Quero fazer Mestrado — notas sobre minha experiência

Amanda Chevtchouk Jurno
4 min readMay 18, 2017

--

Antes de ler esse texto, é importante deixar claro que não se trata de uma publicação vinculada a nenhuma Instituição de Ensino ou que tente passar a ideia de um processo “engessado”. É um texto pessoal, baseado inteiramente na minha experiência pessoal e não deve ser tomado como diretriz para participar de um processo de Seleção.

Por que esse texto?

A motivação surge do número de pessoas que tem me procurado para entender um pouco mais sobre o processo de se candidatar a uma vaga de Mestrado e como fazer para participar dele. Alunos que não sabem por onde começar ou a quem se destina esse tipo curso, por exemplo.

Continuo às ordens para responder, sempre, todas as perguntas e ajudar a todos que desejam se embrenhar pelos labirintos acadêmicos. Mas acho que esse texto pode ajudar a responder algumas questões iniciais.

Por onde começar?

Eu nunca me visualizei seguindo carreira acadêmica. Durante toda a graduação, trabalhei e estagiei em empresas e não era uma das alunas mais aplicadas em sala de aula. Foi a experiência proporcionada por uma Bolsa de Pesquisa e Extensão, no último semestre da Graduação, que me despertou para as possibilidades que a Universidade oferece — muitas mais do que as tradicionais imagens de pesquisadores vestidos de branco sentados em frente a seus microscópios.

Percebi que para ser um pesquisador basta amar pesquisar. O que quer que seja. Há espaço para todo o tipo de pesquisa acadêmica na Universidade e, com certeza, em algum lugar existe um grupo de pessoas que goste das mesmas coisas que você.

Por isso, o primeiro passo é: descobrir o que te move. Sim, o que você gosta de pesquisar? Que tipo de conteúdo faz brilharem seus olhos? Descobrindo isso, é possível começar a pesquisar Instituições de Ensino e Pesquisa que possuem Programas e Grupos ligados à sua área de interesse.

Mas eu não fiz Iniciação Científica!

Nem eu. E isso não impede ninguém de seguir carreira acadêmica. É lógico que os jovens que já passaram pelo processo de IC têm certas facilidades que nós não temos. Mas é tudo uma questão de vontade e esforço pessoal: você também pode chegar lá.

E mais, os Programas de Pós Graduação, carinhosamente apelidados de PPGs, estão cada vez mais se adaptando para acolher jovens que vem do mercado de trabalho. Por exemplo, em alguns PPGs, na etapa de análise de currículos do processo seletivo, a pontuação por anos trabalhados/estagiados no mercado equivalem à pontuação por anos de Iniciação Científica. Ainda não são todos que adotam esse perfil, mas estamos caminhando e lutando por isso!

Eu não sei se quero dar aulas

Eu, definitivamente, não queria e cá estou eu escrevendo pros meus queridos alunos. Fazer um Mestrado não está diretamente ligado a dar aulas. Inclusive, diversas empresas bonificam profissionais que continuam se aperfeiçoando e algumas vagas são especificamente direcionadas a essas pessoas. Algumas empresas até financiam cursos de aperfeiçoamento.

Porém, uma coisa é certa: na maioria das Instituições de Ensino de Graduação é preciso ser Mestre para dar aulas.

Além disso, os alunos de mestrado não são obrigados a dar aulas. Na UFMG, onde fiz meu mestrado, por exemplo, os alunos de mestrado são autorizados somente a acompanhar professores do curso ou doutorandos em estágio docente, mas nunca ministram disciplinas sozinhos. Vale ressaltar que, caso você seja bolsista, talvez tenha que cumprir algumas horas de monitoria — tudo vai depender das cláusulas do seu contrato.

Eu posso trabalhar e fazer Mestrado?

Sim e, atualmente, é o mais recomendado. Com os cortes nos financiamentos das Universidades e Instituições de Pesquisa, o número de bolsas de auxílio financeiro para estudantes é cada vez menor e poucos são agraciados com a quantia. Além disso, vale ressaltar que algumas bolsas impedem os estudantes de trabalhar enquanto recebem financiamento, ou seja, exigem dedicação exclusiva. Assim, os bolsistas precisam conferir as cláusulas dos seus respectivos contratos para saber se são autorizados, ou não, a trabalhar e em quais condições isso pode acontecer.

Então o Mestrado não é só pra quem quer ser professor?

Não, o Mestrado é para quem quer estudar mais acerca de um determinado tema. Durante a formação de mestre você vai aprender a ser um pesquisador, a produzir conteúdo acadêmico e, sim, a ser professor. Você vai ser apresentado a diversos conteúdos ligados à grande área de pesquisa da qual faz parte — a minha é Comunicação, por exemplo — e também a conteúdos diretamente relacionados ao seu objeto de pesquisa.

Mas você não precisa seguir nenhuma dessas três carreiras para a vida. É possível, por exemplo, terminar o mestrado e voltar para o mercado, desligando-se por completo da Universidade.

Espero ter respondido algumas das principais perguntas sobre fazer ou não Mestrado.

Em breve, vou escrever um pouco sobre como começar uma pesquisa e onde buscar informações sobre seu tema de interesse. (Que blogueira, hehehe)

--

--

Amanda Chevtchouk Jurno

Doutora e Mestre em Comunicação (UFMG — Brasil). PhD and Master in Communication. Researcher interested in platforms, algorithms and technologies.