O fim do besteirol romântico.

angelina
2 min readNov 17, 2024

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Para J.

Mais do que em minha pele, suas impressões digitais estão em carne viva em meu âmago. Encontro-me em um processo lento e doloroso de cicatrização. Ainda dói. Sua falta dói em mim. Me embriaguei nas finitas doses de felicidade na qual me foi oferecida por sua gentileza, seu jeitinho brincalhão, a paixão que me foi apresentada por ti durante todo esse tempo e a falsa sensação de que seria pra sempre. As palavras bonitas que nos rodopiavam sempre que estávamos juntos estão atuando em processo de decomposição. Se desmancham lentamente na falta que a sua falta faz.

Já não há mais as tais borboletas no estômago, nem palavras singelas e dançantes pairando pelo ar ou escritas em um papel metódico e sem vida. A vasta e profunda escuridão de uma solidão culposa me espera pacientemente após um longo tempo, em algum canto. Me observa de soslaio. Se disfarça, e me cerca por onde quer que eu vá, aguardando o momento oportuno para se fazer presente em mais uma noite qualquer. Sua presença é quase tangível, como uma velha amiga que acostumou-se a estar por perto. Não a culpo, de forma alguma, por achegar-se sorrateiramente outra vez. Sua chegada, por vezes, me envolve com certo alívio.

— é a única que permanece apesar de tudo.

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Written by angelina

de repente as coisas não precisam mais fazer sentido. Satisfaço-me em ser.

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