Racismo: a realidade indígena

Ana Laura Rangel
2 min readDec 12, 2017

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Manifestação de povos indígenas na Praça dos Três Poderes em Brasília. As lideranças reivindicam demarcações e embatem com políticos | André Coelho (Agência O Globo)

A pobreza, escassez de alimentos, desmatamento e muitos outros fatores contribuíram para que tripos indígenas começassem a ocupar, desde muito tempo, as cidades, vivendo ainda em condições baixas de vida. A ocupação causa incômodo e reproduz racismo. Em São Paulo, por exemplo, esse incômodo se multiplica a mais de 700 índios, abarcando as terras de iniciativa privada do parque estadual.

O racismo é ainda mais sistemático do que se pode imaginar: não há movimentações governamentais concretas que revertam a situação. Ainda neste ano, o povo Guarani que ainda resiste na cidade de São Paulo sofreu anulação do Ministério da Justiça sobre o processo de demarcação pela Pec 215. O jurua (homem branco em guarani mbya) “só olha o mundo como um objeto de valor em termos de riqueza e sabedoria desde que traga algo para ele, para o guarani o valor está em aprender com a natureza”, explica Pedro Karai, auxiliar de coordenação de cultura na aldeia, para Carta Capital.

Acaba que essas formas de resistência muitas vezes se transformam em alvos ainda maiores para o racismo. Em esfera estadual, houve denúncia de uso de drogas e abuso sexual de crianças na aldeia, golpeando a luta guarani. Por tratar-se de uma minoria, os indígenas estão sujeitos a um fenômeno que não ocorre na sociedade branca ocidental: quando um membro da comunidade comete alguma irregularidade, a mancha se alastra por toda a aldeia, estigmatizando-a ainda mais. “Passamos a ser alvo de racismo e discriminação. Os ônibus deixavam de parar quando dávamos sinal, perguntavam às mulheres se elas faziam programas e mostravam partes íntimas para nossas crianças”, conta Thiago Djekupe para Carta Capital. Para David Guarani Karai, uma das lideranças, “as pessoas nos criticam por reivindicarmos uma área dentro da metrópole, mas não conseguem refletir de forma crítica e enxergar: quem invadiu a nossa terra foi a cidade.”

Mais matérias relacionadas ao racismo estão no Estadão e no site oficial do Instituto de Estudos Latino-Americanos (IELA).

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