imagem: Ryan McGuire

O Mundo Está ao Contrário. Você Reparou?

Deixa eu te contar o que está acontecendo

André Camargo
André Camargo, Escritor
5 min readDec 11, 2016

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por André Camargo

Esse título me faz ouvir a voz da Cássia Eller. Você também?

“O que está acontecen-do u-u-u?

O mundo está ao contrário

e ningueeeeém re-parou…”

Que voz linda, rascante, visceral!

Ela morreu em 2001. Não viu nada de tudo o que anda acontecendo. Foi um outro mundo que ela deixou para trás. Um mundo que, assim como a cantora, não existe mais.

Ela não viu o PT chegar à presidência, primeiro com Lula e, depois, com a primeira mulher a ocupar o cargo, (a despreparada, antipática e autoritária) Dilma Roussef.

Também não viu um negro de nome estranho, Barack Obama, se tornar presidente americano.

Presenciou o ataque às Torres Gêmeas, mas não a Guerra ao Terror e todas as suas consequências geopolíticas, sociais e culturais. Como as perseguições espetaculosas a Saddam Hussein e Osama Bin Laden.

Imagine que ela não chegou a conhecer a Wikipedia, o YouTube, o Twitter, o Facebook, o Whatsapp e o iPhone. Muito menos Uber, Amazon ou AirBnB. Nada disso existia naquele mundo.

(Portanto, a cantora não sentiu, no corpo e na alma, a vida de carne e osso migrando para o digital. Nós mesmos nos tornando um tanto virtuais.)

Ela também não viu um argentino se tornar Papa, nem o Brasil perder de 7 a 1 para a Alemanha — em casa.

Não saberia dizer quem são Neymar, Messi e Cristiano Ronaldo — nem Rafael Nadal, Usain Bolt, Lady Gaga ou Amy Winehouse.

Ou Jair Bolsonaro.

Cássia Eller não testemunhou a eclosão da Primavera Árabe nem o surgimento do Estado Islâmico. Ou a assustadora eleição de Donald Trump em meio a uma era de pós-verdade.

E, aqui no Brasil:

  • a molecada sendo massacrada pela PM nas manifestações de junho de 2013 e nas escolas ocupadas até hoje
  • a polarização patológica em coxinhas e mortadelas, turbinada pela disputa entre Dilma e Aécio
  • a Lava-Jato de Sérgio Moro, instrumentalizada por grandes grupos de Poder
  • a cultura do ódio incendiada pelas mídias sociais
  • o esfacelamento das instituições democráticas
  • o impeachment/golpe patrocinado pelo Quarto Poder e seus parceiros de negócios
  • e a catastrófica ascensão de representantes do que há de mais podre na política nacional, da corrupção atávica, capitaneada por um personagem emblemático — talvez o papel mais ridículo que já vi algum político desempenhar em público.
O campeão da vergonha-alheia

Michel Temer, o líder político do país que nos tornamos, aos olhos da imprensa internacional: uma República de Bananas.

Pausa para um #ForaTemer.

O mundo está convulsionando.

Não sei para você, mas pra mim é tudo muito inquietante. Um sentimento de estranheza, de desalojamento, como andar com um espinho entalado na garganta da alma.

Em tão pouco tempo, tudo muito fora do lugar.

Como entender?

Tem gente que acha que abriram as portas do inferno e estamos mergulhando no caos do Fim dos Tempos.

Confesso que eu mesmo sou com frequência tomado por essa vibe apocalíptica, dramática e exagerada, como se saísse arrastando minhas pernas por meio metro de bosta toda vez que dou uma passadinha no FB.

Mas essa é apenas minha parte mais reativa quando bate forte.

Para outras pessoas, mais otimistas, trata-se simplesmente do movimento cíclico da História. Foi ingenuidade nos considerar vacinados contra a volta do fascismo e de líderes carismáticos, a voracidade americana por petróleo e lunáticos pedindo a volta da Ditadura Militar.

Talvez a gente precise mesmo atravessar coletivamente um longo período de purgação, a fim de processar o lixo acumulado e silenciado. Então, a podridão toda que está vindo à tona talvez não seja apenas algo tóxico, mas algo importante para que a gente possa purificar o passado e se abrir para o futuro.

Um momento de catarse, limpeza e reconciliação.

Olhando a partir de uma perspectiva mais ampla do que a dos ciclos históricos, porém, e por meio da linguagem dos mitos e arquétipos, surge uma outra visão.

Essa é a Visão que eu quero compartilhar, porque eu acho que ela tem o poder de aumentar a consciência e acalmar o coração.

Então fique atento/a ao próximo texto, que devo publicar em breve. Nele, vou te contar como a Humanidade está passando por uma Travessia de Limiar. Algo que, por natureza, tende a ser incômodo, turbulento e desorientador. Mas que, em contrapartida, carrega o potencial para mudanças profundas.

Como os tempos em que vivemos.

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