Novo logotipo Xlab

Olá todos, todas e todes.

Andrei Gurgel
4 min readAug 16, 2020

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Eu sou o Andrei Gurgel, sou Designer e criei o canal de YouTube UXlab que, a partir deste momento, passa a se chamar simplesmente Xlab.

Sim, estou extraindo o termo “usuário” do nome do projeto que eu criei há quase quatro anos. Deixe-me explicar. Serei breve, afinal, ainda teremos muitas outras chances de debater sobre isso.

A verdade é que, na vida, assim como no Design, estamos sempre buscando evoluir. Sempre dando novas voltas. A cada iteração, são novos aprendizados, novas percepções.

Eu criei este canal em dezembro de 2016 com este pensamento. Era praticamente um protótipo quando lancei o primeiro vídeo no Laboratório UX. Sim, acho que muitas pessoas nem sabem, mas só depois de um ou dois meses eu ajustei o nome do projeto para UXlab, que a gente vinha usando até o momento em que você chegou ao final do primeiro parágrafo deste texto.

Naquele ano, para mim, isso representava a linguagem comum pela qual eu iria criar diálogos ao redor do Design, debater temas diversos, conversar sobre esta disciplina. O que de fato aconteceu. Valeu, UXlab! O Canal se tornou em uma comunidade muito interessante, ativa e diversa. Depois, até se desdobrou em podcasts, atendendo a pedidos. A verdade é que eu não tinha imaginado que chegaríamos até aqui. Mas fomos indo, conversando, aprendendo, evoluindo.

Contudo, já há várias voltas ao longo desse mesmo espiral, eu venho pensando sobre o nosso papel como Designer. Nossa missão na criação de artefatos, sejam estes produtos, interfaces, serviços, que possam atender às expectativas dessas pessoas às quais reduzimos ao termo simplificado de usuário.

Quem são esses tais usuários, afinal? Passamos então a debater sobre estratégias para conhecê-los mais de perto. E fomos em expedições aos seus mundos, tentando sempre recortá-los do todo e, mesmo considerando os seus contextos, eles eram extraídos de lá e postos em uma posição onde pudéssemos observá-los, estudá-los, aprender com eles. Imaginávamos que isso seria suficiente para criar para eles as melhores soluções. Muitas vezes foi. E isso beneficiou negócios, criou novas oportunidades. Mas espere, a que custo?

Ao reduzirmos uma pessoa ao termo usuário, estamos desprezando os seus outros papeis. As pessoas têm famílias, suas vidas, elas trabalham, reservam espaço para lazer, lutam nas adversidades, se divertem, amam outras pessoas. Ao reduzi-las ao elemento que interessa ao projeto nós descartamos essas suas outras interações adicionais. Neste sentido, também descartamos todas as demais pessoas do repertório de possibilidades de um projeto. E elas são várias: tem os administradores desses artefatos, aquelas pessoas que estão nos bastidores. Elas também não deveriam ser consideradas? E toda a cadeia que é preciso ser mobilizada para que algum serviços seja viabilizado? E podemos ir mais perto: E quanto aos não-usuários? Sim, todas aquelas pessoas que são impactadas indiretamente ou mesmo diretamente pelo uso de um determinado artefato (que nós criamos), pelo simples fato de ele existir no mundo e estar sendo utilizado por outras pessoas?

Não, não estamos tratando só de usuários quando lidamos com Design, definitivamente.

Mas não para por aí. Por tentarmos fixar nosso olhar para esta entidade que denominaram de usuários, esquecemos que essas pessoas também se organizam em comunidades, bairros, cidades, em um país! Aliás, falando em Brasil, que é tão diverso, com comportamentos tão peculiares, com tantos desafios a serem superados, a quem se refere o termo usuário? Seria este termo suficiente para representar toda a nossa riqueza cultural de utilizadores de algo? E quanto às relações que se estabelecem entre essas pessoas?

Por estes mesmos motivos esquecemos de falar também sobre os impactos que os artefatos que criamos causam ao meio ambiente. Sim, esquecemos de falar mais sobre sustentabilidade e temas como bem-estar social. Ou também não seriam estes temas de nossa responsabilidade? Caso contrário, o que seria experiência?

Diante disto eu acredito que o termo Experiência do Usuário, ou User Experience ou UX não tem mais a capacidade de apresentar respostas aos desafios e cenários complexos que estamos enfrentando cada vez mais, especialmente quando consideramos os contextos de diversidade que o Brasil exige.

Mas é claro que o caráter de experiência existe. Ela só não pode mais ser pensada apenas a nível de usuários. Por isso tudo, precisamos investir para que o Design seja cada vez mais diverso, mais representativo, que incorpore ainda mais as nossas identidades e diferentes papeis que desempenhamos em comunidade. Como o Design e os artefatos que estamos concebendo alteram essa rede interconectada de pessoas ao nosso redor?

Vamos aos novos ciclos do Xlab.

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