Pancada
Pancada, pancada, pancadas. A gente leva e de repente fica assim, meio dawn. De repente não, que as pancadas são repetidas e vêm de longa data, longo tempo, longo tormento. É uma atrás da outra, é eita atrás de eita, de poxa vida, de que droga, de que por quê. Por quê?
A gente quebra e fica aí, quebrado, largado. Os cacos voam e atingem quem tiver que atingir, quem não tem que atingir. Não tem que atingir ninguém. Mas atinge todo mundo, atinge eu. O eu não sabe mais quem é e nem o que quer fazer.
Quer morrer, mas tem medo. Quer viver, mas tem medo. Como será viver? Como será morrer? Tem que saber pra optar, pra escolher. Claro que quer viver. Mas quer viver bem! Com propósito, com sentido. Quer que valha a pena, não que seja só mais uma existência serena tomando café. Isso é bom, mas todo dia não dá.
As palavras saltam tão bonitas pelas pontas dos dedos… Vão abrindo vazão, vão deixando a dor sair. Mas a realidade não. A realidade é difícil. Tem culpa, julgamento, preocupação, vontade de gritar, vontade de correr, vontade de fugir. De sair. De sair daqui! Daqui onde? Nem sabe mais onde está. O que quer?
Quer fazer o bem, mas não sabe como, só sabe a quem. A todos a quem ama, àqueles a quem quer bem. Ela está meio pancada, de tanta pancada que levou. Ela não sabe mais se levanta, como levanta. Mas ainda acredita, ainda espera, ainda cansa, mas persevera. Calma, calma… Jajá, levanta. Descansa.