O caminho das Mulheres Empreendedoras no Encontro de Jovens Transformadores 2015

Análise de Empreendedoras
7 min readNov 17, 2015

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Por Thais Polimeni

Desde o começo do ano, estou no processo de lançamento do meu primeiro livro de crônicas. No meio do caminho, tinha uma pedra e o projeto foi postergado para o ano que vem, assim como outros detalhes foram readequados. São as maravilhas do meio do caminho que nos proporcionam experiências insubstituíveis.

Uma dessas experiências foi a oportunidade de convidar a jornalista e apresentadora Astrid Fontenelle para escrever o prefácio do livro, graças à queridíssima Piti Canella, que eu devo agradecer ao Facebook por ter nos apresentado. Quem me lê há um tempo, sabe que eu sou fã do Saia Justa e ser a quinta Saia é um dos meus objetivos de vida. A Astrid foi uma querida, porém, não teria tempo de ler as crônicas e escrever o prefácio no tempo que eu precisava. Mas o objetivo de ser a quinta Saia foi praticamente concretizado. Calma! Explico:

A última crônica que seria publicada no livro era “#SomosTodosReferência”, que eu escrevi a partir de uma necessidade percebida durante um evento de empreendedorismo do qual participei como voluntária. Entre 150 empreendedores participantes, havia cerca de 5 mulheres. Comentei com mais 4 amigas que também eram voluntárias e fomos conversar com a organização, sugerindo que, nas próximas edições do evento, houvesse uma ação específica para aumentar a diversidade de gênero. A resposta que ouvimos foi que ações desse tipo incentivariam a segregação, frase que me motivou a escrever uma crônica que explicasse didaticamente a importância de ações de equidade de gênero.

Adoraria escrever que, na edição seguinte, conseguimos atingir 30% de mulheres no evento, mas infelizmente essa não foi uma realidade. Ainda estamos perseverantes nas reivindicações, mas o melhor de tudo são as maravilhas do meio do caminho que apareceram, mais uma vez, para nos empoderar.

Durante as reuniões que fizemos para planejar as possíveis ações para aumentar o número de mulheres em eventos de empreendedorismo, decidimos estudar mais profundamente as questões de gênero entre os empreendedores. Assim, criamos o Ane — Análise de Empreendedoras, um grupo de estudos que visa criar conteúdo sobre Empreendedorismo Feminino. O Ane é formado pela advogada Julieine Ferraz Nascimento, pela consultora Laura Helena Cavalheiro, pela sócia da rede de lavanderias Magic Clean, Tatiane Lobato, pela designer e ilustradora Vivian Dall’Alba (que fez nosso logo lindo e maravilhoso) e por mim, que sou um monticoisa, mas estou cronista, blogueira, vlogger, enfim, produtora de conteúdo.

Ah, sim, vocês estão se perguntando: “E o Saia Justa?”. Pois bem, em uma de nossas primeiras reuniões, encontramos, por acaso, um dos organizadores do evento “Encontro de Jovens Transformadores”. Ao descobrir a criação do Ane, ele imediatamente nos convidou para mediar um painel sobre Mulheres Empreendedoras no EJT. Sim, o meio do caminho é lindo! Mobilizamos algumas empreendedoras e, no dia 7 de novembro de 2015, estreamos o Ane no EJT, em que eu fui Astrid, quer dizer, mediadora pela primeira vez, conversando com 3 mulheres incríveis sobre empoderamento feminino no empreendedorismo e no mercado de trabalho. Ainda não sou a quinta Saia, mas é um começo inspirador!

Havíamos combinado de dividir o Painel em 4 momentos:

  1. Apresentação;
  2. A importância de se investir em Mulher;
  3. O que os homens podem fazer para a equidade de gênero (lançamento da #PrimeiroAssédioNoEmpreendedorismo);
  4. O que as mulheres podem fazer para a igualdade de gênero.

Seguindo o cronograma do evento, apresento as garotas participantes do painel:

Ana Fontes, referência em empreendedorismo feminino no Brasil. Quem fala de empreendedorismo feminino não pode deixar de citá-la. E ela estava presente no nosso painel! Maior honra! A Ana é fundadora da Rede Mulher Empreendedora, a 1ª e maior rede de apoio a empreendedoras do Brasil. Entre suas milhares de atividades, Ana é fundadora e curadora da Virada Empreendedora, palestrante TEDx, professora de empreendedorismo no INSPER e consultora do Programa 10 mil mulheres da FGV e do Itau Mulher Empreendedora;

Lídia Abdalla, que foi nosso exemplo de intraempreendedorismo. A Lídia veio de Brasília especialmente para o painel! Olha que responsabilidade a nossa! Ela é presidentes executiva do Laboratório Sabin, onde começou trabalhando como trainee. Olha que inspiração! É formada em Bioquímica pela Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP), mestre em Ciências da Saúde com ênfase em Endocrinologia pela Universidade de Brasília (UnB) e tem MBA em Gestão Empresarial pela Fundação Dom Cabral (FDC).

Tatiane Lobato, quem tenho o prazer de chamar de amiga :) Conheci a Tati no programa 10 mil mulheres, da FGV e, depois disso, participamos de diversos eventos de empreendedorismo. Como falei há alguns parágrafos, ela também é uma das fundadoras do Ane. No painel do EJT, a Tati foi para representar um case de mulher empreendedora que ela é! Ela é proprietária da Magic Clean lavanderia, é membro eleita do Conselho da Anel-Associação Nacional dos Empresários de Lavanderia, vencedora do Premio Desafio São Paulo Pequenas Gigantes da Aliança Empreendedora e Instituto WalMart, palestrante Tedx e Embaixadora da RME em Barueri e região.

Thais Polimeni, vulgo eu, mediando o painel. Sou graduada em Publicidade e Propaganda pelo Mackenzie, pós-graduada em Gestão da Comunicação pela USP, cursei “Indústrias Culturais e Economia Criativa” na Creare Foundation, em Amsterdã e sou empreendedora na área de economia criativa na Carbono 60 e curadora de conteúdo na Cult Cultura.

No meio da apresentação individual, em que cada uma contou o que a motivou a seguir a carreira escolhida, a Carol, coordenadora da sala, me informou que teríamos que reduzir a duração do painel de 1 hora para 45 minutos. Olha o meio do caminho! Don’t panic! Eu, com toda minha experiência de mediadora (sqn), optei por agrupar o terceiro e quarto blocos em um único. E não é que deu certo!? Nasci pra ser mediadora. GNT, me contrata! Vamos fazer um Saia Justa versão business, amiga!

Ainda no segundo bloco, Ana Fontes e Tatiane Lobato forneceram dados sobre a importância de se investir em mulheres. De acordo com a pesquisa realizada pela Plan Brasil, as mulheres reinvestem 90% de sua renda no local em que vivem, enquanto a porcentagem referente aos homens é de 30% a 40%. Investir em mulher é investir na comunidade. No Brasil, as mulheres já são maioria nas universidades, representando 63% dos brasileiros com nível superior.

Lídia Abdalla nos contou quais ações de investimento em mulheres são realizadas pelo Laboratório Sabin. Um dado importante é que 74% dos funcionários do laboratório são mulheres, uma porcentagem rara nas empresas, hoje em dia. Há programas de apoio às gestantes e de valorização à família, para que trabalho e família estejam em harmonia na vida das funcionárias.

Antes de iniciar o terceiro+quarto bloco, expliquei sobre a diferença entre equidade e igualdade de gênero. “Igualdade” é você dar os mesmos recursos para pessoas com necessidades diferentes. “Equidade” é você dar recursos diferentes para pessoas com necessidades diferentes para que atinjam a igualdade. Peguei uma charge na internet que super facilita a explicação:

“Agora que falamos, de um modo geral, sobre a importância de se investir em mulheres, o que nós, homens e mulheres, podemos fazer, no dia-a-dia, para que consigamos alcançar a equidade de gênero?”

Não comentei sobre a hashtag que iríamos lançar, pois, como tínhamos poucos minutos, eu sabia que esse tema iria gerar muito buzz. Mas a Tatiane Lobato lacrou geral (to amando esse verbo, gente! Vou usar até gastar) quando disse:

Meninos, vocês podem nos ajudar a fazer networking. Nós, mulheres, temos dificuldade de fazer networking e vocês nascem fazendo isso! Nos ajudem! Peguem os cartões de visitas das mulheres, interessados em fazer negócio. Não em ligar pra ela no dia seguinte

Risada geral, burburinhos, meninos vermelhos de vergonha e uma confissão masculina: “Putz… Eu já fiz isso…

Tive que conter os ânimos da galera, porque tínhamos menos de 5 minutos para terminar o painel (trilha sonora de “Missão Impossível” ao fundo). Comentei que o caso “Valentina”, do MasterChef Junior e a exclusão da FanPage da Jout Jout por causa do vídeo “Vamos fazer um escândalo” (veja abaixo) foram temas de uma das reuniões do ANE, pois percebemos que um dos motivos que muitas mulheres optam por não frequentarem eventos é que todas elas já foram assediadas pelo menos uma vez. Como estávamos criando a pauta para o painel do EJT, decidimos lançar a #PrimeiroAssédioNoEmpreendedorismo, em que cada uma contaria como foi o primeiro assédio (ou pelo menos o primeiro que lembra) no ambiente empreendedor. Porém, devido à escassez do tempo disponibilizado para nós, teríamos que finalizar o painel sem a hashtag, mas gostaríamos de deixar essa reflexão.

O Ricardo Politi, curador da Sala de Empreendedorismo do EJT, agradeceu nossa participação colocando foco na importância de um ambiente empreendedor com diversidade de gênero. No final, muitos jovens vieram conversar conosco, manifestando interesse em estudar mais sobre a equidade de gênero. Uma das jovens que veio falar comigo foi a Julia, que trabalha na Endeavor, de BH. Ela me disse que eles fazem diversas pesquisas sobre a mulher no empreendedorismo e muito do que falamos havia sido comprovado nas pesquisas realizadas. Fiquei muito feliz por saber que não estamos sozinhas e que temos muito que pesquisar e fazer!

Essa foi nossa estreia. Produtiva, informativa e surpreendente. E olha que nem estamos no meio do caminho ;)

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