Seja!

Anderson Pereira
4 min readOct 25, 2015

Há um ou dois anos escrevi meu “currículo” de um jeito diferente. Saiu mais ou menos isso aqui (dei uma adaptada hoje, confesso):

“Sei usar o CAD, o SketchUp, o Photoshop, o Corel (embora eu apanhe dele, assim como todo mundo), fora o pacote Office, com direito a vídeos de apresentação com música no Power Point (porque ainda não me dediquei o bastante a programas de edição de vídeo, já que meu computador caidinho não me permitiria).
Sei fazer ebooks, sei editar podcasts, sei encaixar/mixar músicas.
Sei ler em inglês e arranho o esperanto. Sou um ótimo leitor, a propósito. E me aventuro também na escrita. Gosto disso, embora a falta de leitores-beta não me incentive a continuar escrevendo.
Também sei coordenar bem plataformas multimídias (mesmo o Facebook sabotando as páginas de divulgação).
Sei nadar também. E meu café gelado com leite e chocolate fica bem gostoso. O estrogonofe não segue um caminho lógico, mas dizem que fica uma delícia.
Sei me deslocar pela cidade e, aonde não sei ir, me viro bem pra chegar a algum canto. Sei a história de alguns pontos históricos e conheço uns lugares bem incomuns.
Adoro fotografia, mas queria saber fotografar bem.
Sei bastante coisa e procuro saber sempre mais, mas aparentemente nada disso me qualifica pra ser uma pessoa produtiva o bastante pra ter um trabalho/emprego legal…”

Foco nas últimas palavras, por favor: trabalho ou emprego legal. Legal, dentro da legalidade, e legal, divertido. Entendeu? Pois é. Isso faz diferença, sim.

Sim, estou sendo exigente e, sim, me dou esse direito. Sim, eu tenho esse direito de querer o melhor pra mim. Ou não? E você deveria começar a ter também.

É, você mesmo, que está lendo isso e mentalmente me chamando de louco. Você, que se conforma com o mercado competitivo bem estúpido que a gente vê à nossa volta.

Não, não é assim que as coisas são nem é assim que elas devem ser. Só continuam assim porque você (sim, você) não faz nada pra mudar isso. Se as coisas chegaram ao ponto em que estão é porque você permitiu. É porque seu medo te paralisou a tal modo que seus sonhos foram para o ralo.
Acredite, muitos dos meus sonhos foram para o ralo também, pelo mesmo medo e pelos mesmos motivos, e agora tenho que construí-los novamente ou sair correndo atrás de uns novos.

Quanto tempo você consegue ficar com sua família, aproveitar o crescimento dos seus filhos (ou dos seus sonhos)? Quanto tempo você dedica a você mesmo(a)? Quanto tempo por semana você tira pra ouvir sua música favorita ou assistir um filme novo que queria muito ver? Quanto tempo você dedica à leitura de um livro ou um artigo que adiou vezes e vezes incontáveis? Quanto tempo você gasta com você mesmo?
Pouco, não é? Não sobra muito tempo. Não sobra tempo algum, na verdade.

Quando é que você vai ser feliz?
Quando é que você vai ser você?

No final da vida, quando olhar pra trás, o que você vai pensar? O que você preferiria pensar? “Dediquei minha vida ao trabalho e não fui feliz” ou “tive pouco dinheiro, mas vivi realizado”?

Sim, o mercado é competitivo. Sim, as pessoas são cruéis. Sim, existem contas a pagar. Mas exatamente onde isso te impede de seguir em frente em busca da sua verdadeira felicidade? Aliás, você precisa mesmo dessas coisas atreladas a essas contas todas a pagar pra ser feliz ou isso é só um paliativo para a sua infelicidade? Você tem o direito de ser feliz, sabia? Diria mais. Diria que você tem a obrigação de estar feliz. Você está?

Não se trata de ter o que quiser e o dinheiro puder comprar. Trata-se de ser o que quiser, estar em paz e feliz. A vida nunca foi a respeito de ter, nem nunca será! — A menos, claro, que você acredite firmemente que só há o aqui e o agora e, pronto, nada mais. Nesse ponto, qual então é o sentido em continuar vivendo? Ter as coisas te faz realmente feliz? Em que essa ganância, caso seja seu objetivo de vida, te faria uma pessoa melhor e incapaz de prejudicar as pessoas à sua volta para conseguir o que quer? Você seria feliz? Conseguiria dormir à noite? Estaria realizado? Impossível. Que diferença você faria no mundo? Você sequer seria alguém.

Não, não tenho a pretensão de achar que sozinho vou resolver alguma coisa. Não quero fazer nada sozinho. Não é sozinho que a coisa se resolve, é com união. Então, sim, eu ainda acho que é possível mudar, mas isso depende também de você. Depende de você buscar um trabalho melhor, onde não se sinta explorado e vitimado a se escravizar em troca de deixar o pagamento da TV a cabo em dia — afinal, que tempo você tem pra assistir TV, já que vive para trabalhar? Depende de você, economizar um dinheiro e costumizar suas roupas mais antiguinhas, em vez de ficar preso num escritório 10h por dia para sequer ter pique de sair no final de semana e ostentar a marca que alguém resolveu estampar naquilo que você veste e que magicamente dá um surreal e dispensável valor material a um pedaço de pano.

Seja você. Faça aquilo que tem vontade. Vista-se como você mesmo. Invista-se! Conteste. Brinque. Brigue (de maneira saudável, hein!) pelo seu direito à felicidade.

Pode levar dias, meses, anos até você entender o bem que se fez, mas a realização chega e ela não tem a ver com dinheiro. Dinheiro nenhum no mundo paga uma mente tranquila e feliz, não importa quantas contas em atraso ou cartões de crédito bloqueados você tenha — experiência própria.

Se você acreditar, se fizer aquele do seu lado acreditar também, se transformar isso numa corrente positiva, o mundo pode mudar! O mundo vai mudar! Só depende de você! Isso é possível!

Quer ser feliz? De verdade?

Seja!

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Anderson Pereira

Ravenclaw, filho de Atena, escritor, rêveur, ‘too school for cool’, KatyCat, carioca, licenciando de artes, arquiteto, metido a fotógrafo e nerd.