnedi Okorafor
- Meu amigo secreto — Coletivo Não Me Kahlo
- A Rainha Ginga — José Eduardo Agualusa
- O poema dos Lunáticos — Ermanno Cavazzoni
Algumas estatísticas sobre minhas leituras, just for fun
- 60% autoria feminina
- 9 livros autografados
- 69% ficção
- 19% das leituras foram e-books
- 3 autoras francesas, 2 italianos, 1 sul-africana, 1 japonês e 1 alemão (entram num bar)