UBER E O ETERNO ATRASO BRASILEIRO

Ricardo odeiomundo
3 min readJan 11, 2018

--

Poucas pessoas, ou quase nenhuma se dá conta do país em que vivemos.

Poucas pessoas percebem ou pensam sobre esse lugar em que levamos nossa vidinha comum, de trabalho, contas a pagar, boletos e escassos períodos de bonança.

Essas pessoas por muitas vezes tendem a fugir da discussão política com aquele velho chavão; “política, religião e futebol não se discutem”. Uma pena, precisamos falar mais sobre isso. Talvez falar mais ainda não seja o suficiente, precisamos falar muito!

A política influencia diretamente na nossa vida, desde o momento em que acordamos até quando vamos dormir. Ela está presente no valor do celular que toca com o despertador, nos impostos que incidem sobre o café, leite e o pão do café da manhã, do valor do ovo no almoço, da tarifa do ônibus pra voltar pra casa, no preço pago pelo serviço de TV a cabo, etc. Abrir mão de falar nesse assunto é entregar, terceirizar nossa responsabilidade de cuidar de nossa própria vida.

Deixamos para que o Estado resolva como vamos nos comportar, como vamos nos defender, como vamos comer, e agora, até como vamos nos deslocar.

Desde o advento dos aplicativos de transporte particular como o Uber, iniciou-se uma grande discussão sobre o tema. Questionando se era válido, se era bom, se podia ser feito por qualquer um, se valia a pena investir num veículo novo para isso etc. Acontece que nessa discussão toda, o mais importante dessa história toda foi deixado a margem, esse personagem, o “indivíduo” foi esquecido. Ele o agente mais importante de tudo, é o que menos é consultado ou ouvido.

Ouve-se os sindicatos, ouve-se os taxistas, ouve-se os especialistas da “grande mídia”, ouve-se palpiteiros de todos os tipos, mas nunca perguntam pro usuário comum o que ele acha. Pode ser descuido, pode ser uma falha, mas como brasileiro que sou, e desconfiado por natureza, creio que o “esquecimento” é feito de forma intencional. Pra que perguntar se o novo esquema de transportes é bom se sabemos que a resposta será sim, e que dessa forma teremos que facilitar a vida dos taxistas? Baixar suas taxas e impostos que se cobram desses profissionais? Melhor mesmo é dificultar a vida dos motoristas dos aplicativos pra que eles sofram como os táxis e que se danem os usuários.

Pouco importa se 100% das pessoas os aprovam, o importante é não mudar nada, ou mudar muito pra que tudo fique igual.

É dessa forma que surge a mirabolante ideia da prefeitura de São Paulo, que na gestão do prefeito “moderno e trabalhador” João Dória, de se regularizar os aplicativos. As novas regras foram discutidas pelo Comitê Municipal do Uso do Viário (CMUV) em julho e passam a vigorar em Janeiro de 2018.

Creio ser desnecessário perguntar quem ganha e quem perde com isso. Me impressiona o silêncio da maioria esmagadora que perde frente a comemoração pusilânime dos que ganham com isso.

Até quando vamos esperar tudo ser gerido pelo estado, escolhendo como e onde podemos ir, de que forma, de que jeito, com que conforto ou celeridade. Até quando iremos terceirizar nossas responsabilidades? Esperando que os outros façam tudo por nós?

Recomendo (mesmo sem ainda ter lido, mas o farei em breve) o livro de Bruno Garschagen “Pare de acreditar no governo: Por que os brasileiros não confiam nos políticos e amam o estado”.

--

--