Relato de parto: o parto em busca do parto (parte 1)
Gostaria de ter um parto humanizado e não sabe por onde começar? Aqui eu explico tudo no mínimos detalhes. Compartilhe isso com as amigas e amigos que querem um parto adequado a sua situação e bolso.
Assim que deu positivo o beta HCG eu já sabia que queria um parto humanizado, apesar dos meus poucos conhecimentos em ginecologia e obstetrícia (da faculdade) que eram mais focados em doenças e as poucas vezes que estive num Centro Obstétrico (CO) foi num estágio de Pediatria num hospital público em Porto Alegre. E as cenas do CO eram de um filme do Tarantino: mulheres sozinhas deitadas nas macas por horas a fio, sendo examinadas (toque) diversas vezes e por diversos residentes, gritando de dor, suplicando ajuda, sendo tratadas como “calma, mãezinha”, “mãezinha, você precisa parar de chorar” e “na hora de fazer não chorou” e todos aqueles tratamentos que vocês ficarão sabendo ou na pele (espero que não) ou na árdua caminhada em busca de um parto decente, digo humanizado.
Para saber o que raios é um parto humanizado, leia aqui esse post.
A única coisa que eu sabia era o que eu não queria que acontecesse comigo: ficar horas sozinha numa sala fria de hospital, me sentir insegura, sentir dores insuportáveis, corte na vagina (episiotomia) e que meu bebê fosse recebido no mundo sendo segurado pelas perninhas como um frango desossado. Eu queria um parto como um acontecimento íntimo, familiar, biológico e não médico, festivo, cirúrgico.
Com poucas semanas de gravidez eu e meu companheiro assistimos o Renascimento do Parto 1, que considero o primeiro passo pra entender o que é um parto com um choque da realidade brasileira. E no minuto 12 eu e Thiago estavámos chorando e convencidos que queríamos um parto humanizado, pelo amor ao meu períneo e ao nosso filho. Meus amigxs, parir atualmente no Brasil é um ato político e vocês vão entender logo logo porque eu afirmo isso.
Pausa para agradecer a Estela, pelo empréstimo do filme e a Ju Molina, a primeira pessoa que me apresentou ao incrível mundo da partolândia, depois um papo no messenger, seguido de “me liga, te explico tudo”. Minha mais sincera gratidão, não estaria nesse caminho se não fosse por vocês.
Fui inserida num grupo no whatsApp de mães e falamos muito sobre tudo e também sobre partos que respeitam mãe e bebê, sobre a ótica de diferentes mulheres. Descobrimos as rodas de casais grávidos por toda essa imensidão de sumpaulo, e começamos a frequentar quando Caetano era apenas uma ervilha.
Fomos em hospitais particulares (que meu convênio era aceito), como o Santa Joana com sua taxa de 98% de cesáreas (em 2016) apesar da responsável pela apresentação ter nos dito que essa era uma informação privada do hospital. Meu cu, moça. Fui ao SEPACO que participa do programa Parto Adequado com 48% de partos vaginais (em 2016) e no hospital público Amparo Maternal com 70% de partos vaginais (primeiro semestre de 2016). E antes que levantem o ponto que eu sou contra cesárea, eu já esclareço, eu não sou contra cesárea, ela salva vidas. Sou contra a banalização do parto, da cesárea desnecessária, mas todxs estão no seu direito de ter o parto da forma que achar certo, vaginal, natural, pelo cu, na casa de parto, no mato, em casa…
Fomos em 3 GOS diferentes pelo convênio. O primeiro falou que fazia parto normal, mas que não poderia garantir que estaria no meu parto porque ele tem agenda cheia no consultório e muitos agendamentos de parto, quer dizer cesáreas. Ou seja, seria com algum plantonista do hospital, e quem sabe talvez por acaso quiçá se eu estivesse com sorte no dia e ele estivesse por lá numa cesárea de urgência agendada 7 dias antes, ele poderia fazer meu parto. O segundo, recomendado em um fórum de mães, diziam que ele era um dos poucos que fazia “parto normal pelo convênio”, guardem essa informação. A consulta que pareceu boa teve dois pontos importantes falados na saída com a porta aberta “não faço parto na água”, seguido de “não me venham com plano de parto porque eu acho uma afronta como profissional”. Na terceira profissional, atravessamos a cidade porque uma amiga do Thiago tinha conseguido ter parto normal com ela. Consultas sempre com US incluso pelo plano, parto por fora, com uma chamada “taxa de disponibilidade” de R$ 10.000 que incluiria ela e mais uma obstetriz que fica a maior parte do trabalho de parto, a GO chega no final pra aparar o bebê. Voltamos ao primeiro GO que fica mais perto de casa, decididos que faríamos o pré-natal com ele para justificar o que se paga pro convênio e que mais pro final pensaríamos no parto.
Paralelamente fomos na Casa Angela, uma casa de parto na zona sul de SP fundada por uma parteira alemã, a Angela e financiada pela Associação Monte Azul e nos últimos anos conveniada com a Prefeitura de São Paulo. Depois uma reunião de acolhimento muito calorosa cheia de humanos de todas as cores, idades e situações financeiras pensamos que ali seria o lugar perfeito para recebermos nosso pequeno. O parto e pré-natal pode ser feito pelo SUS se o acompanhamento inicial for feito numa UBS, ou pode ser particular, em torno de R$ 6.500 que pode ser pago de forma muito facilitada. O pré-natal começa na 28ª semana e apenas gestações de baixo risco são aceitas, além da longa lista de exclusões que faz com que poucas mulheres estejam aptas a parir lá:
- cesárea anterior
- gestação gemelar
- doenças maternas como diabetes gestacional, hipertensão (eclâmpsia), sífilis, HIV positivo, alguns tipos de câncer ainda que já curados, cardiopatias, doenças pulmonares, renais, etc
- uso de medicamentos controlados como antidepressivos, moduladores de humor, etc
- bebê pélvico (sentado)
- trabalho de parto prematuro, antes das 37 semanas
- bolsa rota há mais de 16 horas sem entrar em trabalho de parto
- exame de Strepto B positivo
Tudo isso pra garantir os índices baixíssimos de transferências por emergência (tem ambulância 24 horas). Além disso oferecem 5 cursos (obrigatórios pra quem quer parir lá), acompanhamento de pediatra e grupo de puerpério durante 1 ano, aulas de Yoga, acupuntura, tudo isso for free pelo SUS ou naquele custo que citei mais acima. Que fique claro, a estrutura da casa de parto inclui parteiras profissionais (obstetriz ou enfermeira obstetra) e doula, que pode ser a que você contrata, ou as voluntárias que você conhece na hora. Não tem médico, não tem pediatra, não tem anestesista mas tem métodos alternativos de analgesia, tem comidinha caseira que respeita o tipo de dieta que a família tem (vegana, vegetariana, sem glúten, por exemplo), 1 quarto por parturiente que pode parir na banheira, no chuveiro, de pé ou deitada, livre movimentação e alimentação, além das visitas limitadas pra família poder ter sossego, não tem circo, charuto, janelinha pra mostrar o bebê e todo o show bussiness tradicional dos hospitais. A transferências (menos de 2%), caso ocorram por emergência é pro Hospital do Campo Limpo ou M’ Boi Mirim, sem choro nem vela. Se for por pedido da mãe, ela pode escolher um hospital de sua preferência e quando isso ocorre é porque a mãe pediu anestesia. Dificilmente fazem episiotomia e usam fórceps.
Também tem a casa de parto Sapopemba, que fica na zona sudeste de São Paulo. Ela é conveniada do SUS e o pré-natal lá começa na 37ª semana e tem os mesmos critérios exclusivos da Casa Angela. Um ponto importante é que se a gestante não entrar em trabalho de parto até a 41ª semana ela é encaminhada para o hospital para induzir e parir por lá. O hospital escolhido em caso de transferência de emergência é o Vila Alpina. A ideia dessa casa é que a gestante faça um acompanhamento total pelo SUS e chegue bem próximo ao parto. Oferecem também acompanhamento pós-parto que incluem cuidados com o bebê, amamentação, vacinas, exames, etc.
Agora chegamos na parte “parto pelo convênio”, uma falácia que pedi que vocês guardassem. Bom, primeiramente não estou aqui pra julgar os médicos que recebem uma miséria do convênio pela consulta e pelo parto e que necessariamente precisam ficar horas aguardando seu parto, tendo que desmarcar todas as consultas. Supostamente claro. A maioria dos médicos do convênio faz o combo indução/aceleramento + cadeia de intervenções pra agilizar, liberar a sala pra próxima, voltar pro consultório correndo. Já disse, não vou julgar, mas isso tá longe de humanização. E se alguém conseguir um parto humanizado pelo convênio, sem pagar taxa extra, me avise porque eu faço mais um filho só pra ver isso com meus próprios olhos. Ou seja, preto no branco, parto pelo convênio, por via vaginal no hospital particular, respeitando o tempo do bebê e da mãe, sem milhares de intervenções não existe.
Não, nem tudo está perdido. Existe a possibilidade de vocês desembolsar porções de ouro, ou vender um rim e contratar uma equipe completa pra fazer o parto no hospital particular do seu convênio e depois chorar um reembolso se você tiver plano. Em São Paulo, dá pra contar nos dedos os médicos que fazem partos decentes (ou humanizados, se vocês assim preferirem chamar), e claro, além do médico tem a equipe que inclui normalmente um médico assistente, um pediatra, uma ou duas obstetrizes. Essa brincadeira sai minimamente por R$ 15.000.
Mas nem tudo está perdido mesmo. Se você tiver uma gestação de baixo risco pode optar por um parto domiciliar com equipe reduzida com obstetrizes, a estrutura que é montada na sua casa é a mesma da casa de parto, até ambulância pode ser contratada. Valores não tão altos quanto um parto hospitalar com equipe completa, que exigem menos moedas de ouro. E tem a opção mista, parir em casa com médicos e isso em São Paulo, além de bem caro, é bem raro, apenas dois profissionais em São Paulo fazem esse trabalho pois o Conselho Médico ao invés de se ocupar com o casos de violência obstétrica fica no pé desses caras.
Mas que caralhos, existe possibilidade de parir sem ter que vender uma córnea e ter um atendimento decente? Sim, tem as casas de parto que já falei antes e tem o Amparo Maternal, uma maternidade fofa com cara de hospital do interior, que oferece um ótimo curso de cuidados do bebê. O atendimento é feito pelo SUS, equipe supostamente toda humanizada, alojamento coletivo ou duplo, acompanhante dorme sentado nos dois dias que você ficar internada, doulas podem entrar ou você pode ter alguma das que trabalham por lá. São a favor do aleitamento materno livre demanda, da criação com apego, bebês ficam com as mães em seus quartos, se estiverem bem, claro. Esqueça luxo, esqueça a parte de hotelaria, lá você vai pra parir apenas, talvez um pensamento que a gente tivesse que ter independente de onde resolvesse parir.
E o que é esse tal de plano de parto? É um documento em que você escreve tudo que quer ou não quer que seja feito com você e seu bebê, é uma lista de itens relacionados ao parto, sobre os quais você pensou e refletiu. Isto inclui escolher onde você quer ter seu bebê, quem vai estar presente, quais são os procedimentos médicos que você aceita e quais você prefere evitar. Esse documento, na verdade não tem garantia nenhuma de ser cumprido, ou por descaso da equipe ou porque você se encontra em alguma situação de emergência que claramente oferece risco pra alguém. Além disso, se você disser que não quer colírio, aspiração, etc etc, você vai assinar alguns documentos falando que aceita os riscos. Isso, claro, se der tempo, se o hospital for minimamente simpático. Ou seja, não conte com isso.
Mas não tem nenhum hospital particular humanizado e decente? Meus conhecimentos em hospitais não são vastos, mas em São Paulo tem o Hospital São Luiz que tem uma equipe mista, metade quatro queijos, metade catupiry. Você pode chegar lá em trabalho de parto com a sua doula e pegar uma equipe decente que vai te acomodar na delivery room, que tem chuveiro, banheira, bola, etc e vão te tratar com o mínimo de respeito ou pode pegar a equipe tradicional que já falamos extensivamente: ocitocina no talo (sorinho), contrações absurdas, anestesia, desaceleração das contrações, falta de percepção corporal na hora de fazer a força, episiotomia, fórceps ou vácuo, nessa ordem, mas não necessariamente com tudo isso incluso.
E sobre as doulas? Doulas são seres mágicos e míticos que o universo resolveu nos dar, tipo unicórnios. É tipo uma mãe mas sem ter pena na hora da dor, é tipo uma irmã pela parceria, é tipo a Deusa encarnada nessas mulheres maravilhosas. Mas nem todas as Doulas são iguais, existe n tipo de profissionais. A minha é do tipo foda, pelo menos pra mim: agilizada, preto no branco, sem meias palavras, otimista, acolhedora, batalhadora, mãe de dois filhos (cesárea e vbac domiciliar) e disponível, além de acessível. Sou obrigada a ter doula? Olha, depende do que você quer. Se você não liga pra essas coisas de parto, acha uma grande bobagem tudo isso, e vai pra cesárea eletiva de qualquer maneira, não, você não precisa de uma doula. Agora, se você não sabe por onde começar, quer alguém pra correr junto com você e precisa de um apoio moral, precisa de dicas de médicos, hospitais, livros, alguém que segure na sua mão na hora que bater aquele medo filhadaputa e você disser: acho que não dou conta, acredite, ela vai te mostrar de onde tirar forças e a confiar em sim mesma. Empoderamento pra você, pra sua rede de apoio e por incrível que pareça, para seu companheirx que na hora h estará também ao seu lado, graças ao encantamento e treinamento intensivo que a doula faz com os seres humanos.
Agora uma lista mágicas de recomendações que eu deveria cobrar por compartilhar esse mapa do tesouro:
Rodas de conversa, vou citar as maiores e mais conhecidas:
- GAMA: grupo de apoio a maternidade ativa, fica na Vila Madalena, encontro todas as quintas às 20, a programação está numa fan page. É um dos grupos mais militantes pela causa, além dos futuros pais e mães como clientes, eles também tem cursos de formação nesse assunto para os profissionais da saúde. Para as rodas não precisa de inscrição prévia, precisa chegar cedo pra garantir o lugar.
- Casa Moara: é uma clínica de profissionais da área da saúde voltado para o parto humanizado, tem diversos grupos e cursos pagos, além dos encontros gratuitos nas quartas às 20 para casais grávidos. É um pouco elitizado, mas faz uma militância pro-humanização. Fica no Brooklin e dá pra ver a agenda de palestras pelo site.
- Caza da Vila: é uma clínica de profissionais da área de saúde com espaço de discussão, segue o mesmo modelo da Casa Moara. Fica na Vila Mariana e as rodas de discussão, que são abertas e gratuitas ocorrem às 20 horas das terças. A programação é divulgada pela fan page.
- Coletivo Feminista Sexualidade e Saúde: é um clínica voltada pra saúde da mulher, de valores acessíveis e que tem o grupo de parteiras La Mare como impulsionadora dessas rodas de conversa. Não fazem com tanta frequência mas é um local muito acolhedor. A fan page do coletivo é essa aqui.
Filmes:
- O Renascimento do Parto: o primeiro, o básico. Não precisa assistir a nenhum outro, até porque não tem nenhum tão bem produzido quanto ele.
- documentários da Fiocruz sobre violência obstétrica (Parir é Natural, Nascer no Brasil: Parto, da violência obstétrica às boas práticas, Nascer no Brasil: Cesárea, mitos e riscos). Links pra ver no YouTube, segure os brios porque é forte e revoltante.
- documentário da Melania Amorim, uma pesquisadora fodástica sobre o parto no Brasil, o caminho da humanização, link do YouTube aqui.
- Orgamisc Birth: um doc feito ao redor do mundo que fala sobre a parte linda do parto. Sim, tem várias partes lindas. Mas não tem link não, tem que ou comprar o filme ou buscar nas redes e fazer um download maroto.
Casas de Parto:
- Casa Ângela: reuniões de acolhimento todas as quartas às 9:30 (com duração até as 12:00), a fan page funciona melhor que o site.
- Casa de Parto Sampopemba: site sem atualização desde 2012, não tem um canal de comunicação, a dica é caçar infos pela internet. Fica no Tatuapé.
Livros:
- Parto com amor: conta a história de 9 mulheres e seus partos variados, da cesárea ao parto domiciliar. É um bom começo pra saber onde você quer chegar com seu parto.
Principais hospitais de São Paulo:
- Hospital São Luiz: Tem a unidade Santo Amaro e Tatuapé, não conheço, mas ouço diversos relatos de profissionais da área a mães que conseguiram ter um tratamento minimamente humanizado lá. Permite entrada de doulas pré-cadastradas que não sejam formadas na área da saúde. Tem 4 delivery room com bola, banqueta, banheira etc, normalmente sempre tem uma das salas em reforma, segundo relatos. Já ouvi casos de mulheres que quase pariram na recepção, ou seja, ir sem equipe para lá é uma jogada de sorte. Os bebês passam pelo estágio do berçário e só encontram as mães depois de horas, além de ficaram na chocadeira vitrine, claro, se você levar equipe com pediatra nada disso acontece. Permitem um acompanhante além da doula. Normalmente é o hospital escolhido pela trupe humanizada, por terem liberdade de fechar a porta e ninguém da Direção fazer pressão.
- Hospital SEPACO: Mais simples, com convênios mais populares, porém um atendimento muito bom e com uma logística de maternidade incrível para que não haja superlotação. A acomodação dos bebês é junto com as mães desde que nascem (alojamento conjunto), ou seja, eles não fazem o estágio de x horas no berçário lá sendo alimentados com leite artificial pra depois serem liberados para o quarto, a menos que eles tenham alguma condição que inspire cuidados. As acomodação são boas, tem uma ala nova recém reformada. Tem banco de leite e estimulam o aleitamento materno. Chegar em trabalho de parto sem equipe resulta num parto vaginal, não necessariamente sem intervenções. O hospital participa do Programa Parto Adequado (que foca em parto vaginal) e não programa parto humanizado. Até onde me consta não há banheiras. Doulas são aceitas mediante cadastro prévio e não contam como acompanhante, ou seja, além dela entra alguém que fica com você durante todo o parto.
- Hospital Amparo Maternal: Hospital do SUS, foca partos normais de baixo risco, qualquer indicação de parto com patologias e quadros graves associados são direcionados a outros hospitais. Acomodação dupla ou em enfermaria, poltrona pros acompanhantes durante a internação. É SUS, não é um hotel, esqueça hotelaria e lembre que lá dá pra parir com respeito, mas sem garantias de não realizar episio e algumas outras intervenções do tradicional pacote. Ahhh mas eu posso parir lá e levar minha equipe particular? Não, não pode, isso é Brasil, não a casa da mãe Joana. Doulas entram a partir de 2017, conforme uma portaria sancionada pelo Hadad em 2016.
- Hospital Albert Eistein: 81% de cesáreas até 2014, não divulgam números atualizados apesar de participarem do Programa Parto Adequado. Não conheço muitas pessoas que tenham parido por lá, então não posso falar absolutamente nada.
- Hospital Santa Joana e Hospital Pro Matre: vou falar junto porque são os mesmos funcionários, donos e protocolos, a diferença é que o Pro Matre é mais fino em relação aos convênios, a parte de hotelaria é mais ryca caso você queira se sentir como num resort. Taxa de 98% de cesáreas, logo não precisaria falar mais nada, além de que a partir de 2017 doulas indicadas por médicos que sejam cadastrados lá, mesmo que não formadas na área da saúde agora podem acompanhar suas doulandas. Você terá um parto normal se chegar lá com 10 cm de dilatação com a cabeça de seu filho coroando xoxota a fora. Se chegar com menos dilatação, é capaz deles empurrarem a criança pra dentro e fazerem uma cesária. Cada hospital possui 4 salas de parto humanizado, que só são usadas caso você vá com equipe completa e isso significa obstetra, pediatra e obstetriz. Normalmente os GOs que fazem parto humanizado não gostam muito de atender nesses dois hospitais porque rola uma pressão interna, vulgo assédio pra que termine logo e torcidinha pra que algo dê errado. Possuem banco de leite e lactário, apesar dos bebês serem levados obrigatoriamente ao berçário da meia noite às 6 e lá são alimentados com leite artificial ou glicose. Claro, se você levar um pediatra essas coisas não acontecem. Pra você que quer parir diva, minha primeira dica é: não parir. Mas se mesmo assim você insistir tem manicure, pedicure, cabeleireira à disposição no hotel, ops, hospital, pra você ficar lacradora quando abrirem a janelinha e seu filho for apresentado pra platéia:
- Hospital da Luz: há diversos relatos espalhados na internet de violência obstétrica, particularmente não conheço ninguém que tenha parido lá, minha experiência se resume a fazer US de rotina, algo que é bem péssimo tendo em vista os profissionais bizarros que trabalham lá, dá pra ler aqui um relato de violência psicológica que eu mesma passei.
Aqui tem um lista de hospital no Brasil adeptos do Programa Parto Adequado, uma tentativa de diminuir as cesáreas sem indicação.
Talvez você esteja se perguntando onde teremos Caetano, e eu digo, também gostaríamos de saber. Nossa DPP (data provável pro parto) é no começo de Março, portanto temos uma longa caminhada pra saber onde, como, quando. E essa é a coisa mais mágica e assustadora de um parto com respeito, no final das contas ele decide onde e como, a única coisa que podemos fazer é aguardar com resiliência (mais uma vez) o acontecimento dos fatos.
E quando Caetano chegar, colocarei o link para o Relato de Parte — parte 2 — como Caetano quis. ❤