Tristeza. Depressão. Suicídio.

“Falar é a melhor solução”

Andréa Korps
4 min readSep 21, 2016

Setembro é o mês da campanha de conscientização sobre a prevenção do suicídio. Amarelo foi a cor escolhida para a campanha. “Falar é a melhor solução” é a mensagem que a Setembro Amarelo está divulgando. Expressar os nossos sentimentos, falando, é muito importante pois faz com que identifiquemos esses sentimentos, o qual é ótimo para viver. Penso que poderíamos promover mais rodas de conversa sobre o que afeta nossos sentimentos no dia-a-dia. Este espaço no Cemitério da Consolação, que é aberto ao público, e no qual se fala sobre a morte, é um bom exemplo. Termos espaços de liberdade para falarmos como estamos nos sentindo, sermos acolhidos e trocarmos nossos olhares sobre a vida, é essencial.

Uma senhora contou para uma criança que ela cantava quando se sentia triste. Quando chegou o dia da tristeza para essa criança, lembrou daquelas palavras e começou a cantar uma música que gostava. Com essa companhia musical a tristeza foi passando e lidar com ela ficou mais fácil daí em diante. Foi num filme que vi isso acontecer. Sábia inserção dos criadores: procurar qual é a maneira que podemos usar para lidar com as nossas tristezas é uma ajuda e tanto na nossa vida.

Suicídio. Tristeza. Depressão. Palavras bastante ligadas. Como é importante podermos falar sobre este tema: DE-PRES-SÃO. Cada um de nós, ou alguém que conhecemos, em algum momento da vida, ou em vários, podemos sentir os sintomas da depressão: muita tristeza, não conseguir se alimentar, perder a razão de viver, dificuldade para tomar banho, preocupar-se em excesso, não conseguir ler e por aí vai. Conversar sobre isso é trazer a nossa humanidade à tona, olharmos para os nossos limites, ver que às vezes precisamos parar, entendermos que o nosso corpo travou pois aquilo no que acreditávamos e confiávamos não está mais podendo nos dar segurança. Sim, muitas vezes, nossa segurança está fora de nós, no externo, naquilo que até então estava ´dando certo´. Por exemplo, nosso pai ou nosso marido, que até então, apesar de terem ficado doentes, melhoravam, e o fato deles adoecerem não nos pegava a ponto de nos derrubar. Entretanto, chega um momento em que, após vermos frágeis essas pessoas próximas e queridas, nossos amados que são a nossa segurança, precisamos mexer nas entranhas da nossa alma. Conversarmos sem medo sobre nossa falta de segurança própria é vital para enfrentarmos o que vai vir no futuro.

A depressão nos assusta porque, posso dizer quase que com certeza absoluta, nos remete ao uso de medicação psiquiátrica para o tratamento. Outro dia ouvi a seguinte explicação: se por acaso estivéssemos subindo uma montanha, como um alpinista e, num determinado momento ficássemos sem oxigênio, a medicação psiquiátrica seria esse oxigênio que precisamos para continuar a subir a montanha. Agora não vai me dizer que você nunca imaginou a tua vida como a subida de uma montanha! Pois é. Nem sempre conseguimos fazer tudo sozinhos. Muitas vezes queremos acreditar nisso. Cremos que não precisamos pedir ajuda. Mas no momento em que os sintomas da depressão aparecem necessitamos pedir ajuda sim, e tem vezes que precisaremos insistir nesse pedido. E essa ajuda pode vir na forma de medicamentos psiquiátricos — devidamente receitados por um médico — ou na forma de um tratamento de psicoterapia — devidamente aplicado por um psicólogo — ou ainda via os amigos, aqueles, claro, que estão conosco tanto nos momentos difíceis como nos fáceis. E nada como termos o apoio da família, quando podemos contar com ela.

Se a vida está funcionando de uma maneira OK, então podemos dizer que a tristeza está no patamar normal. Mas se a nossa produtividade cai, se só pensamos negativamente, se perdemos o interesse em atividades que antes nos davam prazer, se não vemos pelo menos UMA coisa positiva em um dia inteiro, então é necessário pedir ajuda e procurar o tratamento psicológico e psiquiátrico adequado. Se você tem dúvida o que significa ‘funcionar de uma maneira OK’, talvez, em somente quatro minutos, este vídeo pode te ajudar a entender. E se, depois de assistir, ainda continua na dúvida, fale comigo. Juntos poderemos tentar esclarecer o que isso significa.

Que tal divulgarmos a campanha de conscientização sobre prevenção do suicídio, trocarmos conhecimentos sobre a depressão, multiplicarmos a necessidade de falarmos sobre os nossos sentimentos e acolhermos a nós mesmos e aos outros? Clica aí. Compartilha com outros. Ajuda nosso povo a pensar nisso.

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